Adriana Weber, 53 anos, é consultora de pesquisas genealógicas para o Family Search e pesquisa no APERS desde 1997. Confira nossa entrevista com Adriana e conheça um pouco mais sobre pesquisas em fontes primárias:

Blog do APERS: Adriana, como você começou a realizar pesquisas genealógicas?

Adriana: Comecei a pesquisar em 1997, para saber a genealogia de minha família. Primeiro pesquisei nos microfilmes disponibilizados pelos Centros de História da Família da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e depois vim ao APERS. A pesquisa estava tendo êxito, então uma amiga que tinha interesses em saber a ascendência de sua família perguntou se eu faria a pesquisa, pois ela tinha pouco tempo. Então, tornei-me pesquisadora pelo “marketing boca a boca” e já tive mais de trinta clientes! As pesquisas podem ser usadas para processos de habilitação para cidadania estrangeira ou para montar árvores genealógicas, histórias de famílias, ou, ainda, de terras.

Blog do APERS: Você poderia comentar um pouco sobre o trabalho que vens desenvolvendo?

Adriana: Uma pesquisa completa até os ascendentes que chegaram ao Brasil leva, em média, dois anos, assim estou sempre desenvolvendo várias pesquisas. Se quiser buscar os descendentes de uma família, provavelmente não terminará nunca… Atualmente me concentro mais em pesquisas a partir de solicitações para projetos do Family Search. Estamos com vários projetos para disponibilizar no sítio alguns estudos em vídeo. Nesses vídeos será mostrada a linha do tempo de uma pessoa, desde o seu nascimento até o óbito, com fotos e documentos digitalizados, quando possível.

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para sua atuação enquanto pesquisadora?

Adriana: O acervo do APERS é fundamental. Em uma pesquisa começamos pelas informações básicas, oriundas dos registros vitais, como chamamos o registro civil, composto por certidão de nascimento, casamento e óbito. Quando precisamos de mais informações passamos a pesquisar em habilitações para casamento, testamentos, inventários e livros de notas. Mas claro, às vezes há exceções e utilizamos fontes indiretas, como uma vez que encontrei o nome de um integrante de uma família relacionado em um processo de pensão alimentícia. Em outra pesquisa, que teve uma equipe de quinze pessoas e levou mais de dois anos, sobre a genealogia de umas terras compradas por uma empresa estrangeira, utilizei os livros de notas e os contratos de compra e venda. Sobre genealogia de terras há casos bem interessantes, como o de uma fazenda que permaneceu na mesma família desde a doação das sesmarias e tudo estava documentado nos inventários e nas cartas de sesmarias. Todos os documentos aqui do acervo são importantes e podem ser usados para pesquisas genealógicas. Ainda relacionado ao APERS, falando da sala de pesquisa, o relacionamento com outros pesquisadores é bastante amistoso, pois vários são pesquisadores frequentes. Então, acabamos compartilhando experiências, dados sobre as pesquisas e desenvolvendo grandes amizades.

Blog do APERS: Qual a sua dica para os pesquisadores que estão começando a realizar pesquisas genealógicas e a trabalhar com fontes primárias?

Adriana: Para os pesquisadores que estão começando, o ideal é partir dos dados que se tem em casa, dos documentos dos familiares e da história oral. Montar a árvore genealógica com estes dados primeiro e depois começar a pesquisar. É uma pesquisa de “formiguinha”, saber quantos irmãos tem, quem eram os mais velhos, os mais novos… Um ponto positivo é que no Brasil, nas certidões de nascimento constam os nomes dos pais e dos avós, pois em muitos países latinos constam somente os nomes dos pais. A pesquisa pode ser complementada nos arquivos da Igreja Católica ou Luterana. Além disso, tem o Family Search, ligado a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que digitaliza alguns registros e disponibiliza no sítio www.familysearch.org, gratuitamente. Sobre esta ação, tem um projeto interessante no qual a comunidade pode participar! Consiste em indexar alguns registros, para isto basta se inscrever e após receber o seu lote de documentos (em média de três a cinco registros) ler na imagem os dados e cadastrá-los, em média o tempo para cadastrar um lote é de 20 minutos. Entre os documentos a serem indexados há parte do registro civil de Porto Alegre anterior a 1929.

Blog do APERS: Nas suas horas vagas, quando não está pesquisando, quais são os seus hobbies ou suas atividades preferidas de lazer?

Adriana: Gosto de cozinhar receitas de família e experimentar novas receitas, fazer tricô e crochê. As atividades físicas não passam das mãos e dos olhos!!! Talvez seja por isso que quando comecei a pesquisar me apaixonei! Comecei vindo uma vez por semana, como hobbie, tirava um dia para descansar, então vinha ao APERS pesquisar sobre minha família. Teve uma época que cheguei a vir de segunda a sexta-feira, quando estava fazendo o Projeto das Terras, é fácil se apaixonar, se tornar “viciadinho em pesquisa”. Às vezes o silêncio da sala de pesquisa é quebrado por um “achei” e todos vêm compartilhar da alegria! Os nomes que pesquisamos viram histórias, é possível descobrir a personalidade de alguém através de um documento, criar vínculos afetivos com alguém que viveu em outro tempo, passam a nos emocionar e contamos suas histórias como se os conhecêssemos. Teve uma vez que descobri que um antepassado meu e o antepassado de um amigo meu foram amigos, foi muito emocionante!