Sábado de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – mês de Junho

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2014.06.04 Sala de pesquisaInformamos que no mês de junho a Sala de Pesquisa não abrirá no sábado, devido aos jogos da Copa do Mundo de 2014. A partir de Julho, a sala de pesquisa voltará a abrir um sábado por mês e os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

Horário de Expediente do APERS nos dias de jogos da Copa do Mundo de 2014

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Comunicamos que, conforme o Decreto n° 51.519, de 27 de maio de 2014, publicado no D.O.E. de 28 de maio de 2014, o APERS terá o seguinte horário de expediente nos dias de jogos da Seleção Brasileira de Futebol, durante a Copa do Mundo de 2014, bem como nos jogos a serem realizados em Porto Alegre:

  • Dia 12 de junho – das 8hs às 15hs, ininterruptamente;
  • Dia 17 de junho – das 8hs às 14hs, ininterruptamente;
  • Dia 18 de junho – das 8hs às 11hs;
  • Dia 23 de junho – das 8hs às 15hs, ininterruptamente;
  • Dia 25 de junho – das 8hs às 11hs;
  • Dia 30 de junho – das 8hs às 15hs, ininterruptamente.

Conforme a Seleção Brasileira de Futebol for avançando para as demais fases da competição, o horário de expediente do APERS será das oito horas às quinze horas, ininterruptamente, nos dias:

I – 4 de julho, sexta-feira – possível jogo da Seleção Brasileira de Futebol pelas quartas de final da Copa do Mundo de 2014; e

II – 8 de julho, terça-feira ou 9 de julho, quarta-feira – possível jogo da Seleção Brasileira de Futebol pela semifinal da copa do Mundo de 2014.

Para visualizar o decreto clique aqui.

Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – mês de Maio

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Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre um sábado por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.2014.05.07 Sala de pesquisa

No mês de maio a Sala de Pesquisa abrirá no sábado 24.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – mês de abril

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   Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre um sábado por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.2014.04.02 Sala de pesquisa

  No mês de abril a Sala de Pesquisa abrirá no sábado 26.

   Em março foram atendidos 03 pesquisadores.

  Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – mês de Março

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Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre um sábado por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.APERS Regra 1

No mês de Março a Sala de Pesquisa abrirá no sábado 22.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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Sala de Pesquisa – Calendário 2014

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Para melhor atender nossos pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abrirá um sábado por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

Em 2013 a Sala de Pesquisa abriu 19 sábados, atendendo 48 pesquisadores. Sendo que no mês de dezembro foram 03 pesquisadores atendidos.

Devido à frequência de uso, aos sábados, em 2013, a Direção do APERS optou por abrir a Sala de Pesquisa um sábado por mês em 2014.

Confira os sábados em que a Sala de Pesquisa abrirá em 2014:

Março: 22

Abril: 26

Maio: 24

Junho: 28

Julho: 19

Agosto: 23

Setembro: 27

Outubro: 18

Novembro: 22

Dezembro: 20

Nos meses de janeiro e fevereiro a Sala de Pesquisa não abrirá em decorrência da pouca demanda.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda através do Balcão Virtual.

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Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – Dezembro

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Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre dois sábados por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

No mês de dezembro a Sala de Pesquisa abrirá nos sábados 07 e 14.

Em novembro foram atendidos 07 pesquisadores.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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Atualize seu cadastro de pesquisador no APERS

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2013.11.06 Cadastro - Termo de responsabilidade APERS

   O APERS está atualizando seu cadastro de pesquisadores, com o objetivo de manter um contato mais próximo e sempre presente com os seus usuários. Nesse sentido, os atendentes da sala de pesquisa estão efetuando o cadastramento ou a atualização dos dados do cadastro já existente de pesquisadores.

  Além disso, junto a este procedimento será solicitado aos usuários o preenchimento, seguido da respectiva assinatura, do Termo de Responsabilidade pelo Uso e Divulgação de Informações Pessoais, em que os pesquisadores se responsabilizam pelo uso e divulgação adequados a respeito das informações contidas nos documentos custodiados pelo APERS.

Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – Novembro

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  Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre dois sábados por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

   No mês de novembro a Sala de Pesquisa abrirá nos sábados 23 e 30.

   Em outubro foram atendidos 04 pesquisadores.

 Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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Atendimento aos usuários do APERS: a necessidade informacional do usuário

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2013.10.09 DIDOC Atendimento aos usuários do APERS

   Para demonstrar as necessidades informacionais e os tipos de usuários que temos no APERS utilizaremos como base os quatro tipos fundamentais de público dos Arquivos, definido por BELLOTTO (2006), renomada estudiosa da arquivística. Nesse sentido, efetuarmos uma comparação em relação aos tipos de usuários do APERS e os entrelaçaremos a suas necessidades informacionais. Portanto, segundo a autora, os referidos tipos fundamentais de usuários dos arquivos públicos são os seguintes:

1) O Administrador:

Segundo a autora (p. 28-29), é “aquele que produz o documento e dele necessita para sua própria informação, na complementação do processo decisório”. Desta forma, uma vez que a organização da informação constante nos arquivos é estruturada de acordo com as atividades que os produziram, o APERS custodia documentos relacionados às diversas Secretarias e Órgãos que compõem, e que compuseram, a estrutura governamental do Estado. Portanto, é comum que tais Secretarias e Órgãos, no desenvolvimento de suas atividades, necessitem de documentos já recolhidos para fins probatórios, como é o caso, por exemplo, da Secretaria da Agricultura, que quando precisa das fichas funcionais dos ex-funcionários da extinta Companhia Riograndense de Laticínios e Correlatos (Corlac), ou, também, a Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), ao buscar documentos relacionados aos registros de terras públicas. Ainda, é possível utilizarmos como exemplo, no Poder Judiciário, as Procuradorias (federais, regionais e municipais), que solicitam documentos para a comprovação de direitos, como processos judiciais de medições de terras, processo-crime, testamentos, etc. Enfim, as informações que o APERS subsidiam a administração do Estado, em relação aos valores funcionais, administrativos e jurídicos dos documentos.

2) O Cidadão (comprovação de direitos):

Segundo a autora (p. 28-29), esse tipo de público trata-se do “cidadão interessado em testemunhos que possam comprovar seus direitos e o cumprimento de seus deveres para com o Estado”. Assim, o APERS fornece, por exemplo, diariamente, em média 60 cópias autenticadas de certidões de nascimento, de casamento e de óbito (a maioria compreendida entre o período de 1929 e 1975) para que os cidadãos possam exercer seus direitos, como, por exemplo, confeccionar a segunda via da carteira de identidade, por intermédio do órgãos específicos, como o Instituto de Identificação e o Tudo-Fácil. As cópias de certidões fornecidas pelo APERS não são cobradas, o que favorece o exercício da cidadania, pois a carteira de identidade é fundamental para a dinâmica de nossos direitos e deveres em relação à sociedade em que vivemos.

Além disso, podemos utilizar como exemplo, também, os processos de habilitação para casamento, os quais são solicitados (consulta e cópias autenticadas) diariamente ao APERS para aquisição de dupla cidadania. Ocorre que tais processos, referentes ao período de 1890 a 1985, são um conjunto de documentos apresentados pelos noivos ao cartório de Registro civil para que estes fossem autorizados a contrair matrimônio, portanto, os processos de habilitação mais antigos apresentam declarações testemunhais manuscritas (caso não conste a certidão de nascimento) que descrevem a origem dos noivos e, por isso, estes testemunhos apresentam, além do valor probatório para aquisição de dupla cidadania, um grande valor para a pesquisa histórica e fonte de pesquisa riquíssima para o estudo da genealogia (esta relacionada ao próximo tipo de usuário: o pesquisador).

3) O Pesquisador

Este tipo de usuário, conforme a autora (p. 28-29), configura-se no “historiador, sociólogo, ou acadêmico, em busca de informações para trabalhos de análise de comportamento e eventos passados, podendo ser incluído nessa categoria o estudioso em geral”. Nessa perspectiva, frequentam a sala de pesquisa do APERS um grande número de pesquisadores interessados em estudos genealógicos. Mas, a necessidade informacional desse tipo de pesquisador não se restringe à genealogia, pois, também, são temas constantes de pesquisa no APERS questões como, por exemplo: estudo de gênero (sobre a atuação feminina na história, por exemplo), escravidão (utilizando, entre outras fontes, escrituras públicas registradas em livros notarias dos tabelionatos de todo o Rio Grande do Sul), violência (por intermédio da análise dos processos-crime produzidos no decurso da atividade do Poder Judiciário Estadual), ditadura militar no RS (por intermédio dos processos de indenização dos ex-presos políticos, provenientes do Poder Executivo), etc.

4) O Cidadão-comum

Se, por um lado o documento por seu valor primário, ou seja, quando atende especificamente à razão pela qual foi criado, tem uso funcional, administrativo e jurídico; por outro, o documento de valor secundário, ou permanente, interessa às outras entidades do governo e ao público em geral, tendo fins culturais e de pesquisa histórica.

Nesse sentido, conforme a autora (p. 28-29), esse tipo de público trata-se de “não mais o interessado em dados juridicamente válidos, mas o cidadão não graduado, o aposentado, a dona de casa etc. à procura de cultura geral, de entretenimento, campos em que pode haver lugar para o conhecimento da história”. Assim, o APERS atende diversos cidadãos que pesquisam fatos históricos, curiosidades sobre bairros, informações sobre sua família, etc.

  Enfim, nesse primeiro post, procuramos apresentar algumas das necessidades informacionais que motivam os usuários do APERS a solicitarem o acesso à informação contida nos documentos aqui custodiados. Nesse primeiro momento, é possível percebermos a importância do acesso à informação arquivística, um direito de todos. No próximo post, denominado sobre a “recepção da Informação”, apresentaremos como ocorre o primeiro contato entre os usuários e o APERS, via atendimento por telefone, por e-mail ou presencialmente.

   Portanto… Até breve!

   Clique aqui para ler outras notícias relacionadas.

Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa – Outubro

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Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre dois sábados por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

No mês de outubro a Sala de Pesquisa abrirá nos sábados 19 e 26.

Em setembro foram atendidos 06 pesquisadores.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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Atendimento aos usuários do APERS: vamos descobrir como acontece?!

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  Aqui no APERS a Divisão de Documentação (DIDOC), chefiada pela arquivista Elizabeth Terezinha Martins de Lima, é responsável pelas atividades que envolvem o atendimento aos usuários, e ao longo deste mês descreveremos como se dá este atendimento. Esta iniciativa é parte de uma série de ações que estão sendo implantadas na DIDOC, aspirando qualificar e melhor demonstrar as atividades da Divisão a sociedade, uma vez que alguns usuários apontaram tais necessidades.

  Entre estas ações está a participação de alguns servidores no curso a distância sobre “Atendimento ao Cidadão” oferecido pela Escola Nacional de Administração Pública (para saber mais clique aqui). Participaram do curso 08 servidores, os quais são multiplicadores dos conhecimentos adquiridos aos demais colegas.

  Outro ponto que pretendemos melhor especificar e publicizar são os dados referentes aos atendimentos realizados. Assim, em 2014, pretendemos disponibilizar relatórios mais consistentes no “APERS em Números”, veiculado toda a primeira quarta-feira de cada mês aqui no blog.

  Para começar, ainda este ano, elaboramos uma série explicativa acerca das atividades da DIDOC, considerando que elas implicam no trâmite que envolve desde a solicitação da informação desejada até o acesso pelo usuário.

  Nesse sentido, decidimos descrever tal percurso em uma série de artigos que abordarão: as necessidades informacionais de nossos usuários, a recepção da informação, localização dos documentos e a busca e o rearquivamento dos documentos pela DIDOC. Segue abaixo um esquema do processo que resulta no acesso à informação:

2013.10.02 atendimento usuario

Fluxo do processo de atendimento ao usuário (clique na imagem para melhor visualização).

  A DIDOC trabalha sempre procurando proporcionar o acesso a informação da forma mais rápida, eficiente e eficaz possível, e nas próximas semanas demonstraremos como isto acontece!

APERS entrevista: Thiago Leitão de Araújo

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2013.09.25 APERS entrevista - Thiago Leitao de Araujo

Thiago Leitão de Araújo, 35 anos, graduado em História pela UFRGS, onde desenvolveu sua dissertação de mestrado (2008). Desde 2010 desenvolve sua tese de doutorado no Centro de Pesquisa em História Social da Cultura (Cecult/Unicamp), sob orientação do professor Robert Slenes. Utiliza as fontes primárias do APERS desde 2004, confira nossa entrevista com Thiago:

Blog do APERS: Thiago, você poderia comentar um pouco sobre como teve teu interesse despertado para a temática da história social da escravidão?

Thiago: Dois temas ou questões históricas na minha visão sempre serão fundamentais, imprescindíveis para se conhecer e deslindar a história do que hoje chamamos Brasil, tanto no passado quanto no continuum presente futuro: a história indígena e a história dos africanos e seus descendentes; estes últimos trazidos forçosamente para o lado de cá do atlântico como trabalhadores escravizados, mas que construíram significativamente a sociedade brasileira, tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista sócio-cultural. O interesse pela temática, portanto, já existia, e veio a se consolidar no primeiro semestre de 2003 quando a professora Regina Xavier ofereceu uma disciplina sobre escravidão no Rio Grande do Sul, que se estendeu por alguns semestres (tais disciplinas à época foram cursadas por muitos dos atuais doutores e mestres em história da escravidão no Rio Grande do Sul). Neste sentido, sempre costumo dizer que se a disciplina oferecida fosse sobre história indígena certamente eu teria desenvolvido meus estudos nessa temática (que na verdade faz parte de minhas áreas de interesse, hoje já um tanto expandidas). Ademais, vale lembrar que em 2003 ocorrera a primeira edição do Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, em Castro, no Paraná. Realizado bi-anualmente, tornou-se aos poucos referência para os estudos e debates sobre a escravidão no Brasil, e hoje muitos dos mais renomados pesquisadores da área consideram os Encontros como um dos mais importantes fóruns de discussão sobre o período escravista e o pós-abolição. Das seis edições pude participar de cinco, desde o realizado em Porto Alegre em 2005. Minha trajetória enquanto pesquisador, portanto, também está ligada a tais Encontros, nos quais a professora Regina Xavier teve um papel fundamental ao trazê-los para Porto Alegre, e principalmente ao criar um campo de estudos sobre escravidão até então praticamente inexistente (Para mais informações sobre os Encontros, clique aqui.). Em relação à história social, minhas pesquisas se inspiram fortemente nos estudos que, a partir da década de 1980, passaram a rever os pressupostos que pautavam as relações escravistas no Brasil. Longe de negar o caráter coercitivo das relações de escravidão, os historiadores dessa geração passaram a analisar o cotidiano dos escravos em seus embates e negociações com os senhores, a fim de decifrar os significados que eles podiam conferir às suas experiências de cativeiro e liberdade. Tais estudos passaram a rediscutir os significados dos castigos físicos na política de domínio senhorial, a participação dos escravos nas transações de compra e venda e a importância de suas lutas em torno da alforria, o papel da identidade étnica, por exemplo, no levante dos escravos malês e sua complexa relação com a identidade religiosa e de classe, a importância tanto da família e linhagens escravas na conformação dos conflitos entre senhores e escravos quanto a da herança africana para a interpretação que os escravos faziam de sua experiência, entre tantas outras e variadas temáticas (refiro-me aos estudos de João José Reis, Sidney Chalhoub, Silvia Lara e Robert Slenes). Enfatizaram, enfim, a capacidade dos escravos de agir a partir de lógicas próprias, dentro, é claro, dos limites e condicionamentos que pautavam suas relações com os senhores. A década de 1980, portanto, marca um momento de inflexão nos estudos sobre a escravidão no Brasil, pois além de outros pressupostos os historiadores mergulharam a fundo nos arquivos em busca de documentos que pudessem revelar aspectos das relações escravistas até então pouco estudados, ou mesmo negligenciados, anteriormente.

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para tua atuação enquanto pesquisador?

Thiago: A pesquisa em arquivos, em fontes primárias, é parte fundamental nessa renovação dos estudos sobre a escravidão no Brasil que acabei de mencionar. No início da década de 1980, Robert Slenes chamava a atenção dos pesquisadores para tudo aquilo que Rui Barbosa não havia mandado queimar (e o que mandou incinerar tinha a ver com a “queima” das possibilidades dos ex-senhores virem a pedir ressarcimento pela perda de suas propriedades depois da abolição em 1888). Naquela época os historiadores ainda não haviam explorado os inventários, as listas de matrícula constantes nos mesmos a partir de 1872, os documentos cartorários (cartas de liberdade, de compra e venda de escravos, contratos de locação de serviços etc.), os processos-crime, testamentos e uma gama bem mais ampla de fontes. A questão, no entanto, não era meramente do uso de fontes até então não utilizadas, mas também de método. A partir do cruzamento entre documentos diversos por meio do método de ligação nominativa, ou seja, de um nome de determinado senhor, seria possível reconstituir variados aspectos da organização produtiva de determinada propriedade, a demografia dos trabalhadores escravizados, suas relações familiares, as tecidas com seus senhores etc. Na pesquisa que resultou na dissertação Escravidão, fronteira e liberdade vali-me densamente da documentação conservada no APERS, onde estão os fundos mais importantes a permitirem tanto uma análise serial quanto uma análise qualitativa da documentação, possibilitando ao mesmo tempo a utilização do método de ligação nominativa referido acima. Utilizando o método de análise serial quantifiquei massivamente os inventários post-mortem, as compras e vendas de escravos e as cartas de alforria para a vila da Cruz Alta Oitocentista. Ao mesmo tempo utilizei essa documentação de forma qualitativa juntamente com os processos-crime e os testamentos, e quando foi possível cruzei estas variadas fontes a fim de acessar de forma mais densa as relações sociais de escravidão em determinadas unidades produtivas. Isto é, a documentação sediada no APERS foi e continua sendo essencial não só para minhas pesquisas como para a renovação dos estudos sobre a escravidão no Estado. A esse respeito é necessário enfatizar a enorme contribuição do Arquivo Público ao trabalho dos historiadores a partir dos projetos Documentos da Escravidão, em que foram produzidos instrumentos de pesquisa, na forma de verbetes, sobre as cartas de liberdade do interior do Estado (2006). No ano de 2010 foram publicados, também em forma de verbetes, os inventários, testamentos e processos-crime que arrolavam escravos entre os bens senhoriais ou traziam os cativos como réus ou vítimas no caso dos processos criminais. Atualmente o APERS vem desenvolvendo o projeto de digitalização das quase 30.000 cartas de liberdade registradas em cartório, desde o século XVIII até o fim do período escravista. Estas iniciativas são importantíssimas para um melhor acesso e mesmo um conhecimento mais amplo da documentação existente no Arquivo Público. Embora na época em que realizei a pesquisa para Escravidão, fronteira e liberdade estes materiais ainda não estivessem disponíveis, atualmente os tenho utilizado como um meio de busca que, ao contrário, demandaria muitos meses de pesquisa para a localização de determinada documentação.

Blog do APERS: Pesquisar em fontes primárias requer certos cuidados, qual a tua dica para os pesquisadores que estão começando agora a lidar com estas fontes?

Thiago: Neste ponto as dicas já foram dadas por grandes historiadores. De acordo com Marc Bloch, toda investigação histórica supõe desde os seus primeiros passos que a pesquisa tenha um fio condutor, uma direção; muito embora o pesquisador saiba que o itinerário previamente estabelecido no começo não será seguido ponto a ponto. No entanto, não ter um ponto de partida implicaria o risco de errar eternamente ao acaso. Ou seja, não devemos imaginar que indo ao arquivo e pesquisando centenas de documentos as questões irão de repente aparecer. Por isso desenvolvemos hipóteses de trabalho, que nos servem de guia à pesquisa, mesmo que durante o percurso elas geralmente se transformem (e é bom que isso aconteça). No entanto, o mais importante são as maneiras como interrogamos as fontes, as perguntas que a elas fazemos são fundamentais. Segundo o historiador Edward Thompson, o discurso disciplinado da prova consiste num diálogo constante entre conceito e evidência, um diálogo conduzido por hipóteses sucessivas, de um lado, e a pesquisa empírica, de outro. Se as evidências não estão de acordo com o conceito que determinado pesquisador utiliza, então não podemos sacrificar a história para manter a teoria em pé. Isso é uma questão básica para os bons historiadores. Quanto à documentação relativa ao período escravista que está conservada no APERS e os importantes instrumentos de pesquisa produzidos pela instituição, minha dica seria no sentido de sempre pesquisar as fontes originais, sempre. Os instrumentos de pesquisa não passam disto, instrumentos de localização e de mapeamento mais amplo da documentação. Cito um exemplo. Os instrumentos de pesquisa com seus pequenos verbetes sobre os processos-crime são de uma riqueza ímpar nesse sentido que falei: como um meio de busca. No entanto, listam apenas os escravos que constam nos autos como vítimas ou réus. Há poucos dias, por exemplo, fazia a triagem de processos-crime em suas respectivas caixas, independente de terem ou não escravos como partes principais dos autos. Deparei-me com um processo em que um menino havia sido assassinado num dia de domingo, na vila de Bagé. Embora nenhum escravo tivesse sido indiciado no caso, três ou quatro cativos serviram de testemunhas no processo. Em grande parte das regiões escravistas nas Américas era costume permitir que os escravos trabalhassem para si um dia da semana (ou realizassem outras atividades), geralmente no domingo. Esses depoimentos dos escravos são interessantíssimos, pois permitem acessar o seu cotidiano em tal contexto. Sendo inquiridos onde estavam naquele dia, no horário em que o crime ocorreu, seus movimentos e as pessoas que podiam confirmar tal versão, podemos descobrir se trabalharam para si ou para seus senhores, quais os percursos que realizaram, se comercializaram seus produtos nas vendas locais ou não, o horário em que costumavam acordar, almoçar, repousar e se recolher, por exemplo. Por isso minha dica seria no sentido de sempre pesquisar os documentos originais, por um lado, e vasculhar, no caso dos processos-crime, outros autos que possam revelar aspectos importantes do cotidiano escravista em plagas sulinas. Evidentemente, no caso da digitalização das cartas de liberdade o caso é diferente, já que se trata da conservação da documentação e da disponibilização a um público mais amplo, e no momento em que tal trabalho estiver concluído não haverá mais necessidade de utilizar-se dos originais.

Blog do APERS: Atualmente temos em vigor no Brasil leis como a 10.639/03, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio, e a 12.288/10, que institui o Estatuto da Igualdade Racial. Como tu percebes a relevância de pesquisas como a tua para a efetivação de tais leis?

Thiago: A resposta não é simples, por isso começo com um primeiro exemplo. Muito embora os pesquisadores da década de 1960 tenham desconstruído em seus trabalhos o mito da democracia racial no Brasil, esta é ainda uma ideia que perpassa o senso comum de boa parte da sociedade brasileira e as instituições de ensino, e que até mesmo tem tido repercussões na forma como a Lei 10.639/03 tem sido por vezes percebida. Em abril deste ano, numa mesa-redonda em que se fazia o balanço e as perspectivas dos dez anos da lei, a professora Petronilha Gonçalves colocou a seguinte questão: se no fundo os encaminhamentos dados a partir da aprovação da lei estavam desconstruindo o mito da democracia racial ou se estavam lhe dando apenas novas tonalidades? (mesa também composta pela professora Nilma Lino Gomes; para visualizar o vídeo com o debate, clique aqui). A questão colocada nos obriga a refletir. No meu ponto de vista, acredito que nossos trabalhos têm sim uma relevância social. E porque não, podem até vir a ter para a efetivação das leis referidas na pergunta. Mas isso não é algo óbvio, nem ao menos provável, embora possível. Vamos então para um segundo exemplo. Até a bem poucos anos a ideia que se tinha da escravidão no Rio Grande do Sul é que ela só teria tido uma relevância nas áreas de colonização antigas, principalmente nas charqueadas e na escravidão urbana das principais cidades. Nas outras regiões o trabalho dos escravizados teria tido um papel secundário e não estruturante das relações de trabalho, principalmente no que diz respeito à pecuária. Estudos de história agrária na província, como os de Paulo Zarth, Helen Osório e Luís Farinatti, desconstruíram tal visão, mostrando a grande participação de cativos nos trabalhos pecuários, muito embora a ênfase de ambos os estudos não fosse centrado nas relações escravistas. Escravidão, fronteira e liberdade em certo sentido foi um estudo pioneiro na análise das relações escravistas na pecuária sob a perspectiva dos estudos sobre escravidão a partir da análise dos conflitos e negociações entre senhores e escravos (juntamente com o estudo de Luana Teixeira). Análise demográfica e econômica da vila da Cruz Alta, a perda ou não de cativos para o tráfico interno, negociações e conflitos entre senhores e escravos no interior das estâncias, a economia interna dos escravos e a luta em torno da liberdade foram temas abordados numa perspectiva crítica com os trabalhos clássicos sobre o tema que minimizavam a importância de tais trabalhadores na pecuária sulina. Juntamente com os autores acima citados, hoje em dia temos uma visão muito mais complexa da escravidão em tal contexto. Mas essa visão foi enriquecida no meio acadêmico, pois no senso comum ainda se ignora a participação fundamental dos escravos nas lides pecuárias, sendo que sua importância foi bastante significativa em todas as atividades produtivas da província de São Pedro, pelo menos desde o final do século XVIII até pelo menos 1884. Enfim, para concluir. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (2004) se lê: “para que as instituições de ensino desempenhem a contento o papel de educar, é necessário que se constituam em espaço democrático de produção e divulgação de conhecimentos e de posturas que visam a uma sociedade mais justa” (p.14-15). Neste sentido se fazem necessárias mudanças radicais na divulgação do conhecimento que vem sendo há muito produzido, visando à formação de professores e a incorporação crítica deste conhecimento no ensino básico (e sua socialização com um público mais amplo), a fim de que a história dos africanos e seus descendentes ganhem espaço nos currículos escolares, e aos poucos criem condições para mudanças efetivas nas relações étnico-raciais no Brasil. Esse processo, evidentemente, cabe a todos e a cada um.

Blog do APERS: Nas tuas horas vagas quais são tuas atividades preferidas de lazer?

Thiago: Coisas comuns, amigos por perto, um bom papo, uma boa música, ou um bom livro para ler.

Para acessar a dissertação “Escravidão, fronteira e liberdade: políticas de domínio, trabalho e luta em um contexto produtivo agropecuário (Vila da Cruz Alta, Província do Rio Grande de São Pedro, 1834-1884)” de autoria de Thiago, clique aqui.

Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – Setembro

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Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre dois sábados por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

No mês de setembro a Sala de Pesquisa abrirá nos sábados 14 e 28.

Em agosto foram atendidos 6 pesquisadores.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – Agosto

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Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre dois sábados por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

No mês de agosto a Sala de Pesquisa abrirá nos sábados 24 e 31.

Em julho foram atendidos 05 pesquisadores.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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APERS Entrevista: Lucas Maximiliano Monteiro

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2013.07.31 APERS entrevista - Lucas Monteiro

Lucas Maximiliano Monteiro, 30 anos, é professor de História, graduado e mestre pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre Brasil Colonial e já participou de quatro edições da Mostra de Pesquisa do APERS, confira nossa entrevista com Lucas:

Blog do APERS: Você pesquisa sobre a atuação do Tribunal do Santo Ofício no Brasil Colonial. Como se deu a aproximação com esta temática?

Lucas: Minha aproximação com o tema inquisitorial aconteceu ao longo da minha graduação. Sempre tive interesse pelas temáticas religiosas e aos poucos fui sendo encaminhado para as pesquisas inquisitoriais. Meu primeiro trabalho foi sobre as narrativas dos cristãos-novos acusados de judaísmo durante a Primeira Visitação do Santo Ofício na Bahia nos anos de 1591 e 1592. Estas narrativas estavam no chamado Livro das Confissões que reunia as tentativas destes desviantes religiosos de fugir do alcance da Inquisição. Após, no mestrado, encontrei processos inquisitoriais de bígamos e de um feiticeiro moradores aqui do Rio Grande do Sul, sendo assim meu tema de pesquisa.

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para tua atuação enquanto pesquisador?

Lucas: O acervo do APERS contém diversos documentos que podem auxiliar na pesquisa histórica. No meu caso o acervo do Poder Judiciário, pois os arquivos em sua estrutura de inquirições se assemelham aos processos inquisitoriais nos quais baseiam a minha pesquisa.

Blog do APERS: Você participou da Mostra de Pesquisa do APERS, evento que busca valorizar o uso de fontes primárias arquivísticas em pesquisas. A partir de sua experiência, como avalia a importância da participação de pesquisadores em eventos específicos como a Mostra?

Lucas: A maior dificuldade dos pesquisadores na área de história são os espaços para divulgação da sua pesquisa. Quando conheci a Mostra de Pesquisa percebi que ali seria um ótimo espaço para debater e divulgar as pesquisas realizadas nas universidades, seja com alunos de graduação, seja com alunos de mestrado e doutorado. E essa possibilidade cria contribuições entre os pesquisadores com temas, fontes ou metodologias que se assemelham, melhorando a pesquisa acadêmica. Participei por quatro anos seguidos e sempre contribuí e recebi contribuições de vários colegas.

Blog do APERS: Enquanto professor da Educação Básica, como você leva para sala de aula a experiência enquanto pesquisador em fontes primárias custodiados por instituições como o APERS?

Lucas: Certamente. As aulas de história muitas vezes só fazem sentido quando os alunos e alunas encontram a origem daquilo que estás trabalhando. Eu já levei alguns arquivos sobre escravidão para sala de aula e, claro, meus processos inquisitoriais. Ainda não pude, mas meu desejo ainda é fazer uma oficina de paleografia, pois os alunos ficam curiosos com as caligrafias antigas quando projeto um documento antigo no quadro.

Blog do APERS: Qual a tua dica para os pesquisadores que estão começando agora a lidar com fontes primárias?

Lucas: Lembrar, primeiramente, dos ensinamentos de Marc Bloch sobre as fontes e a pergunta para esta fonte. Depois procurar uma temática que te agrade, nada mais cansativo do que pesquisar algo que não te dê paixão e interesse. E, claro, a partir do tema e das fontes necessárias para pesquisa, conhecer as instituições que preservam a documentação histórica, procurar conhecer como funcionam. Os conhecimentos sobre a organização de um arquivo auxiliam e, principalmente, reduzem o tempo de pesquisa.

Blog do APERS: Para que possamos conhecê-lo um pouco melhor, nos conta: quais as tuas atividades preferidas de lazer nas horas vagas?

Lucas: Eu tenho 30 anos. Acompanhei a evolução da tecnologia, principalmente no videogame. Então adoro jogar meu videogame nas horas vagas. Inclusive acho que os atuais jogos eletrônicos auxiliam muito no ensino de história. Está aí uma boa possibilidade de atuação dos professores inclusive. Além disso, futebol com os amigos e aquele chimarrão em alguns domingos de sol.

Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – Julho

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Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre dois sábados por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

No mês de julho a Sala de Pesquisa abrirá nos sábados 20 e 27.

Em junho foram atendidos 07 pesquisadores nos sábados abertos.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

Agende sua pesquisa!

Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – Junho

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Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre dois sábados por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

No mês de junho a Sala de Pesquisa abrirá nos sábados 22 e 29.

Em maio foram atendidos 03 pesquisadores.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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APERS Entrevista: Cesar Roberto Viero

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2013.05.29 APERS entrevista - Cesar Roberto Viero

Cesar Roberto Viero, 59 anos, é bacharel em Ciências Contábeis pela UFRGS e embora esteja aposentado há seis anos, depois de trinta e nove anos de labor, sendo os últimos vinte no Banrisul, continua trabalhando. Claro, agora de forma liberal. Assim, consegue dedicar-se à pesquisa genealógica que tanto o fascina. Confira nossa entrevista com Cesar Roberto!

Blog do APERS: Cesar Roberto, você poderia comentar um pouco sobre o trabalho que vens desenvolvendo atualmente?

Cesar Roberto: Como descendente de italianos, após minha “descoberta” das origens, aos poucos fui me apaixonando pela pesquisa de tal modo que, quando percebi, não conseguia mais largar esse “vício”! Faço três tipos de pesquisa atualmente: a minha própria, que não acaba nunca; para pessoas conhecidas e muitas que só conheço por e-mail às quais ajudo a encontrar seus antepassados, principalmente se precisam localizá-los na Itália e, por último, além de voluntário indexador para o Familysearch contribuo com minhas pesquisas para uma organização na Itália em que um dos sócios fundadores é meu amigo particular.Recentemente fiz uma pesquisa para um amigo meu e uma prima que precisei consultar registros nos arquivos online da França, na República Checa, Eslováquia e Croácia. Imagina que tive de aprender muitos termos em francês, latim, eslovaco, tcheco, além de alemão e húngaro. Uma loucura! Felizmente há o Google para ajudar.

Blog do APERS: Como se deu a tua aproximação com este tema?

Cesar Roberto: Bem, perdi meu pai muito jovem ainda e tive pouca informação da nossa origem. Sabia vagamente que meus avós paternos eram italianos, só isso. Depois de muitos anos quando já residia aqui em Porto Alegre, um primo havia solicitado o reconhecimento da cidadania italiana e quando ficou pronto me contou e perguntou-me se queria fazer a minha. Assim, num encontro em sua casa, meu tio contou-me uma porção de coisas sobre nossa família, mostrou-me passaporte original e outros documentos que eles trouxeram da Itália. E me passou uma relação com todos os irmãos de meu avô dos quais jamais soube nada. Aí se iniciou a minha saga. Hoje tenho minha genealogia “quase” acabada no lado paterno que remonta até 1700 na Itália e pelo lado materno vai até 1650 nos Açores. Sim, tenho esse lado açoriano no sangue com muito orgulho.

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para tua atuação enquanto pesquisador?

Cesar Roberto: Ah, para mim, o APERS é como um oásis no deserto ou uma ilha no meio do oceano! Conheço muito pouco do acervo e esse pouco tem sido de muito valor para mim. Há uma riqueza imensa a ser descoberta. As vezes que venho aqui e fico olhando aquelas mesinhas repletas de processos, livros, habilitações, enfim, penso: Ah, quando vou poder olhar tudo isso? Não posso deixar de mencionar os servidores do APERS, sua dedicação e disponibilidade sempre que precisamos.

Blog do APERS: Qual a tua dica para os pesquisadores que estão começando agora a lidar com fontes primárias?

Cesar Roberto: Em se tratando de genealogia, começar a partir de seus próprios dados. Procurar conhecer seus pais de uma forma mais profunda, conhecer a história deles e ouvir suas estórias com prazer. Se tiver a felicidade de ter os avós e até bisavós vivos, então não deixe de procurar conhecê-los bem. Eles adoram contar suas experiências. Isso é base para a genealogia. Manter um registro de fatos relacionados com a família. Se esse tempo já passou e sabe pouco de sua história familiar, vá agregando informações sobre seus ascendentes, não apenas os seus, na linha reta, mas obtenha os dados dos tios, primos, irmãos dos avós, enfim. Tenho visto muita gente “patinando” em sua pesquisa só porque não abre o leque. Quando a gente não acha o que procura num registro, temos que ver os outros, mesmo que sejam secundários. Às vezes, o que nos faltava está ali.

Blog do APERS: Nas tuas horas vagas quais são tuas atividades preferidas de lazer?

Cesar Roberto: Gosto muito de ler. Há muitos programas interessantes na televisão, principalmente no Discovery, que assisto frequentemente. A internet também é uma grande aliada, pois me leva para lugares distantes. Temos uma gigantesca fonte de informações à disposição. Basta procurar. Aliás, já foi dito: “Quem procura, acha”… Muito Obrigado.

Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – Maio

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Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre dois sábados por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

No mês de maio a Sala de Pesquisa abrirá nos sábados 18 e 25.

Em abril foram atendidos 02 pesquisadores.

Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

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Funcionamento da Sala de Pesquisa durante a II Jornada de Estudos sobre Ditaduras e DH

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   Prezados usuári@s da Sala de Pesquisa do APERS, informamos que durante a realização da II Jornada de Estudos sobre Ditaduras e DH a Sala estará fechada nos turnos da manhã dos dias 25 e 26/04 (quinta e sexta), e não abrirá no sábado, dia 27/04, em virtude da programação do evento.

  Contamos com a compreensão de todos. Fica o convite para que todos participem da Jornada!

Sábados de funcionamento da Sala de Pesquisa do APERS – Abril

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      Para melhor atender aos seus pesquisadores, a Sala de Pesquisa do APERS abre dois sábados por mês, das 9 às 14 horas, mediante solicitação prévia da documentação.

      No mês de abril a Sala de Pesquisa abrirá nos sábados 20 e 27.

      Em março foram atendidos 08 pesquisadores.

   Os pesquisadores interessados em realizar suas pesquisas podem solicitar previamente os documentos no balcão de atendimento presencial ou por email (saladepesquisa@sarh.rs.gov.br), telefone (51 3288 9104) ou, ainda, através do Balcão Virtual.

     Agende sua pesquisa!

APERS Entrevista: Elisabeth Berté da Cruz

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2013.03.27 APERS entrevista Pesquisadora Elisabeth Berte Cruz

Elisabeth Berté da Cruz, 56 anos, é formada em Belas Artes (UFRGS) e trabalha como comerciante. Em suas horas livres costuma realizar pesquisas genealógicas sobre seus familiares ou de seus amigos, leia nossa entrevista com Elisabeth!

Blog do APERS: Elisabeth, como surgiu seu interesse por pesquisas genealógicas?

Elisabeth: Comecei a pesquisar lá por 1988 e acho que é uma coisa de família italiana. Entre as conversas familiares sempre dizem “fulano filho de beltrano, que mora em tal lugar, casou com cicrana…”, e começamos a nos interessar por saber quem eram nossos antepassados, de onde vieram, com quem casaram, se tinham irmãos, filhos… e a pesquisa se desencadeia! Comecei a pesquisar as pessoas da minha família, como são de origem italiana e aqui no Brasil é muito recente, a partir de 1878, não tem tanta documentação no arquivo como das famílias portuguesas, embora cada família tenha uma porção de filhos.  Detive-me, no princípio, até 1900.

Blog do APERS: Você poderia comentar um pouco sobre o trabalho que está desenvolvendo?

Elisabeth: Continuo fazendo pesquisas de genealogia, ou seja, árvores de costados. Depois de dar andamento aos meus ancestrais comecei a pesquisar para meus sogros, cunhados e amigos que também se interessaram. Tem os ramos de descendentes de portugueses, principalmente, que possuem uma documentação bem mais rica aqui e assim comecei a viver dentro do Arquivo! É infindável o que encontramos aqui, acho que nunca vou conseguir ver tudo! Pesquisar é melhor que ler um livro! Tu vês a vida das pessoas, como as coisas se desenvolveram em cada família… Se os documentos me levam a uma determinada região que não conheço muito, vou ler sobre aquela cidade, como se desenvolveu…

Blog do APERS: Na sua percepção qual a contribuição das pesquisas genealógicas para a sociedade?

Elisabeth: Penso que ajudam as pessoas a entenderem que não são sozinhas no mundo, que vieram de algum lugar e que as coisas se repetem. É uma forma de aprendermos com a pesquisa, por isso digo que é melhor que ler um livro, ajuda a pessoa a “acordar para o mundo”. Tem pessoas que não gostam do assunto, dizem que é bobagem… Às vezes descobrimos que a história oral é completamente diferente do que aconteceu de fato. Tem pessoas que dizem que o imigrante veio sozinho para o Brasil… e no decorrer da pesquisa descobrimos que veio com outros parentes.

Blog do APERS: Durante suas pesquisas já encontrou algum fato curioso que possa dividir com nossos leitores?

Elisabeth: Teve um caso de um imigrante que veio com um familiar, mas esse faleceu e o imigrante ficou com a herança porque a outra pessoa não tinha descendentes, e junto com o inventário toda uma rica documentação… E tem coisas até de espiritismo mesmo, parece que é a pessoa querendo ser encontrada… Isso já aconteceu comigo mais de uma vez! Teve uma situação em que estava pesquisando em um outro local um livro de óbitos, tinha terminado de olhar e não encontrei nada, estava olhando de curiosa… procurava um registro de nascimento muito antigo e quando olho entre os registros de óbitos estava justamente o registro de batismo que estava procurando… Para mim aquilo não tem explicação! Era para encontrar, pois o registro de batismo esta perdido entre os registros de óbitos que até eram de épocas diferentes. Outra vez, quando estava pesquisando sobre meus avós e todos os parentes diziam que não tinha mais nada, fui para um cemitério com meus pais e o primeiro túmulo que minha mãe parou para ver era do meu avô! São coisas assim que te remetem a acreditar em uma coisa a mais, que as pessoas não querem ser esquecidas. Acho que ao fazer a pesquisa tu reencontras as pessoas!

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para sua atuação enquanto pesquisadora?

Elisabeth: Imensa. Por isso que digo que é infindável o que tem aqui. Dificilmente conseguirei olhar tudo porque é muita coisa. E, também, porque no meio do acervo deve ter muita coisa que não está catalogada, que pode ter sido arquivado em local equivocado… Tem muito documento que não é muito mexido, às vezes pego maços em que, mesmo depois de higienizados, é possível ver pelo papel que não é manuseado há tempos. O que tem aqui é de uma riqueza, de preservação prioritária!

Blog do APERS: Qual a sua dica para os pesquisadores que estão começando a realizar pesquisas genealógicas e a trabalhar com fontes primárias?

Elisabeth: Primeiro a pessoa tem de partir de si e depois seus ancestrais, passo a passo, fazer a coleta de dados escalonada. Às vezes tu acreditas que o nome era tal, mas a pessoa tinha outro nome nos documentos, só não utilizava. A entrevista com a família não é tão necessária, mais a busca pelos documentos… certidão de nascimento, casamento, óbito. A entrevista com a família pode ajudar para localizar onde a pessoa morava, onde provavelmente casou, morreu… Mas não é essencial, mais os documentos em si. Eu entrevistei apenas os meus pais, por exemplo.

Blog do APERS: Nas suas horas vagas, quando não está pesquisando, quais são suas atividades preferidas de lazer?

Elisabeth: O que mais gosto é a pesquisa, é um vício! Gosto muito de viajar… sair… passear junto a natureza, fazer um off road! Gosto muito de ir ao interior, sinto falta de uma estrada de chão!

APERS Entrevista: Patrícia Bosenbecker

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APERS entrevista Pesquisadora Patricia Bosenbecker

Patrícia Bosenbecker, 28 anos, é bacharel em História (FURG/2006), mestre em História (UFRGS/2011) e, a partir de março, doutoranda em Sociologia (UFRGS). Pesquisadora sobre a temática da imigração alemã, Patrícia é nossa entrevistada deste mês!

Blog do APERS: Patrícia, você poderia comentar um pouco sobre o trabalho que vens desenvolvendo atualmente?

Patrícia: Sim. Trabalho com imigração, mais especificamente imigração alemã na Região Sul do Estado, que é uma área com muitas possibilidades de pesquisa para os estudiosos da imigração. Trabalho com inventários, com mapeamento de casais imigrantes, e com os primeiros anos da colônia São Lourenço. Por outro lado, também sou bolsista e meu trabalho, nesse sentido, é fazer um levantamento sobre os escravos da metade Sul do Estado, ou seja, são duas temáticas completamente diferentes, mas que me oportunizam conhecer bastante sobre a situação da Região Sul do Estado, no século XIX. Basicamente trabalho com isso, em especial com processos de inventários e processos criminais envolvendo estas duas linhas.

Blog do APERS: Como se deu a tua aproximação com este tema?

Patrícia: Acho que tudo começou com minha primeira anotação, ainda adolescente, da história da minha família. Sentei junto a minha avó e ela ditou tudo que lembrava e tinha capacidade de fornecer como informação. A partir daí comecei a pesquisar sobre a família, não se tinha nada, nenhuma informação, foto ou qualquer coisa e essa pesquisa começou a crescer… até que cheguei aos casais de imigrantes que aportaram na Colônia São Lourenço, de onde sou natural. Quando cheguei nesses imigrantes, pronto! Sabia o que queria para minha vida! Queria ser historiadora para estudar imigração! Entrei para a faculdade e isso começou a ganhar um peso, passei a trabalhar com acervos… Lembro que o primeiro acervo em que pesquisei foi o da Biblioteca Rio-Grandense, que tem uma massa documental bem valiosa. Desenvolvi meus primeiros trabalhos nessa temática e vim para Porto Alegre para ampliar as pesquisas. São Lourenço é uma região de muitas estâncias e sempre fui fascinada por esse contraponto, a estância ao lado de uma colônia alemã. Aqui tive a oportunidade dê virar bolsita, trabalhando com processos que envolviam escravos, fazendeiros… foi muito interessante porque meu trabalho foi ligado a isso, a relação entre esses primeiros colonos imigrantes e esse sistema já montado. A pesquisa sobre escravidão foi importante para o meu crescimento profissional, mas a questão da imigração é algo que me impulsiona a trabalhar na história. Comecei fazendo a genealogia da minha família, fiquei muito curiosa com os casais e filhos que se perderam, pois se tem pouca informação sobre eles. Consegui listas de imigração, fui formando os casais e famílias… Hoje busco mais informações no sentido da condição de vida que tiveram, como se relacionaram naquele ambiente, mas quando tenho um tempinho continuo ampliando a pesquisa sobre a família.

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para tua atuação enquanto pesquisadora?

Patrícia: Fundamental! Aqui tu tens acesso a documentos de todo o Estado, das mais variadas localidades. Não trabalhas apenas com aquela pessoa que em geral produziu mais documentos, que são os grandes fazendeiros ou militares, por exemplo. Tens acesso a documentos produzidos por muitas famílias. Trabalho com colonos, pessoas que em geral tinham um lote de terra e algumas delas eram analfabetas, então não deixaram muitos documentos. Quando tu encontras um inventário deles é fantástico, porque tem informações as mais variadas possíveis! Em alguns tu encontras informações que nem esperava, como referência a parentes na Alemanha ou de outros países… Este acervo é fundamental para o trabalho do pesquisador que gosta de fontes primárias, quem quer trabalhar com fontes precisa visitar, mesmo não sendo de Porto Alegre, o que é uma dificuldade.

Blog do APERS: Você participou da Mostra de Pesquisa do APERS, a qual valoriza o uso das fontes primárias. Enquanto pesquisadora como avalia a importância da participação de pesquisadores em eventos como a Mostra?

Patrícia: Acho muito importante esses eventos. Primeiro pelo intercâmbio entre os trabalhos, um pesquisador colabora com o outro, apresenta um arquivo que ele desconhecia ou acervo que não estava acostumado a trabalhar… O intercâmbio é para mim o mais importante, depois a oportunidade de divulgar o trabalho. Muitas vezes, assistindo à apresentação de alguém é possível obter informações que temos interesse e não sabemos muito sobre. Para alunos que estão começando a pesquisar é interessante participar para saber a quem procurar no caso de troca de informações, é um campo fundamental. Na maior parte das vezes tu ficas só produzindo artigos, são raros os eventos que tu podes falar com outros pesquisadores… Gostaria que tivesse mais nesse nível.

Blog do APERS: Qual a tua dica para os pesquisadores que estão começando agora a lidar com fontes primárias?

Patrícia: São duas. A primeira é paciência. Seja para o pesquisador que esta fazendo a genealogia ou pesquisando sobre as terras do avô ou um tio que morreu na guerra ou aquele pesquisador acadêmico, que é bolsista e vem para o Arquivo fazer um trabalho bem específico. É preciso ter paciência! A letra, a grafia dos processos é diferente do que ele está habituado a ver, então leva um tempo para conseguir pegar prática na leitura. É um trabalho demorado. Depois tem que se habituar à documentação, como manusear, entender como funcionava a administração dos sistemas… comarca, fundo, subfundo, município, distrito… às vezes não há uma boa noção disso, então é preciso estudar. Realmente é demorado, e junto com a paciência vem a persistência. A segunda dica é organização! Para o pesquisador da faculdade, o estudante em geral, o orientador já explica como é, mostra que tipos de recursos utilizar para organizar o material, como vai organizar o banco de dados, o que não pode esquecer de anotar, como página, número do processo… Mas quem está iniciando a pesquisa sobre a família ou veio apenas olhar algumas coisas, muitas vezes não consegue ter essa percepção quando está na sala de pesquisa. Ele quer fazer tudo hoje e, às vezes, não funciona assim. É importante pensar desde a primeira nota o que precisa… a página, o número do processo, da caixa/maço onde está a informação… Depois, claro, vai se dar conta que tem informação desnecessária e outra importante que esqueceu de anotar… É preciso cuidar esse quesito, o da organização do material. São essas as duas coisas para começar: paciência e organização.

Blog do APERS: Nas tuas horas vagas, quando não estás pesquisando, quais são tuas atividades preferidas de lazer?

Patrícia: Depende! Se ficar na cidade, gosto muito de filmes, então provavelmente esta vai ser a primeira atividade da lista. Também se tiver um cantinho com um pouco mais de silêncio, vou procurar alguma coisa de literatura clássica, autores do século XIX. Lembro que no colégio não lia muito, e depois fui ficando com essa vontade. Acho bem legal, é um exercício de paciência. Mas se tiver condições vou para o campo, onde minha família mora, na zona rural de São Lourenço, equilibrar minhas energias com a natureza. É o que vai me deixar de bateria carregada, pelo menos uma vez por mês, se eu consigo está ótimo!

Para acessar a dissertação de Patrícia, clique aqui.

APERS Entrevista: Édina Santos Agliardi

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2012.12.26 APERS Entrevista Pesquisadora Edina Santos Agliardi

Édina Santos Agliardi, 30 anos, é auxiliar de biblioteca no IPA/Porto Alegre e está no 8º semestre do Curso de História na FAPA. Foi estagiária no APERS de 2009 a 2012 e hoje faz uso de nosso acervo para explorar sobre a temática indigenista. Confira nossa entrevista com Édina:

Blog do APERS: Édina, você pode comentar sobre a pesquisa que vens desenvolvendo atualmente?

Édina: Aqui no Arquivo, quando trabalhava com os documentos envolvidos no projeto Documentos da Escravidão, encontrei um processo que tratava sobre um conflito entre índios e fazendeiros na região de Passo Fundo. Isso despertou meu interesse e comecei a pesquisar. Esta problemática ainda é atual, pois os índios continuam em conflitos envolvendo disputa por território. Minha pesquisa ainda é incipiente no que se refere à questão indígena. No processo crime que estou pesquisando já identifiquei muitos dados tratados no processo, por exemplo: quando mencionam “índios” estão se referindo aos Kaingang e quando se referem às terras de Arechim, provavelmente, seja parte do território da cidade de Erechim… Este processo tem mais de 200 páginas e envolve 26 testemunhas, 16 réus indígenas e 06 vítimas. É um conflito onde os índios reivindicam terras da região da Grande Passo Fundo ocupadas por tropeiros e milicianos vindos dos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina e começaram a se fixar nestas terras em torno de 1827. Estes tropeiros vinham em busca do gado que vagavam pelo planalto depois da expulsão dos jesuítas para comercializá-los nas feiras de Sorocaba. Porém esta região é rica em Araucárias e o seu fruto é o principal alimento dos Kaingang. Esses índios foram considerados mais hostis em comparação aos guaranis, por exemplo, e nessa época o homem branco não dominava a língua Kaingang. Na tentativa de amenizar a situação e “civilizar” estes índios o Estado começou o processo de aldeamento. Alguns índios, por uma questão de autoproteção, se aliaram aos mecanismos do Estado para tentar se proteger e outros tentaram reocupar regiões que já haviam sido demarcadas por fazendeiros. É a partir daí que inicia o conflito por terra analisado em minha pesquisa para o TCC, que depois pretendo dar continuidade.

Blog do APERS: O que despertou teu interesse por esta temática?

Édina: Participei de alguns seminários sobre a temática indigenista e comecei a me interessar pela temática. Nesses seminários tive a oportunidade de ouvir as falas do Cacique guarani Cirilo e da Cacique Charrua Acuab (primeira cacique mulher no Rio Grande do Sul) ambos da região da Lomba do Pinheiro e pude visualizar melhor a situação. Ficou clara a pouca assistência do Estado. Como historiadores não podemos estudar somente o passado, mas analisar o passado com os olhos no presente. Então essa questão social chamou minha atenção porque ainda hoje só se fala sobre a questão indigenista no mês de abril. São sempre os mesmos problemas, os índios são criticados por usarem telefone celular e outros objetos “modernos”, mas os tempos mudaram, eles foram tirados das suas terras… O processo colonizatório interferiu em sua cultura.

Blog do APERS: Foste estagiária no APERS. Como esta experiência contribuiu para tua formação acadêmica e profissional?

Édina: Considero muito emocionante falar dessa experiência porque antes era comerciária, estudava e trabalhava. Quando fiquei sabendo da oportunidade fiquei desesperada! E agora?! Já estava no meu emprego há algum tempo, mas pensava: “Eu não quero isso para minha vida”. Como estagiária minha renda diminuiria muito e seria complicado pagar a faculdade, mas a experiência seria única e foi isso que eu fiz! Pedi demissão e me aventurei! Apaixonei-me, era isso que eu queria! A experiência de trabalhar com fontes primárias não tem palavras para quem está cursando História. Analisar o contexto, a forma de escrita… Quando comecei a trabalhar com esse processo não sabia quem eram os índios em questão, mas fui pesquisando, mesclando as informações das fontes primárias com os referenciais bibliográficos… Além disso, teve o intercambio de conhecimento com os acadêmicos de outras instituições de ensino… Aprendi muito. O Arquivo, profissionalmente, é uma grande referência. Quando voltei à instituição como pesquisadora me senti muito feliz!

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para tua atuação enquanto pesquisadora?

Édina: Os acervos são muito ricos, retratam grande parte da história do nosso Estado, as pessoas não têm dimensão da quantidade e qualidade dos documentos, claro tem muito a ser feito ainda, mas há a preocupação da guarda.

Blog do APERS: Nas suas horas vagas, quando não estás estudando/pesquisando, quais são tuas atividades preferidas de lazer?

Édina: Minha válvula de escape é dançar! É dançando que me desestresso, é um momento de lazer… Participo de ensaios, apresentações… É muito bacana! Eu gosto de outros esportes, mas por questões de tempo não consigo praticar. E claro, ficar com a família e amigos é sempre importante, gosto dessa convivência… Sempre volto com mais ânimo para o trabalho!

APERS Entrevista: José Carlos da Silva Cardozo

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José Carlos da Silva Cardozo, 26 anos, é graduado em Historia (UNISINOS – 2005/2009), graduando em Ciências Sociais (UFRGS – 2008/2012), mestre em História Latino-Americana (UNISINOS – 2009/2011) e doutorando em História Latino-Americana (PPGH/UNISINOS – 2011). Coordenador do Grupo de Trabalho da ANPUH/RS História da Infância, Juventude e Família. Editor da Revista Brasileira de História & Ciências Sociais e da Revista Latino-Americana de História, Secretário da ANPUH/RS e bolsista CAPES/MEC. José Carlos pesquisa no APERS desde 2008 e entre seus temas de pesquisa estão: criança, família, Poder Judiciário, registros eclesiásticos e demografia histórica. Confira nossa entrevista com ele:

Blog do APERS: José Carlos, como se deu tua aproximação com a pesquisa sobre menores envolvidos nos processos de tutela?

José Carlos: Eu fazia iniciação científica na UNISINOS em demografia histórica, pesquisando em registros paroquiais de batismo, casamento e óbito de Porto Alegre, de 1772 a 1835, para cadastrá-los num sistema. Comecei a interessar-me pelas crianças, tanto por aquelas que acabaram morrendo quanto as que nasciam… Nuances da relação familiar que aparecem nesses registros e nos documentos que os precedem. Contudo, queria fazer um trabalho voltado para as crianças do início do século 20. Isto porque meu avô, que trabalhava na viação, foi para a Alemanha fazer uma cirurgia e quando voltou não desembarcou em Porto Alegre, desapareceu. Meu pai e minha avó ficaram desamparados. Ela não sabia muito bem o que fazer com os bens, deixou para uma pessoa administrar e em pouco tempo o patrimônio estava dilapidado. Meu pai desde pequeno começou a trabalhar para se manter e ajudar sua mãe… As dificuldades aumentaram e minha avó o enviou para ser criado por alguns parentes em uma fazenda no município de Esteio. O início do século 20 me chama a atenção por isso. Mas como trabalhar com essas crianças com minha experiência em demografia histórica? Conversando com a professora Ana Silvia Volpi Scott, minha orientadora, ela me indicou algumas leituras, entre elas “Os caminhos da adoção” da professora Claudia Fonseca, que é antropóloga na UFGRS e pesquisou os registros de busca e apreensão de menores aqui no APERS na década de 1980. Ela produziu artigos e capítulos de livros a partir dessa documentação por mais de dez anos, o fundo do Juizado dos Órfãos é muito rico para pesquisas sobre crianças, famílias, seus conflitos e sobre a própria Justiça. Ela trabalhou com o início do século 20, então conversamos e ela apontou que essa documentação não era muito explorada. A partir dessas leituras e conversas com as professoras foi-me aberto o caminho para a pesquisa.

Blog do APERS: Você poderia comentar um pouco sobre o trabalho que vens desenvolvendo atualmente?

José Carlos: Na pesquisa de mestrado investiguei crianças, adolescentes e jovens, suas famílias e os juízes do Juizado de Órfãos de Porto Alegre no início do século 20. Fiz meu recorte de 1900 a 1927, do início do século até a entrada em vigor do Código de Menores. Nesse período as Ordenações Filipinas estavam em vigor e meu recorte foi baseado nisso, trabalhei com 823 processos de tutela. Para o doutorado investigo um pouquinho antes do final do século 19, da Lei do Ventre Livre até a abolição em 1888, mas pesquisando dez anos antes e dez anos depois desses marcos para ter uma margem de contexto. Trabalho, então, com a problemática da Lei do Ventre Livre, a lei em que todas as crianças, filhas de escravas, nascidas a partir de 28 de setembro de 1871, seriam consideradas como ingênuas. Assim, quando chegassem aos oito anos de idade seu senhor poderia optar por continuar com elas até os 21 anos, como forma de indenização, ou entregá-la para o Estado, mas a maioria deles ficou com os menores. E o que me inquieta, que é uma das questões da pesquisa, é o porquê que com essa prerrogativa da Lei, muitos senhores acabavam tutelando a criança. Uma das minhas hipóteses é que a Lei proíbe que mãe e filho sejam separados, contudo se esse senhor tutelar a criança poderia vender a mãe ou mandá-la trabalhar em um lugar mais distante e ficar usufruindo dos serviços da criança. Mas minha pesquisa não centra só na criança ingênua, circunscreve as crianças porto-alegrenses de forma geral.

Blog do APERS: Tu pesquisas sobre menores envolvidos nos processos de tutela na Porto Alegre do início do século XX, é possível fazer um comparativo com os processos de tutela do final deste século, início do século XXI?

José Carlos: Não, porque os processos de tutela seriam, nesse período em que estudo, o mesma que a guarda de menores. Hoje se o pai ou responsável não pode ficar com a criança a Justiça viabiliza outro responsável. O tutor é mais para administrar os bens, se a criança não tem quem cuide dela, é internada em orfanato… E o tutor administra os bens, muitas vezes, não tem contato com a criança. A tutela também é empregada quando as crianças e adolescentes estão num abrigo sob responsabilidade da Justiça, recebem um tutor temporário até a definição de um responsável legal… No inicio do século 20 a guarda e tutela eram praticamente a mesma coisa, em concepções jurídicas.

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para tua atuação enquanto pesquisador?

José Carlos: Fundamental. Sem ele e a organização que há na instituição não haveria estudo sobre o Juízo dos Órfãos. Não há pesquisa sobre o tema. O que a professora Claudia Fonseca desenvolveu foi como uma pedra que foi jogada na água e não reverberou, simplesmente afundou. Não houve mais pesquisa nem na parte histórica nem na antropológica envolvendo esse fundo documental. E tem vários processos que estão sob o “guarda-chuva” do Juizado de Órfãos… A maioria dos investigadores pesquisa em inventários, contudo há exame de sanidade e de pobreza, tutela, busca e apreensão, várias ações envolvendo crianças e famílias… Então o Arquivo Público ter preservado isso é fantástico! Fazia mais de 20 anos que a professora Claudia Fonseca pesquisou aqui… Então como chegar ao Arquivo Público? Lembro-me do pessoal do atendimento… Tiveram paciência comigo, porque a gente chega com uma ansiedade tão grande… Eu não vim replicar o estudo da professora Claudia Fonseca, então tentei descobrir o que o acervo do Juizado de Órfãos tinha, além dos processos que já haviam sido trabalhados… Os atendentes abriram as possibilidades e acabei pesquisando os processos de tutela. No início de minha formação fazia pesquisas quantitativas, mas ao longo do tempo comecei a trabalhar com áreas diferentes e colocá-las para dialogar (pesquisa quanti/qualitativa). A demografia trabalha muito com história quantitativa, com seriação. Eu transcrevia alguns trechos, mas com o tempo fui percebendo que as informações processuais se repetiam e pude construir um banco de dados fantástico. Essas metodologias e as fontes dão um respaldo maior para a pesquisa, para sua legitimação. E aqui o pessoal foi sempre solicito, tornando a pesquisa prazerosa.

Blog do APERS: Qual a tua dica para os pesquisadores que estão começando agora a lidar com fontes primárias?

José Carlos: O fundamental é ler. Fazer levantamento bibliográfico, muitas vezes seguimos a orientação ou o projeto do orientador, sendo que isso acaba sendo bom por um lado, por aprofundar o tema, mas por outro inviabiliza outras pesquisas. Por exemplo, o Juizado de Órfãos… Se a orientadora não me tivesse oportunizado fazer algo diferente da pesquisa dela, eu nem passaria perto do Arquivo Público, porque ela trabalha com a documentação da Cúria Metropolitana. Ela abriu essa possibilidade e indicou as leituras… Fazer o levantamento bibliográfico, o mapeamento… Bom, eu queria estudar crianças, mas dentro do tema “crianças”, o que pesquisar? Tem alguma coisa que ainda não foi pensada? No meu caso, acabei dando sorte de pegar uma documentação bem organizada, que respalda meu estudo até hoje.

Blog do APERS: Você participou de quatro edições da Mostra de Pesquisa do APERS, a qual valoriza o uso das fontes primárias. Enquanto pesquisador como avalia a importância de publicação de resultados das pesquisas, em eventos como a Mostra?

José Carlos: Talvez a publicação seja apenas uma consequência. O mais interessante quando se participa de um evento é a discussão, o debate que isso vai gerar. Porque quando você apresenta seu trabalho, compartilha com pessoas que estão te ouvindo e vão dar suas impressões sobre o que você está desenvolvendo, vão ajudar a amarrar algumas pontas, a fundamentar melhor a pesquisa e quanto mais redondo, coerente e conciso for o estudo, melhor. Reuniões como a da Mostra são muito boas, gosto muito de participar. A experiência seja nos próprios comentários, debates ou nos cafés… Os intervalos são fundamentais, muitas vezes pelo tempo, a pessoa não quer se expor muito, mas no intervalo acabamos discutindo, trocando informações de fontes, livros… Acaba sendo muito bom!

Blog do APERS: Nas tuas horas vagas, quando não estás pesquisando, quais são tuas atividades preferidas de lazer?

José Carlos: Já faz tempo! Nas horas de folga fico com a família. Uma coisa que não dá para esquecer é o valor dela, por mais que a gente fique recluso – pesquisador tem que fazer isso, seja para o levantamento das informações ou para ler e escrever – são essas pessoas que nos dão o suporte, entendem nossas ausências… Mesmo estando no quarto ao lado, nós estamos praticamente encarcerados, eu sempre tento aproveitar a companhia, sair com eles…

Artigos de José Carlos apresentados e publicados na Mostra de Pesquisa:

O Juizado de órfãos de Porto Alegre: um reflexo da Sociedade (pág.: 39 – 55).

A criança porto-alegrense na Belle Époque brasileira através do juízo de órfãos (pág.: 99 – 113).

Tutelar ou adotar: o melhor para quem? (pág.: 180 – 196).

APERS conta histórias: Acesso à documentação salvaguardada no APERS

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     O Arquivo Público do RS, além de preservar seu acervo se preocupa com a difusão do mesmo. Proporcionar o acesso da sua documentação aos pesquisadores e comunidade em geral é, sem dúvida, uma das prioridades.

     Com o objetivo de padronizar a rotina de atendimento, no ano de 2000, o APERS realizou o 1º Seminário Interno de Atendimento ao Público. Em 2004 foi instituído o teleatendimento no APERS, acelerando o fornecimento de cópias autenticadas.

    A possibilidade de solicitar da documentação através do site do APERS, no Balcão Virtual, foi outra melhoria implantada em 2005. O usuário pode, ainda, requerer presencialmente a documentação. No caso das Certidões de Nascimento, Casamento ou Óbito, o usuário deverá aguardar cerca de uma hora para a retirada da cópia autenticada, que é disponibilizada sem qualquer custo.

     Já o pesquisador deverá agendar uma entrevista e fazer um cadastro no APERS.  Ele terá acesso aos documentos mediante solicitação prévia. Para facilitar a pesquisa será permitido fotografar a documentação, sem o uso do flash.

  A solicitação de documentação poderá ser feita através do e-mail, tele-apers@planejamento.rs.gov.br, telefone 51 3288 9100 ou ainda na própria sala de pesquisa.  O horário de atendimento é das 8h30min às 17h, de segunda à sexta.

Sala de pesquisa do APERS

APERS Entrevista: Daniel Teixeira Meirelles Leite

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Daniel Teixeira Meirelles Leite, 37 anos, é licenciado em História (PUCRS – 1998), pós-graduado em Desenvolvimento Regional e Patrimônio (URCAMP – 2009) e guia turístico voluntário do Cemitério da Santa Casa de Porto Alegre. Foi estagiário no APERS e hoje é um dos genealogistas que pesquisa em nossas fontes primárias. Confira nossa entrevista com Daniel!

Blog do APERS: Daniel, você poderia comentar um pouco sobre o trabalho que vens desenvolvendo atualmente?

Daniel: Comecei a pesquisar há 15 anos para conseguir a cidadania italiana. Só que o estudo é tão apaixonante que cada vez mais tu queres pesquisar em busca da tua ascendência e dos primeiros colonizadores do RS. Afinal, grande parte da população gaúcha é parente, 90% descende dos mesmos “troncos”. E isso foi motivando o interesse pela genealogia. A busca pelo passado da família e ao mesmo tempo a ligação com a história do RS. Hoje em dia trabalho na mesma linha, ampliando a pesquisa para além da pesquisa de cidadania e história da família. Hoje tenho mais de 50 mil nomes, no banco de dados, de várias etnias. Isso é muito gratificante porque descobrimos que descendemos de um determinado “tronco” que foi importante para a História do RS. É difícil dissociar a História gaúcha das histórias de família, pois na sua maioria elas (as famílias) participaram de batalhas e feitos gloriosos assegurando a permanência do RS no Brasil. São muitos os casos em que em uma mesma família, há indivíduos que lutaram no lado Farroupilha e no lado do Império. Fatalmente, se descobre personagens históricos!

Blog do APERS: Tu trabalhas como guia turístico de um cemitério (Cemitério da Santa Casa). Costuma cruzar dados encontrados nos túmulos (brasões) e com os encontrados nos arquivos?

Daniel: Sim, um exemplo é o do brasão do Conde de Porto Alegre – Manoel Marques de Souza. Ele é dividido em nove partes e cada uma delas significa uma das famílias da qual ele descende. Então conseguimos identificar isso pelo túmulo e ir atrás das famílias nos documentos.

Blog do APERS: Foste estagiário no APERS. Como esta experiência contribuiu para tua formação profissional?

Daniel: Eu lidei com vários documentos durante o estágio. Primeiro com os processos crime da década de 1940 de Porto Alegre e depois com o processo dos Muckers. Então essa documentação contribuiu para que eu percebesse a importância da sua preservação. Sou o historiador da família, todos os documentos e fotografias são entregues a mim, para poder preservar para o futuro. O que observo também é a facilidade para a leitura. No início do estágio sentia dificuldades, mas com o tempo fui me acostumando com a grafia e hoje as letras, muitas vezes desenhadas e rabiscadas, são de fácil leitura. Eu leio “corrido” em decorrência da experiência que tive.

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para tua atuação enquanto pesquisador?

Daniel: Importantíssima! A preservação da documentação tem e deve ocorrer. Eu trabalho com diversos tipos de documentos, a genealogia não é apenas a pesquisa em certidões de nascimento, casamento e óbito. Assim, toda a documentação do APERS é importante porque guarda a memória, a história – seja do RS ou familiar – e a tradição gaúcha. Aqui dentro temos a história viva, temos como verificar o outro lado da História oficial e a partir destas fontes primárias, discutir e argumentar. Aliando a pesquisa ao acervo de arquivos como o diocesano, cemitérios e outros locais de salvaguarda de documentos, descobrimos uma enorme quantidade de informações preciosas para nossas pesquisas. Apesar de encontrar grandes problemas de acesso em alguns locais (pois as pessoas se acham donas dos acervos e não liberam a documentação para a pesquisa), sempre achamos novas fontes e novos lugares para pesquisar. Também tenho vontade de pesquisar em cartórios, mas isso infelizmente não é possível.

Blog do APERS: Qual a tua dica para os pesquisadores que estão começando agora a lidar com fontes primárias?

Daniel: Em se tratando de genealogia, primeiro entrevistar os familiares mais próximos (pais, avós, tios…) para conseguir os dados iniciais. Sempre com muito tato para que não pensem que está atrás de herança. Comece pedindo indicações e informações sobre as pessoas e famílias que estão sendo pesquisadas. Alguém sempre falará: “isso o fulano sabe”. Apesar de hoje em dia as famílias mais tradicionais não terem mais riquezas, alguns pensam que estamos atrás de fortunas. Depois de obter os dados iniciais parta para a pesquisa em arquivos. Inventários e testamentos são os documentos mais antigos e procurados do APERS (a partir do século XVIII); depois busque os livros de Transmissões e Notas (compra e vende de terras, imóveis, escravos, contratos de casamentos…). As procurações são interessantíssimas! Em uma delas encontrei um primo em sexto grau passando a procuração para a mãe. Neste documento, ela declarava que ele havia falecido em uma estrada de ferro entre Jaguarão e Herval, no quilômetro tal, dia tal, hora tal… Isto é uma informação muito preciosa, pois não seria encontrada em outro lugar. Então, antes de iniciar a busca, colete dados com os parentes para saber dados básicos como nomes, locais de origem e para onde se direcionaram, assim saberás para onde direcionar a pesquisa. No RS temos muitos homônimos (pessoas com o mesmo nome) e isso dificulta bastante. Pensamos que encontramos alguém mais na verdade é um homônimo. Trabalhar com os nomes femininos é muito complicado. Muitas levam apenas o sobrenome da mãe e às vezes o nome do santo do dia em que nasceram, ou nomes religiosos, como por exemplo: Maria de Santo Antonio, Ana do Espírito Santo, Catarina do Sacramento… Quando elas casavam conservavam o sobrenome de solteira (são raras as mulheres que adotaram o nome do marido). Além disso, tem pessoas que parecem que “caíram na terra” e assim como caíram desapareceram! Não deixaram descendentes ou informações. Então é bem difícil, tem que ter muita persistência e paciência.

Blog do APERS: Nas tuas horas vagas, quando não estás pesquisando, quais são tuas atividades preferidas de lazer?

Daniel: Gosto de ler. Adoro biografias de personagens histórico (reis, rainhas, príncipes…). Ainda nas horas de folga leio livros sobre genealogia. Adoro fazer trilha de moto. Uma das grandes paixões da minha vida são as motos! Adoro praia, mas raramente vou. Adoro novela, sou noveleiro de plantão, especialmente se a novela é de época. A Casa das Sete Mulheres considero o auge da teledramaturgia brasileira. Para mim ponto turístico de cidade é cemitério! As pessoas estranham, mas eu vou! Na época que estava passando essa minissérie eu fui visitar o cemitério da cidade de Camaquã e encontramos o tumulo da Caetana Garcia, esposa do General Bento Gonçalves, foi uma surpresa e parecia que estávamos vivenciando a História. Em Rio Grande encontramos o túmulo da Faustina Centeno da Silva, sobrinha do General Farroupilha e filha de sua irmã, Antonia, que na minissérie não teve filhos.

Doação do livro “Atas da Câmara Municipal de Pelotas”

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   No dia 25 de julho recebemos a doação de um exemplar do primeiro volume da obra “Atas da Câmara Municipal de Pelotas”, entregue pela Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas – IHGPEL, senhora Maria Roselaine da Cunha Santos. O livro contém a transcrição das atas da Câmara Municipal de Pelotas do período de 1832 a 1845 e integrará o acervo de nossa Biblioteca de Apoio.

APERS Entrevista: Adriana Weber

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Adriana Weber, 53 anos, é consultora de pesquisas genealógicas para o Family Search e pesquisa no APERS desde 1997. Confira nossa entrevista com Adriana e conheça um pouco mais sobre pesquisas em fontes primárias:

Blog do APERS: Adriana, como você começou a realizar pesquisas genealógicas?

Adriana: Comecei a pesquisar em 1997, para saber a genealogia de minha família. Primeiro pesquisei nos microfilmes disponibilizados pelos Centros de História da Família da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e depois vim ao APERS. A pesquisa estava tendo êxito, então uma amiga que tinha interesses em saber a ascendência de sua família perguntou se eu faria a pesquisa, pois ela tinha pouco tempo. Então, tornei-me pesquisadora pelo “marketing boca a boca” e já tive mais de trinta clientes! As pesquisas podem ser usadas para processos de habilitação para cidadania estrangeira ou para montar árvores genealógicas, histórias de famílias, ou, ainda, de terras.

Blog do APERS: Você poderia comentar um pouco sobre o trabalho que vens desenvolvendo?

Adriana: Uma pesquisa completa até os ascendentes que chegaram ao Brasil leva, em média, dois anos, assim estou sempre desenvolvendo várias pesquisas. Se quiser buscar os descendentes de uma família, provavelmente não terminará nunca… Atualmente me concentro mais em pesquisas a partir de solicitações para projetos do Family Search. Estamos com vários projetos para disponibilizar no sítio alguns estudos em vídeo. Nesses vídeos será mostrada a linha do tempo de uma pessoa, desde o seu nascimento até o óbito, com fotos e documentos digitalizados, quando possível.

Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para sua atuação enquanto pesquisadora?

Adriana: O acervo do APERS é fundamental. Em uma pesquisa começamos pelas informações básicas, oriundas dos registros vitais, como chamamos o registro civil, composto por certidão de nascimento, casamento e óbito. Quando precisamos de mais informações passamos a pesquisar em habilitações para casamento, testamentos, inventários e livros de notas. Mas claro, às vezes há exceções e utilizamos fontes indiretas, como uma vez que encontrei o nome de um integrante de uma família relacionado em um processo de pensão alimentícia. Em outra pesquisa, que teve uma equipe de quinze pessoas e levou mais de dois anos, sobre a genealogia de umas terras compradas por uma empresa estrangeira, utilizei os livros de notas e os contratos de compra e venda. Sobre genealogia de terras há casos bem interessantes, como o de uma fazenda que permaneceu na mesma família desde a doação das sesmarias e tudo estava documentado nos inventários e nas cartas de sesmarias. Todos os documentos aqui do acervo são importantes e podem ser usados para pesquisas genealógicas. Ainda relacionado ao APERS, falando da sala de pesquisa, o relacionamento com outros pesquisadores é bastante amistoso, pois vários são pesquisadores frequentes. Então, acabamos compartilhando experiências, dados sobre as pesquisas e desenvolvendo grandes amizades.

Blog do APERS: Qual a sua dica para os pesquisadores que estão começando a realizar pesquisas genealógicas e a trabalhar com fontes primárias?

Adriana: Para os pesquisadores que estão começando, o ideal é partir dos dados que se tem em casa, dos documentos dos familiares e da história oral. Montar a árvore genealógica com estes dados primeiro e depois começar a pesquisar. É uma pesquisa de “formiguinha”, saber quantos irmãos tem, quem eram os mais velhos, os mais novos… Um ponto positivo é que no Brasil, nas certidões de nascimento constam os nomes dos pais e dos avós, pois em muitos países latinos constam somente os nomes dos pais. A pesquisa pode ser complementada nos arquivos da Igreja Católica ou Luterana. Além disso, tem o Family Search, ligado a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que digitaliza alguns registros e disponibiliza no sítio www.familysearch.org, gratuitamente. Sobre esta ação, tem um projeto interessante no qual a comunidade pode participar! Consiste em indexar alguns registros, para isto basta se inscrever e após receber o seu lote de documentos (em média de três a cinco registros) ler na imagem os dados e cadastrá-los, em média o tempo para cadastrar um lote é de 20 minutos. Entre os documentos a serem indexados há parte do registro civil de Porto Alegre anterior a 1929.

Blog do APERS: Nas suas horas vagas, quando não está pesquisando, quais são os seus hobbies ou suas atividades preferidas de lazer?

Adriana: Gosto de cozinhar receitas de família e experimentar novas receitas, fazer tricô e crochê. As atividades físicas não passam das mãos e dos olhos!!! Talvez seja por isso que quando comecei a pesquisar me apaixonei! Comecei vindo uma vez por semana, como hobbie, tirava um dia para descansar, então vinha ao APERS pesquisar sobre minha família. Teve uma época que cheguei a vir de segunda a sexta-feira, quando estava fazendo o Projeto das Terras, é fácil se apaixonar, se tornar “viciadinho em pesquisa”. Às vezes o silêncio da sala de pesquisa é quebrado por um “achei” e todos vêm compartilhar da alegria! Os nomes que pesquisamos viram histórias, é possível descobrir a personalidade de alguém através de um documento, criar vínculos afetivos com alguém que viveu em outro tempo, passam a nos emocionar e contamos suas histórias como se os conhecêssemos. Teve uma vez que descobri que um antepassado meu e o antepassado de um amigo meu foram amigos, foi muito emocionante!

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