Novo site do APERS: nosso blog de casa nova!

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Nosso blog de casa nova

Em meio as comemorações dos 114 anos do Arquivo Público, no dia 10 de março a instituição celebrou o lançamento de seu novo site, desenvolvido pela PROCERGS em parceria com servidores da instituição.

Respeitando parâmetros de acessibilidade e buscando ampliar a transparência em relação aos trabalhos desenvolvidos pelo APERS, o site nasce com um layout moderno e intuitivo que convida seus usuários a conhecer tanto os serviços ofertados à comunidade quanto as atividades desenvolvidas no interior do Arquivo, desde a construção de uma política de gestão documental para o estado do RS até os inúmeros processos aplicados ao tratamento, preservação e difusão de seus acervos.

A partir de um menu principal estão sistematizadas informações sobre a instituição, gestão documental, serviços prestados, acervos, comunicação e publicações. A página inicial traz em destaque, além dos principais serviços, os ícones de acesso aos núcleos de trabalho nos quais o Arquivo organiza-se e o frame “Blog do APERS”, hospedado na aba “Comunicação”, que incorporará a tarefa até então exercida aqui, na plataforma WordPress: compartilhar semanalmente conteúdos relacionados ao nosso trabalho, assim como textos produzidos para difusão do acervo e de temáticas pertinentes à área de arquivos. Visualize a nova estrutura pela imagem a seguir:

Blog do APERS

Assim, informamos que nosso querido Blog institucional será mantido no ar como um repositório para consulta a notícias anteriores a março de 2020. Essa será a última postagem aqui. A partir de agora, para manter-se conectado conosco, navegue no site www.apers.rs.gov.br. Vem conosco! Mudamos de casa para melhor recebê-los!

Participe das atividade de celebração dos 114 anos do APERS

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No dia 08 de março de 2020 o Arquivo Público do RS comemora 114 anos de história. Para marcar a data e celebrar entre servidores, usuários e a comunidade em geral teremos uma série de atividades. Participe! Elas são gratuitas e não exigem inscrição prévia. Acompanhe a programação abaixo.

Mais informações: (51) 3288-9109 | divulga-apers@planejamento.rs.gov.br.

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XV Mostra de Pesquisa APERS – Regulamento

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Está chegando a XV da Mostra de Pesquisa do APERS e para a edição comemorativa de 2020, o Arquivo está planejando um evento repleto de novidades.

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Realizada em parceria com a Associação dos Arquivistas do RS, a Associação Nacional de História – Seção RS, e a Associação de Amigos do APERS, a Mostra tem como objetivos: (a) oportunizar espaço para a divulgação e discussão da recente produção intelectual das ciências sociais, humanas e da informação, promovendo a interação entre a comunidade pesquisadora e os órgãos de guarda de acervos; (b) incentivar a utilização de fontes primárias documentais em trabalhos de pesquisa; (c)Incentivar a realização de estudos a respeito de instituições de memória, suas funções e ações; e (d) divulgar locais de pesquisas e seus respectivos acervos documentais.

A instituição segue atenta aos processos de difusão documental e ao necessário diálogo entre as instituições arquivísticas e de memória, as universidades, os centros de pesquisa e a sociedade. Dessa forma, lança hoje o Regulamento da XV Mostra de Pesquisa do APERS – para acessar clique aqui. Chamamos atenção para o período de 09 de março a 18 de maio, no qual devem ser submetidos os trabalhos para apresentação no evento da XV Mostra, que ocorrerá no mês de setembro. O evento é gratuito, tanto para apresentação de trabalhos quanto para ouvintes.

As informações necessárias para os interessados em participar do evento constam no regulamento. Também ficamos à disposição para quaisquer dúvidas pelo e-mail mostradepesquisa@planejamento.rs.gov.br e pelo telefone (51) 3288 9126.

Segue abaixo o cronograma do evento. Participe!

cronograma

Entrevista com Melina Kleinert Perussatto – Parte I

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logo apers entrevista

Melina Kleinert Perussatto é licenciada em História pela UNISC (2007), mestra em História pela UNISINOS (2010; dissertação disponível aqui) e doutora em história pela UFRGS (2018; tese disponível aqui). Foi professora substituta na Universidade Federal da Fronteira Sul, é docente de história na Secretaria Municipal de Educação de São Leopoldo e realiza estágio pós-doutoral na UNISINOS.

Melina, por favor, você pode falar um pouco sobre a sua trajetória acadêmica?

Eu sou graduada em História pela UNISC, Santa Cruz do Sul, me graduei em 2007. Mestre em História pela UNISINOS, concluí a dissertação em 2010, sob a orientação do Paulo Moreira. Fiz o meu doutorado na UFRGS, sob orientação do Fábio Kuhn, com sanduíche na UNICAMP, sob supervisão da Lucilene Reginaldo. Defendi em 2018. E agora eu curso o pós-doutorado, de novo com o Paulo Moreira na UNISINOS, voltando à casa. É isso em termos de formação acadêmica.

Qual é o papel das fontes do Arquivo Público nessa formação?

São fundamentais em minha trajetória de pesquisa, ao lado das fontes do Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo, onde fui bolsista de iniciação científica, entre 2006 e 2007. Acabou que uma colega, a Fábia Beling, encontrou uma documentação da junta de emancipação de escravos, de Rio Pardo, que eu passei a pesquisar. O professor José Remedi, que era o coordenador do projeto e que se tornou meu orientador, me deu a liberdade de começar uma pesquisa autônoma, da qual derivou o meu TCC. E as fontes do Arquivo Público foram fundamentais para complementar essa documentação e ampliar minha pesquisa. Chegaram até mim por meio do guia de fontes “Documentos da Escravidão”. Como eu morava e estudava do interior, em Santa Cruz do Sul, e era bolsista em Rio Pardo, o acesso foi facilitado por essa disponibilidade online, ressaltando a importância da produção desses materiais. E foi por meio desse guia, o guia das alforrias, que eu iniciei meu contato com o Arquivo Público do Rio Grande do Sul. Mais para frente, em 2007, já no final da graduação, consegui vir algumas vezes para cá para pesquisar, não só os documentos originais, mas também levantar outras fontes para elaborar o meu projeto de mestrado. Todo o meu mestrado eu passei aqui, foram dois anos de imersão profunda no Arquivo Público em que eu trabalhei não só então com as alforrias, mas também com os inventários, testamentos, processos crime. Depois eu trabalhei também com fontes da Cúria e do Arquivo Histórico, também fundamentais. Na tese eu retorno, depois de um bom tempo afastada daqui, porque acabei mudando de tema, abordagem e período, mas voltei para cá para olhar de forma mais qualitativa uma tipologia documental muito utilizada durante o mestrado e ressignificar também a fonte, no caso, os inventários post-mortem.

Eu creio que entre a sua dissertação e sua tese, a gente percebe uma nítida transição que não é do seu trabalho somente, mas é mais geral da historiografia, em que uma ênfase em aspectos estruturais cede lugar à atuação subjetiva dos sujeitos históricos. Isso não quer dizer que antes você desprezasse a atuação dos atores sociais, mas você mesma me disse uma vez que é muito diferente deduzir ela com os processos-crime, depoimentos, ou você ver diretamente as palavras das pessoas nos jornais, nas fontes dos jornais. Você concorda? Como você vê essa questão?

Então, eu concordo sim. É um processo, embora exista uma nítida ruptura, uma mudança bastante significativa, eu entendo como processo que acompanha a historiografia. Na dissertação eu fiz um trabalho bastante quantitativo, porque me inseri dentro de um debate historiográfico, de uma produção historiográfica, voltada a mostrar empiricamente, quantitativamente, o quão estrutural foi a presença de pessoas escravizadas no Rio Grande do Sul e como as lutas por liberdade estiveram sempre presentes. Trabalhei nessa dialética entre escravidão e liberdade a partir dessas fontes diversas, com um método quantitativo. O cruzamento nominal foi fundamental para eu chegar em algumas trajetórias e humanizar o processo, evidenciando experiências e agências. No doutorado, passei a trabalhar com imprensa negra e buscar a trajetória dos fundadores e apoiadores [do jornal O Exemplo], levando a uma mudança da perspectiva de análise. Se antes eu chegava às histórias por meio da quantificação, digamos assim, por meio da serialização de fontes localizava alguns casos, algumas histórias que se destacavam, e ia buscando fontes e cruzando para compor essas trajetórias, na tese foi um processo contrário. Eu tinha alguns nomes, nomes completos, inclusive, porque na dissertação acabei, por contas dos homônimos e da ausência de sobrenomes, realizar a busca nominal a partir nome do proprietário de pessoas. Na tese, ao me dedicar a compreender a formação do grupo que fundou o jornal O Exemplo em 1892, eu pude buscar pelo nome próprio das pessoas nas fontes. Enfim, se na dissertação as trajetórias foram emergindo da serialização das fontes, na tese elas foram o ponto de partida e marcaram meu retorno ao APERS. Por meio dos nomes dos fundadores de O Exemplo e seus familiares pude encontrar inventários, testamentos e outras fontes para recompor suas trajetórias. Também fontes de outros arquivos, como a Cúria e o Arquivo Histórico, se somaram a isso. Então sim, houve uma mudança e eu diria que muita influenciada pelos trabalhos do campo do pós-Abolição, com destaque à tese da Ana Flávia Magalhães Pinto, que lança o desafio de a gente rever a lente de análise, o foco, as perguntas, nos estudos sobre experiências negras no Brasil oitocentista. Ou seja, ao invés de partir da escravidão, partir da liberdade. Mediada por novas leituras e propostas de trabalho, voltei para o século XIX, para o período que trabalhei na dissertação, mas olhando para as fontes pelo viés da liberdade. Todos os fundadores do jornal O Exemplo nasceram livres em tempos de escravidão. Até o momento identifiquei que somente o pai de dois dos fundadores, Calisto Felizardo de Araújo, passou pela experiência da escravidão. Ainda assim, o foco recaiu sobre a forma como ele foi construindo sua liberdade desde os tempos de escravidão no espaço urbano de Porto Alegre, entre meados do XIX até as primeiras décadas do XX. Isso para ficar em apenas um exemplo.

2020.03.04 - Melina

Uma questão que tenho para você é a seguinte: boa parte do impulso de uma história quantitativa e serial no Rio Grande do Sul tem a ver com as fontes do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul como inventários, alforrias… Então essas fontes são tidas como preferenciais na análise serial quantitativa. Como é que você vê o papel dessas fontes na reconstituição de trajetórias?

Bom, eu acho que já marquei um pouco disso na questão anterior. A análise quantitativa, serial, permitiu que eu demonstrasse em minha dissertação, por uma visão macro, estrutural, o peso da escravidão até sua derrocada final, mas também da liberdade negra desde o século XVIII na sociedade sul-rio-grandense. Basta ver os trabalhos do [Luís Augusto Ebling] Farinatti, da Helen [Osório], do Paulo [Roberto Staudt Moreira], do Thiago [Leitão Araujo], da Sherol [dos Santos], do Jônatas [Marques Caratti], do Jovani [Scherer], do Gabriel [Santos Berute], do Marcelo [Santos Matheus], da Natalia [Garcia Pinto], do Leandro [Goya Fontella], do Luciano [Costa Gomes], da Bruna [Emerim Krob], do Matheus [Batalha Bom], dentre tantos outros. Todo esse conjunto de trabalhos apresenta trajetórias e/ou experiências de pessoas negras, em parte, reconstruídas a partir de informações contidas em inventários, mas também alforrias, documentos de compra e venda etc. Se os resultados de análises quantitativas vindos deste trabalhos nos ajudam a pensar na presença negra mais em termos estruturais, não só na escravidão, mas também na liberdade, percebo que os trabalhos de hoje tem avançado em termos de problemas e abordagens. Não há mais a necessidade de provar empiricamente, serializar a documentação para provar que houve escravidão e que a liberdade sempre esteve presente, ou mostrar quantitativamente o predomínio e o protagonismo de mulheres negras buscando a liberdade, de que elas estavam majoritariamente no mundo do trabalho doméstico, por exemplo. Hoje a gente já parte desse dado, como um dado comprovado, que demanda que se refine e sofistique as questões e abordagens. Como exemplo os trabalhos que têm sofisticado a análise a partir das intersecções de gênero, raça e classe, do aporte teórico-metodológico de feministas negras, do pensamento de mulheres negras. Ainda que em diálogo com as produções anteriores, acordada sobretudo em E. P. Thompson, estes novos trabalhos certamente marcam uma nova inflexão historiográfica e informam formas outras de ler uma fonte, de perceber elementos em uma fonte, e produzir análises e resultados bastante diferentes, ainda que em diálogo. Então, respondendo à pergunta, as diversas peças que compõem um inventários viabilizam que acessemos informações qualitativas valiosas para o estudo de trajetórias, seja na escravidão ou na liberdade, e hoje presenciamos uma importante inflexão teórico-metodológica.

Quais fontes mais especificamente você usou nessa análise qualitativa? Você mencionou os inventários… E o que mais?

Então, aqui no Arquivo eu acabei buscando nominalmente – também é outro recurso bem importante que o Arquivo disponibiliza que é a busca nominal no site. Com auxílio deste recurso encontrei os inventários de apoiadores e fundadores do jornal, os testamentos que estão anexos aos inventários, também documentação de despejo, no pós-Abolição, inclusive você me ajudou a localizar esses documentos, que envolvem a irmã de dois dos fundadores de O Exemplo. Também encontrei outra ação de despejo, realizada pelo patriarca desta família, citado anteriormente, na década de 1880. Por meio desses despejos temos também os arranjos de moradia e as dificuldades de materiais de existência que a população negra enfrentou, mas também a formação de patrimônio e as possiblidades de renda e sobrevivência. Eu acho que foram essas fontes, que eu me lembro agora.

Queria pedir para falar um pouco sobre o “Exemplo”, porque quem vai ler a entrevista não está conhecendo o seu trabalho. Então queria lhe pedir para falar um pouco desse jornal.

Então, o jornal O Exemplo surgiu em Porto Alegre em 1892, bem no finalzinho do ano, sob iniciativa de oito jovens homens negros ou “homens de cor”, que era forma como eles se autonomeavam, se autoidentificavam, na barbaria do Calisto Felizardo de Araújo que, por sua vez, é um desses caras que consegui reconstituir e que venho reconstituindo a trajetória no pós-doutorado. Dois filhos dele, que também eram barbeiros, participaram da fundação, que é o Esperidião e o Florêncio Calisto. Também se fizeram presentes o Aurélio Júnior e o Sérgio de Bittencourt, dois filhos do Aurélio Viríssimo de Bittencourt, que o professor Paulo Moreira tem biografado,1 e outros quatro jovens “homens de cor” (Marcílio Freitas, Alfredo Souza, Arthur de Andrade e Arthur Gama). O projeto, o programa do jornal, era “defesa de nossa classe e o aperfeiçoamento de nossos medíocres conhecimentos”, que se desdobrou basicamente na luta contra o preconceito de cor e a luta por instrução. Esta última pode ser compreendida como a luta pela massificação do ensino, porque eles entendiam que a instrução seria a via de melhorar a condição da população negra no pós-Abolição, viabilizando o acesso a direitos ou a conquistas de direitos, como a cidadania política, mas também de lutar contra todos os males do preconceito de cor e erradicá-lo. Porque no entendimento deles, aí pensando na maneira como manejavam a ideia de raça, a raça não era algo que conferia uma diferença inata, a raça era uma construção social. Então na medida em que os “homens de cor”, para além deles, também se instruíssem, porque todo mundo era capaz de alcançar os saberes, bastando pra isso a oportunidade, todo o preconceito de cor cairia por terra Por meio de O Exemplo pretendiam mostrar que um homem negro também era capaz de aprender, bastando para isso oportunidade e condições de permanência. Associando instrução e cidadania eles construíam, manejavam, politizavam ideias de raça, e aqui localizo todo debate em torno da racialização. Nesse sentido, a luta registrada em O Exemplo era uma luta por direitos, por cidadania, por humanidade. Era, enfim, um projeto civilizatório, de humanidade, que eles tinham em vista, que eles encabeçaram por meio de O Exemplo. O jornal durou até 1930, teve várias pessoas que participaram, vários grupos que foram constituindo esse projeto e alguns desses nomes que fundaram seguiram por um bom tempo, ainda que com renovações no quadro. Um deles é o Esperidião Calisto, que é filho do já referido Calisto Felizardo de Araújo, proprietário do estabelecimento onde se deu a fundação do jornal. Então, se num primeiro momento a gente tem esse grupo mais reunido em torno desse coletivo formado pelos filhos do Calisto, pelos filhos do Aurélio, um funcionário dos Correios e um funcionário da Alfândega, um funcionário do Tesouro, um da Santa Casa, depois tem a entrada de militantes do movimento operário, mostrando também a aproximação das lutas promovidas por grupos negros instruídos e que viam no funcionalismo público um espaço de inserção profissional, com as lutas promovidas por homens negros operários e professores, inseridos no movimento operário. O Tácito Pires, por exemplo, aparece na historiografia do trabalho, mas não como homem negro e no O Exemplo a questão racial é por ele marcada o tempo todo. Tácito Pires era socialista e por meio dele é possível perceber como o socialismo informou e atualizou o projeto de O Exemplo, marcando o lugar do negro como um trabalhador do pós-Abolição e as especificidades que a raça conferia a essa condição. Este último ponto viabiliza ainda tensionar a prevalência da classe sobre a raça nos estudos sobre história do trabalho. A trajetória de Tácito Pires ajuda a problematizar a intersecção de classe e raça. A gente tem a entrada dos anarquistas também. Com o passar do tempo, outros grupos, outros vieses ideológicos informam o projeto. Então, em resumo, O Exemplo é um projeto múltiplo, plural, composto por pessoas com diferentes trajetórias, diferentes projetos, mas que se unem em torno de uma causa que é a luta contra o preconceito de cor e por instrução, por direitos e humanidade, fora outras bandeiras que acabam se somando.

Confira na semana que vem a segunda parte da entrevista com a historiadora Melina Kleinert Perussatto!

1 MOREIRA, Paulo R. Staudt; BITTENCOURT, Aurélio Viríssimo de. Burocracia, política e devoção. In: GOMES, Flávio; DOMINGUES, Petrônio (org.) Experiências da emancipação: biografias, instituições e movimentos sociais no pós-Abolição (1890-1980). São Paulo: Selo Negro, 2011. p. 83-107. MOREIRA, Paulo R. Staudt. O Aurélio era preto: trabalho, associativismo e capital relacional na trajetória de um homem pardo no Brasil Imperial e Republicano. Estudos Ibero-Americanos, v. 40, n. 1, p. 85-127, jan-jun. 2014.

Visitas Guiadas ao APERS – Fevereiro 2020

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Visitas Guiadas APERS

No mês de Fevereiro foram realizadas duas visitas guiadas ao conjunto arquitetônico do Arquivo Público do RS. Visitaram nossa instituição:

Dia 12: a família de nosso servidor Alvaro Antonio Klafre: filho André e a esposa Isabel, com a finalidade de conhecer o acervo e o conjunto arquitetônico do APERS.

Dia 19: 29 estudantes acompanhados pelo professor Marcelo da Silva, do Programa Jovem Aprendiz do Instituto Leonardo Murialdo.

Guia: Iara Gomide

Lembramos que semanalmente oferecemos visitas com duração de 1h30min em horários fixos: nas segundas-feiras às 14h30min e nas sextas-feiras às 10h. Para agendamento de grupos em outros horários, contate-nos pelo e-mail visitas@planejamento.rs.gov.br ou ligue para (51) 3288 9134.

APERS em Números – Fevereiro 2020

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Confira alguns dados relativos aos serviços prestados pelo APERS durante o mês de fevereiro:

– Assessoria SIARQ/RS: 01

– Usuários atendidos: 187

Em busca de certidões: 101

Servidores do APERS: 05

Pesquisadores: 81

Novos pesquisadores: 24

– Atendimentos aos usuários (em número de solicitações): 687

Certidões: 126

Servidores do APERS: 45

Pesquisadores: 516

– Indexação Sistema AAP (número de documentos incluídos/descritos): 660

– Indexação Sistema AAP (número de imagens de documentos indexadas): 24.643

– Visitas guiadas: 02

– Visualizações blog institucional: 7.732

Clique aqui e saiba mais sobre os serviços que o APERS presta a comunidade.

*Atualizado em 08/04/2020 – Assessorias SIARQ/RS

Comunicado: feriado do Carnaval 2020

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comunicado carnaval 2020

Prezados, informamos que o APERS estará com as portas fechadas na segunda e terça de Carnaval, retornando com suas atividades normais no dia 26/03 a partir das 13 h.

Agradecemos a atenção de todos e desejamos um ótimo Carnaval com responsabilidade e moderação. Veja alguns cuidados que podem ser tomados:

proser

Novidades para a edição de 2020 da Mostra de Pesquisa

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XV Mostra

Em edição comemorativa, a Mostra de pesquisa do APERS chega ao seu 15º ano de evento em 2020. E para comemorar, novidades estão a caminho. A equipe do Arquivo Público e a Comissão de Seleção e Organização estão elaborando um novo regulamento para os interessados em apresentar trabalhos no evento mais tradicional do Arquivo.

Por enquanto podemos adiantar que o evento acontecerá no mês de setembro e que o regulamento, com as datas e todas as normas para apresentação de trabalhos, será publicado no dia 04 de março.

Cole um adesivo no computador, anote na agenda, insira um lembrete no celular, tudo está valendo para não perder a divulgação do regulamento e os prazos.

AAAP convida: Festa das Etnias no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul

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A Associação dos Amigos do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul – AAAP, dentro do seu planejamento de atividades culturais, realizará, neste e nos próximos anos, ao longo do mês de março, a FESTA DAS ETNIAS em comemoração aos aniversários do Arquivo Público e de Porto Alegre.

Além de comemorar as duas datas, a Festa tem como objetivos ampliar o quadro de Amigos do Arquivo, obter doações de recursos para serviços de manutenção e recuperação de partes do patrimônio predial do Arquivo, e construir parcerias diversas.

Os eventos, que acontecerão nos espaços culturais do Arquivo, foram planejados e realizados em conjunto com entidades de cada etnia, como associações e clubes, para que possamos apreciar elementos culturais como música, dança, gastronomia, exposições e palestras.

As etnias convidadas para participar em 2020, observando a formação da cidade de Porto Alegre e a cronologia de imigração, foram: a portuguesa, as africanas, a alemã e a italiana. Nos anos seguintes, será mantida a ordem cronológica de chegada das diversas etnias ao Rio Grande do Sul.

Convidamos todos a participarem!

Festas das Etinas - Redes Sociais

Confira a programação detalhada no blog da AAAP: https://amigosdoapers.wordpress.com/2020/02/04/festa-etnias/

TransENEM realiza formação de professores no APERS

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No sábado, dia 15 de fevereiro, o TransENEM, Coletivo pela Educação Popular, reuniu-se nas dependências do Arquivo Público. Sua atuação tem como objetivo oportunizar o acesso de pessoas trans ao ensino superior, tendo, a partir de 2017, acolhido também pessoas LGBTQI+ cisgêneras.

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Para quem não sabe, pessoa transgênera é aquela que não se identifica com o gênero que lhe foi designado ao nascer, ao passo que pessoa cisgênera é aquela que se identifica com o gênero que lhe foi designado ao nascer.

No Auditório Marcos Justo Tramontini ocorreram atividades de formação de professores, discussões pedagógicas por área de conhecimento e encaminhamentos organizativos. Destaque para a fala do professor Blue Mariro, que tratou do tema “Ensino e acessibilidade: para além da teoria”.

O blog do APERS conversou com Alef de Oliveira Lima, Professor de Sociologia do Coletivo pela Educação Popular TransENEM POA, com Caio de Souza Tedesco, Professor de História e organizador do Coletivo pela Educação Popular TransENEM POA, e com Claudia Penalvo, pedagoga e fundadora do Coletivo pela Educação Popular TransENEM POA .

1) Vocês podem explicar os aspectos pelos quais a transfobia dificulta enormemente o acesso de pessoas trans ao ensino superior?

Alef – A transfobia é um tipo de violência estrutural, portanto, ela tem uma dimensão difusa. Quem não é uma Pessoa Trans vai ter dificuldades de entender um conjunto de micro-agressões cotidianas, frequentes e naturalizadas. Quando pensamos um ciclo de vulnerabilização das Pessoas Trans, estamos apontando que, por exemplo, a escola enquanto instituição social apresenta uma série de resistências para compreender as singularidades desse recorte populacional: a não garantia do nome social, a defesa de ideias cisheteronormativas (implicitamente), a naturalização das relações heterossexuais e a invisibilização do debate das identidades de gênero. Essa resistência é o principal aspecto de uma espécie de transfobia escolar. Se você frequenta um espaço que despreza ou apaga a sua identidade é comum que se opte pelo abandono desse lugar. A evasão de Pessoas Trans e sua intermitência na vida estudantil encampa justamente a dificuldade de acessar o ensino superior, porque esses sujeitos e sujeitas não alçam em completude todas as etapas da educação básica no Brasil. Em resumo: Pessoas Trans não ocupam, não ingressam nas universidades porque são evadidas da escola; depois, se começa a tentativa de conseguir um emprego formal que também é dificultado pela ausência de qualificação. Dessa forma, você verifica um ciclo vicioso que precariza a vida dessas Pessoas.

2) O que é o TransENEM e quais suas propostas e práticas para modificar essa situação?

Caio – O TransENEM é um coletivo de Educação Popular, que atualmente oferece um curso pré-ENCCEJA (para a conclusão do Ensino Médio), pré-ENEM e pré-vestibulares. Fundado em 2015, a partir de reuniões de elaboração do coletivo, iniciou as aulas em abril de 2016. Na época, funcionava como um curso pré-ENEM exclusivo para pessoas Trans – mulheres e homens transexuais, pessoas transgêneras não-binárias, mulheres travestis e transgêneres num geral. Todavia, a partir de outubro 2017 passou a acolher pessoas LGBTQI+ cisgêneras.

A própria criação do TransENEM é uma proposta para modificar essa situação, pois funciona como um espaço de Educação não-formal alternativo, buscando proporcionar um espaço de ensino-aprendizagem acolhedor e seguro para a população LGBTQI+, tendo em vista as questões mencionadas acima, das inúmeras violências físicas, psicológicas, simbólicas que pessoas LGBTQI+, sobretudo Trans, costumam sofrer nas escolas.

Tem duas frases que ex-alunes falaram no ano passado, que acredito possam elucidar isto. Primeiro, uma ex-aluna, ao ser questionada do que era o TransENEM para ela, respondeu “é um espaço”, e explicou a resposta curta, por ser um espaço no qual ela podia existir. No país que mais assassina pessoas transgêneras no mundo, isso é extremamente significativo. Ainda, outro aluno comentou, no decorrer de uma atividade, que não apenas se formou no Ensino Médio, mas “agora eu tenho um futuro e sonhos”.

3) A presença de professoras e professores trans gera uma identificação com alunas e alunos? Até que ponto isso facilita o aprendizado?

Alef e Claudia – Sim, a presença de professores Trans favorece a construção de regimes de identificação e representatividade. Trata-se, de compreender uma espécie de pedagogia do exemplo. Muitas vezes os/as alunes trazem história de desprezo e apagamento, e o próprio TransENEM se torna um vetor de desconstrução e acolhimento e favorece a produção de identidades positivadas.  Na medida em que se constrói um ambiente que favorece o bem-estar social e o respeito às Pessoas Trans, se inicia também formas de enfrentamento contra estigmas de aprendizagem. Isto é, existindo a respeito podemos aprofundar e desenvolver habilidades e competências dos/as/es nossos/as/es alunes de modo a contemplar um conhecimento socialmente situado que tenha sentido para todos. Não é apenas dizer que existe o ADC 26 (Ação de Inconstitucionalidade Direta para casos de homofobia e transfobia) é compreender como o documento nasce de uma luta social e por quais modos pode ser acionado, por exemplo, quando se faz um Boletim de Ocorrência em qualquer delegacia do país. Assim, se entende a aprendizagem enquanto um campo de prática. Dessa forma, entende-se que a prática educativa é uma prática política, antes de qualquer questão.

Caio – Enquanto professor trans, acredito que sim. É uma identificação que eu não tive durante a escola ou na graduação. O mais próximo que cheguei foi a professoras ou professores homossexuais, e já foi significativo.

Penso que a docência enquanto transgênero traz consigo alguns desafios que um(a) docente cis não passa, devido ao marcador de diferença, da transfobia e da ininteligibilidade/abjeção do corpo trans, que é um corpo que fala por si para além da cisnormatividade, da pretensa “normalidade”. Em outros contextos que não o TransENEM, isso traz consigo uma espécie de quebra e desestabilização das relações de poder, pois a pessoa trans, que supostamente estaria marginalizada, ocupa a posição de poder na relação professorie-alune.

Contudo, no contexto do TransENEM, há identificação, visibilidade, reconhecimento e empoderamento. E alune trans pode se enxergar numa posição de poder, pode se vislumbrar para além das margens. Além de ter como e professorie trans ume aliade, alguém com quem compartilhar situações e realizar trocas que com pessoas cisgêneras não seria possível pela falta de vivência em comum. Nesse sentido, ser docente trans para alunes trans é uma grande responsabilidade, também, pois não há muites professories transgêneres no coletivo. Atualmente somos quatro, ano passado fomos dois.

Também acho interessante mencionar que pessoas trans entram no coletivo, enquanto organizadories e professories a fim de participar de um espaço trans que proporcione uma possibilidade de produção de si enquanto trans – para além do ativismo/militância. Eu mesmo tive no TransENEM abrigo antes de ter nome e, em 2017, enquanto atuava enquanto “professora de História”, convivi com alunes trans que me auxiliaram a me assumir e viver enquanto o homem que sou.

4) Existem discussões sobre políticas para projetos de manutenção das pessoas trans na universidade, evitando a evasão?

Alef e Claudia – A pergunta é complexa demais. O TransENEM não é uma política pública educacional, trabalhamos na ausência dela e por causa dessa ausência: que fique evidente. Esse ponto deve ser debatido por toda a sociedade, pelas escolas, pelo MEC, não apenas o TransENEM que faz parte da iniciativa civil. Mas, nesse ponto devemos admitir que o próprio Coletivo é um bom exemplo de uma política afirmativa para pessoas trans nos espaços educacionais. Nossa pauta serve, justamente, para demonstrar formas possíveis de acolhimento e respeito – estamos dispostes a conversar com escolas e outras organizações para pensar estratégias de acolhimento e de permanência escolar e universitária para pessoas transgêneras.

Capturar

Para conhecer melhor o TransENEM:

Instagram: @transenempoa

Facebook: https://www.facebook.com/transenempoa/

e-mail: transenempoa@gmail.com

Vakinha: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/transenem-porto-alegre-2018

Entrevista com Maíra Inês Vendrame – parte 2

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logo apers entrevista

Na parte anterior da entrevista, Maíra Vendrame nos contou sobre sua trajetória de pesquisa. Confira continuação!

Maíra, a gente percebe no seu trabalho uma influência bastante significativa da micro-história. Queria lhe pedir para falar um pouco sobre isso.

Bom, como entra a micro-história na minha pesquisa? Eu acho que a fonte judicial ajudou nesse sentido… Quando eu comecei a olhar para a fonte judicial, me interessava muito mais por aquilo que passava despercebido nas falas das testemunhas. Eu me interessava muito pelos relatos dos réus, vítimas e depoentes, por aquilo que eles diziam sem perceber. Era um caminho para buscar entender o modo como eles entendiam o seu mundo, o que pensavam em relação à justiça. Aí a micro-história entra também nesse sentido, porque é olhar para esses depoentes e tentar buscar uma racionalidade, tentar buscar uma lógica, buscar entender quais eram as concepções de justiça. Também têm outros elementos da micro-história, se nós pensarmos na questão de redes, de tentar construir  as conexões entre esses indivíduos que vão aparecendo em vários processos e que vão se protegendo. Outra influência da micro-história é o cruzamento de fontes de  origens diversas para procurar complexificar mais essa realidade estudada, tentar entender outras motivações que levavam as pessoas a tal comportamento, a cometer um crime, a reagir de uma determinada forma. Quando eu li A Herança Imaterial,[1] não lembro exatamente qual o capítulo, do Giovanni Levi, teve um momento que me chamou muita a atenção, pois ele usa a expressão “tribunal de grupo”, quando apresenta uma história de uma camponesa do Piemonte, onde uma série de articulações privadas é realizada no momento em que está ocorrendo um embate judicial entre duas famílias. Bom, aí eu comecei a pensar no Sório e na formação de um tribunal de grupo quando da sua morte. Mas, também, eu fui ler outros trabalhos, que não foram traduzidos para o Brasil, mas que são trabalhos de historiadores contemporâneos a Giovanni Levi: Carlo Ginzburg e Edoardo Grendi, que estão discutindo a micro-história e uma história local na Itália. Eles vão pensar muito essa questão dos usos da justiça, dos usos que os camponeses vão fazer das esferas da instância judicial, os usos que eles vão fazer do recurso da justiça. Pensar a partir da lógica dessas pessoas. Junto com esses usos da justiça, eles estão discutindo também esses grupos em uma esfera comunitária, grupos de oposição que são formados a partir de laços parentais ou outros vínculos, e que vão entrar em disputa por poder. Eles vão não só pensar a questão judicial, mas eles estão pensando disputas por poder local, as parentelas, os vínculos que agregam essas pessoas, aquilo que também as afasta e o momento em que os vínculos vão ser acionados. Então, os trabalhos de micro-história irão auxiliar a pensar muitas dessas questões na minha pesquisa, a comunidade, o espaço local, essa configuração e cartografia social de uma determinada comunidade.

2020.02.12 Maíra

Eu queria lhe perguntar se você vê como uma coincidência ou uma coisa que tem relação com a outra, porque tenho a impressão de que à medida que você se aproxima da micro-história, você se aproxima das fontes do Arquivo Público. Você acha que há uma relação entre uma coisa e outra ou não?

Eu acho que sim. Eu acho que foi exatamente quando passei a me dedicar aos processos-crime de forma mais intensa, e isso ocorreu no doutorado, que eu me aproximo da micro-história. Porque esse pessoal que está discutindo micro-história lá na década de 1970 na Itália, eles estão dialogando também com as fontes judiciais. Eles estão pensando na comunidade, estão pensando em determinado território, eles estão discutindo, principalmente, com as fontes judiciais. Aí entra as cartoriais e entra também as paroquiais, mas muito as judiciais. Edoardo Grendi, por exemplo, toda sua obra a gente não tem traduzida para o Brasil, a gente conhece mais o Giovanni Levi e o Carlo Ginzburg, que vai trabalhar com processos inquisitoriais. Esse povo que está dialogando na década de 1970, vão trabalhar com as fontes judiciais. Eu acho que essa aproximação, agora, continua. A micro-história e os processos-crime continuam muito presentes na minha pesquisa, porque eu acho, não só os processos-crime, mas esses como fonte principal, pois a partir deles eu vou puxando outros fios que me levam para  novos documentos e  problemas de pesquisa. Essa história do Padre Sório e outros crimes que eu encontro na documentação, nos processos-crime, muito mais do que os delitos em si, a violência, e o quanto ele foi impactante para a época, o que interessa e o que procuro ver são os questionamentos que consigo tirar desses episódios. Por exemplo, no caso dos crimes que analisei, o importante é perceber essa justiça privada e os usos da justiça oficial que imigrantes e descendentes faziam, satisfazendo uma lógica de justiça própria. Então isso ultrapassa o mundo da região colonial, o mundo dos imigrantes, e aí a minha aproximação com a micro-história também me permite fazer isso. Enquanto método, ajuda a estabelecer relações e pensar para além do grupo dos imigrantes. Os questionamentos feitos através dos casos específicos envolvendo os imigrantes podem ser aplicados para entender os comportamentos em outras comunidades camponesas, em uma outra época, outro território. Então, o que eu consigo levar para além disso, além dessa comunidade, além desse crime, além desse conflito? Aí entra muito a discussão de escala. Uma pergunta para o geral, um problema para o geral, para uma história mais geral, que parte do micro, que parte de uma experiência sempre micro, que parte sempre de uma análise minuciosa de um caso e das relações entre aqueles indivíduos.

 

[1] LEVI, Giovanni. A Herança Imaterial. Trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

Estágio Curricular em História APERS – Edição 2020

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O Estágio Curricular em História é um dos serviços educativos oferecidos pelo Arquivo Público do Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por uma série de atividades destinadas ao cumprimento de estágio curricular obrigatório ou para horas complementares exigidas para integralização dos Cursos de Bacharelado e de Licenciatura em História. Tem como objetivo oportunizar, aos graduandos, vivências relacionadas aos fazeres dos historiadores em instituições arquivísticas.

cartaz

Para esta edição, serão oferecidas quatro vagas, destinadas aos alunos do Curso de Bacharelado em História, preferencialmente. Para saber mais detalhes, acesse aqui o Regulamento do Estágio Curricular em História APERS.

As inscrições serão realizadas pelo e-mail projetos-apers@seplag.rs.gov.br, de partir de 09 de março até 19 de março. Os interessados devem encaminhar nome completo, telefone para contato e anexar à mensagem o comprovante de matrícula no qual conste a disciplina de estágio ou carta de apresentação da instituição, para os alunos de licenciatura, conforme instruções contidas no regulamento.

Outras informações podem ser solicitadas pelo e-mail indicado ou pelo telefone 51 3288 9126.

*Atualizado em: 11/02/2020

Entrevista com Maíra Inês Vendrame – parte 1

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Maíra Ines Vendrame é professora de História na Universidade do Vale do Rio dos Sinos desde 2015. É licenciada em História pelo Centro Universitário Franciscano (2004), mestre (2007) e doutora (2013) em história pela PUC-RS, com estágio na Università degli Studi di Genova. Realizou estágio pós-doutoral no programa de pós-graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria (2013-2015). Autora de “O poder na Aldeia: redes sociais, honra familiar e práticas de justiça entre camponeses italianos (Brasil-Itália)” (Editora Óikos, 2016) e de “Lá éramos servos, aqui somos senhores: a organização dos imigrantes italianos na ex-colônia Silveira Martins (1878-1914)” (Editora UFSM, 2007). Recebeu prêmios no Brasil e no exterior, dentre os quais o prêmio ANPUH-RS de teses.

Maíra, eu queria começar lhe pedindo para falar um pouco sobre sua trajetória como pesquisadora.
Ok. Eu comecei a pesquisar já na graduação, tive um contato intenso com a documentação primária. Na graduação eu também tive contato com processos-crime, e depois vou utilizar essa fonte no mestrado e no doutorado. É uma fonte que eu vou me aproximando lentamente, muito por conta da minha orientadora, que era a Nikelen Witter, que trabalhou no seu mestrado com fonte criminal, com um processo-crime em especial. Iniciei a pesquisa pensando as crenças agrárias e pagãs entre os descendentes de imigrantes da Quarta Colônia. Aí, fui para as fontes criminais, mas eu não encontrava processos que me indicassem para essas questões, para essas crenças, para esses cultos agrários. Eu conseguia informações sobre eles a partir de outras fontes. Por isso, não me dediquei tanto às fontes criminais nesse primeiro período da graduação. Mas no mestrado, fui me aprofundando dentro da temática da imigração, que sempre foi meu interesse, trabalhar com o mundo dos imigrantes e descendentes italianos no Rio Grande do Sul. Algo que me incomodava na leitura dos livros era a maneira como a historiografia clássica tratava as regiões de colonização italiana. Sempre de uma forma muito apologética, laudatória, de uma maneira em que esse grupo imigrante era visto como um grupo muito ordeiro, religioso, trabalhador, católico e excessivamente católico. Nessa historiografia não havia conflitos. Eu não encontrava nessa historiografia as crenças pagãs também. É importante também dizer que a minha trajetória acadêmica está muito ligada ao mundo de onde eu venho. Cresci em uma comunidade de descendentes de imigrantes italianos, uma comunidade rural, então, eu trazia muitas perguntas que questionavam essa historiografia clássica. As experiências que tive na minha infância, na minha comunidade, que aparentemente é um mundo muito pacato, tranquilo, mas se você vive lá, se você passar lá uma semana, você começa a ver o quanto é um mundo permeado por tensões, conflitos, lógicas diferentes e dramas entre famílias e entre vizinhos que não são diferentes de uma outra realidade. No mestrado ainda, eu comecei a olhar a documentação do Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria, que me mostrava os imigrantes da colônia Silveira Martins. Essa colônia pertencia a Santa Maria. Essa documentação me mostrava que esses imigrantes davam muitos problemas para a municipalidade, principalmente nas questões de impostos, porque eles não queriam pagar impostos. Também se negavam a prestar serviço militar.

2020.02.05 - MaíraNão colaboravam com a conservação das estradas… Essas fontes da municipalidade, requerimentos, cartas, pedidos, me indicavam um mundo conflituoso. A partir daí, eu comecei a olhar para alguns processos-crime. No mestrado eu trabalhei com dois processos, um envolvendo alistamento militar. Esses imigrantes se negaram a se alistar e então se abriu um processo. O outro processo era em relação aos impostos. Então eu analisei esses dois processos, mas foram só esses. Toda essa documentação me indicava para esse mundo permeado por conflitos internos, tensões internas e também com o mundo externo, com a municipalidade de Santa Maria. Tudo isso questionava aquele ideal do imigrante ordeiro, pacífico e desejado. As autoridades não estavam tão felizes com os imigrantes da colônia Silveira Martins no seu início, eles estavam dando problemas, eles eram um problema, porque além de se revoltarem e não quererem pagar os impostos, eles viviam lá na Câmara Municipal fazendo solicitações. Isso, eu acho que eles trouxeram do seu país de origem, essa relação com as instâncias administrativas, essa demanda constante. Então, no mestrado, consegui questionar a historiografia clássica sobre a imigração italiana, que tratava as regiões de colonização italiana de forma harmônica e ordeira; e também perceber que existia um projeto de comunidade. Quando esses imigrantes vêm, eles trazem um projeto de criar comunidades autônomas. É por conta desse projeto autônomo de comunidade que vão ocorrer constantes conflitos internos entre as comunidades, de grupos de imigrantes com padres e entre grupos de comunidades diferentes, muitas vezes, tendo como liderança alguns sacerdotes. Mas o que significa um projeto autônomo de comunidade? É ter uma igreja. Ás vezes a gente vê 4 km de distância uma comunidade com uma igreja, uma capela, um padre residente; ter uma independência, ter seus comerciantes, seu centro, então era um pouco nesse sentido. É no doutorado que vou trabalhar de forma bastante intensa as fontes criminais. Também vou trabalhar com inventários e registros cartoriais, são todas fontes do Arquivo Público. Durante o doutorado, boa parte fiquei pesquisando no Arquivo Público, pois queria ver o imigrante no banco dos réus. Uma pergunta que eu me lembro lá da graduação: “Eu quero encontrar o imigrante no banco dos réus”, que pergunta boba. Só que, tinha um caso que ainda é muito conhecido na região da Quarta Colônia, que era história de um padre que havia sido morto numa das estradas da região colonial. “Eu tenho que encontrar esse processo, eu tenho que encontrar essa investigação!”, porque essa história ainda é contada. Esse padre foi encontrado ferido numa das estradas da região colonial, da colônia Silveira Martins, muito ferido, em dezembro de 1899. Ele é levado para casa paroquial e depois de três dias ele falece. A história desse padre já havia sido pesquisada pelo Luiz Eugênio Véscio, no livro O crime do padre Sorio. Nesse livro, Véscio procura analisar o conflito entre Igreja Católica e Maçonaria, tendo por base essa história do crime. Véscio levanta três versões sobre a morte do padre: uma é a versão da comunidade, que o padre teria sido atacado por um grupo de indivíduos e batido no baixo-ventre. Essa é uma versão muito forte ainda na região colonial. Outra, que o padre teria caído do cavalo. Essa é a versão oficial, o padre cai do cavalo e morre em consequência dos ferimentos. A outra versão é que o padre teria sido atacado pela Maçonaria, pelo grupo de Maçons da localidade. Véscio vai analisar essa última versão, busca entender como essa versão é construída na década de 1940, quando há um grande conflito entre Igreja Católica e Maçonaria. Essa história envolvendo a morte do padre Sório me instigava muito e eu queria entender o porquê dessa versão do crime no baixo-ventre. Em que contexto social e cultural surgiu essa explicação de que o padre teria sido alvo de uma emboscada e um crime onde a violência é no baixo-ventre? Porque na versão acreditada pela comunidade o padre teria abusado sexualmente de uma moça e por conta disso ele teria sido batido nas partes genitais. Sório vem a falecer, mas antes ele dita o seu testamento. No inventário é possível verificar que ele deixa muitos bens, que havia acumulado um patrimônio material e que era uma liderança local muito forte. Apesar disso, não localizei o processo-crime. Não tem processo-crime. O que eu faço? Como vou entender esse contexto social e cultural? Conhecei então a analisar outros crimes que ocorreram na região colonial, na colônia Silveira Martins; homicídios, agressões, defloramentos. Queria tentar entender um pouco esse contexto das punições, das vinganças, dos crimes de honra, honra familiar que é um dos temas que vou tratar na minha tese. Começo então a perceber que as emboscadas nas estradas eram muito frequentes. Atacar um indivíduo na estrada era uma forma de punição e a violência direta, a violência física era uma forma de resolução dos impasses nesse contexto colonial. Porém, tem algo que eu vou também perceber, mas que está ligado bastante à história do padre, não teve processo-crime, mas o padre ditou o testamento, mas não conseguiu assiná-lo. Ele foi assistido por sete testemunhas. Essas testemunhas eram lideranças locais. Eu comecei a me questionar se não teria havido uma espécie de tribunal de grupo, que teria impedido a abertura de uma investigação. Eu comecei a perceber que existiam elementos e indícios que poderiam solidificar essa minha hipótese. Indo para os processos-crime, começo a perceber que existia uma justiça privada, uma justiça paralela. Existiram práticas de justiça privadas, que eram resolvidas localmente, que passavam pela articulação familiar, da parentela, entre os vizinhos, e que muitas vezes se usava a justiça do Estado para conseguir resolver esses impasses privados. Então, eu entro nesse mundo, nesse mundo de práticas de justiça extraoficial e extrajudicial, mas que vão dialogar também com a justiça do Estado. Foi muito importante para mim, na minha pesquisa, o cruzamento de fontes e eu acho essencial cruzar processos-crime com outras fontes. Quando eu comecei a usar tal método, fazer uma análise qualitativa de alguns processos e confrontar com fontes cartoriais e paroquiais, percebi que enquanto um indivíduo estava respondendo no tribunal a uma denúncia, existia uma série de articulações na comunidade para resolver os impasses. Por exemplo, um acordo de pacificação firmado em cartório. Aí eu ia entender por que as partes não apareciam num último momento do processo-crime, ficando assim certos comportamentos mais claros para mim. O cruzamento de fontes me permitiu ver de forma mais clara essa articulação local quando surgiam impasses, quando surgiam conflitos que não conseguiam conter localmente.

2020.02.12 MaíraO conflito surge e decorre de uma série de pequenos embates e pequenas tensões que não são controladas. Tanto que no processo sempre aparecia as expressões “Questões antigas” e “Questões antigas, questões de honra familiar”, num processo de homicídio. O que é isso? Num determinado momento, a agressão entre as partes se tornava incontrolável, mas não era algo de momento como o processo deixa a entender; foi algo no bar, na estrada, os indivíduos se exaltaram, um feriu o outro; não era algo de momento, o confronto era a consequência de uma série de provocações e “questões antigas” que, muitas vezes, não aparecem de forma tão explícita naquele processo, naquele documento. Foi interessante também perceber, a partir da minha análise das fontes, que nessas regiões coloniais – e estou me referindo, principalmente, à região central do Estado –, existiam frentes de punição e proteção. Isso pude perceber através de vários processos-crime abertos na sequência, onde eu conseguir ver que os réus se repetiam na documentação, que os envolvidos se repetiam nesses processos. Comecei a perceber que existiam frentes de proteção e punição. O que são essas frentes? Grupos de famílias, vizinhos, aparentados que se reuniam para punir e se proteger quando necessário. Nesses casos, o tipo de punição variava quando era para alguém do grupo étnico e quando era para alguém do grupo negro, que era sempre mais agressiva. Aqui entram os linchamentos, e encontrei vários na região pesquisada. Vários linchamentos com os mesmos grupos de imigrantes envolvidos e, também, com a conivência das autoridades locais, com um certo “Vamos deixar eles fazerem a sua justiça”. Em relação a isso, eu comecei a me questionar também, que é algo que eu acho que foge do grupo étnico e que se pode levar para outras pesquisas, que é um pouco de como essa justiça republicana funcionava localmente. Ela funcionava obedecendo essas práticas locais e tradicionais de justiça. O delegado e o subdelegado deixavam os grupos resolverem seus conflitos, e isso dá para perceber através de alguns processos-crime, principalmente nos casos de linchamento contra negros. Chegavam atrasados para fazer o corpo de delito, não repetiam o inquérito para as autoridades distritais, é uma série de elementos que vai apontando para essa articulação local e a forma como essa justiça funcionava localmente. Voltando um pouco ao caso do Padre Sório, essas características que fui encontrando nesses processos-crime me ajudaram a ler melhor o que teria acontecido com o Padre. O silenciamento da comunidade e a formação de um tribunal de grupo que não permitiu a abertura do processo-crime e de uma investigação. Logo que o padre morreu, a versão oficial para a morte é queda do cavalo, mas existem registros de contemporâneos da época do padre que afirmam que existiam suspeitas de que o padre teria sido alvo de uma emboscada e “batido no baixo-ventre”. Então, existia essa explicação na época, só não teve processo-crime. Analisando a documentação, comecei a perceber que as autoridades distritais da colônia Silveira Martins, no momento da morte do padre, o subdelegado, o juiz distrital, que eram luso-brasileiros, e estavam vivendo um conflito com o Padre Sório, um conflito de poder local. Era um momento bastante tenso na comunidade, estavam ocorrendo eleições, o padre criticava o comportamento das autoridades públicas e incentivava os imigrantes a não comparecerem para votar. Então isso tudo indicava que para as autoridades locais era bom não abrir um processo e para a comunidade também. Porque aquilo era muito feio, o padre sofrer uma emboscada e morrer em consequência dos ferimentos no baixo-ventre, e ele morreu em consequência dos ferimentos no baixo-ventre. Para os imigrantes e descendentes, que eram do mesmo país, todos eles italianos, conterrâneos… e aí ela se fecha para se proteger. Então, tudo isso me levava a entender assim: essa comunidade era permeada por conflitos, todas elas são permeadas por conflitos, mas existem momentos em que a solidariedade vem também, onde elas acionam essa solidariedade. O padre tinha bases de apoio, redes fortes, que eu busquei construir na tese, redes parentais que foram construídas a partir dos registros de comparecimento na pia batismal como padrinho dos filhos dos imigrantes, além dos vínculos formados através de uma associação de mútuo socorro que ele próprio havia fundado. Então, no momento em que era necessário, essas se fizeram fortes, que foi quando da morte do padre e do silenciamento por parte de todos. Na minha tese de doutorado, apesar de eu ter pesquisado essa versão da emboscada e de um crime, um crime de honra, não busquei desvendar se realmente o padre foi “batido no baixo ventre”, ou castrado, por ter se envolvido sexualmente com um moça da região. Não foi possível perceber através das fontes escritas a prova definitiva que confirmassem a explicação do castramento. Para além disso, o que me interessava muito mais era entender onde teria surgido essa versão de um crime emboscada, esse mundo social e cultural, mais do que comprovar se realmente o padre teria sido castrado ou não. Mas é certo que o crime existiu, porque era num momento bastante tenso, o padre tinha muitos rivais. Se não foram os imigrantes por questões de honra familiar, foram as autoridades, imigrantes e luso-brasileiros por conta das tensões políticas locais naquele momento.

Confira, na próxima semana, a continuidade da entrevista com a historiadora Maíra Ines Vendrame.

Atividades SIARQ/RS – Janeiro 2020

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O Arquivo Público do RS, enquanto Órgão Gestor do Sistema de Arquivos do Estado do Rio Grande do Sul – SIARQ/RS, atua para efetivar a gestão documental nos órgãos do Poder Executivo. Durante o mês de janeiro os servidores dedicaram-se às atividades que listamos abaixo:

Dia 14: A arquivista do APERS, Maria Cristina Fernandes, esteve na Secretaria da Saúde para auxiliar quanto ao levantamento de produção documental e a construção de estratégias para a gestão documental naquele órgão. Participou pela Saúde o arquivista Carlos Henrique Armani Nery.

Dia 24: No Banco de Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul S.A. (BADESUL), os arquivistas do APERS Maria Cristina Fernandes e Cléo Belicio participaram de reunião de assessoria técnica, para orientações sobre gestão documental e atividades desenvolvidas pelo SIARQ/RS. Participaram pelo BADESUL: Beatriz Acioli, Clarissa Melo Cogo, Luciani Amaral, Clayton e Márcia Santana.

Em janeiro, o Arquivo Público analisou nove (09) Listagens de Eliminação de Documentos visando a aprovação, recebidos por processos administrativos, conforme estabelecido pelo Decreto 52.808/2015, em seu Art. 6º, parágrafo V.

E, neste mês, foram recebidos na caixa do e-mail assuntos-proa@planejamento.rs.gov.br, vinte e cinco (25) e-mails de diversos órgãos, referentes a solicitações, esclarecimentos de dúvidas com relação à atribuição de assuntos no Sistema PROA. Além desses, na caixa de correio do SIARQ/RS foram recebidos quatro (04) e-mails com questões sobre gestão documental.

Para solicitar assessoria ao SIARQ/RS, visando implementar as normativas e os instrumentos de gestão documental, pode entrar em contato pelo e-mail siarq-apers@planejamento.rs.gov.br ou telefone (51) 3288-9114.

Visitas guiadas ao APERS – Janeiro 2020

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Visitas Guiadas APERS

No mês de janeiro foram realizadas cinco visitas guiadas ao conjunto arquitetônico do Arquivo Público do RS. Visitaram nossa instituição:

Dia 10: nesta quinta-feira visitaram o Arquivo as professoras Gisele Soares Vieira, Aline Pereira da Silva e Camila Gonçalves Rodrigues, do SENAC/RS com a finalidade de conhecer o acervo e os processos técnicos do APERS.

Dia 13: nesta segunda-feira recebemos a visita de Natally Ferrari, funcionária do 5º Tabelionato de Notas de Porto Alegre (Tabelionato Manica) para conhecer nosso acervo.

Dia 14: recebemos a visita de Sedinei Beber, servidor da Secretaria da Fazenda, com objetivo de conhecer nosso acervo e o conjunto arquitetônico.

Dia 17: nesta sexta-feira recebemos a visita de Luiz Carlos Weizenmann, especialista em Direito Notarial e Registral, com objetivo de conhecer as instalações do acervo do Arquivo.

Dia 20: 12 estudantes acompanhados pelo professor Marcelo da Silva, do Programa Jovem Aprendiz do Instituto Leonardo Murialdo.

Guia: Iara Gomide.

Lembramos que oferecemos, semanalmente, visitas guiadas ao conjunto arquitetônico, com duração de 1h30min, nas segundas-feiras às 14h30min e nas sextas-feiras às 10h. Para agendamento de grupos em outros horários, contate-nos pelo e-mail visitas@planejamento.rs.gov.br ou ligue para (51) 3288 9134.

APERS em Números – Janeiro 2020

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Confira alguns dados referentes aos serviços realizados no APERS durante o mês de janeiro:

– Assessorias SIARQ/RS: 02

– Usuários atendidos: 241

Em busca de certidões: 153

Servidores do APERS: 07

Pesquisadores: 81

Novos pesquisadores: 24

– Atendimentos aos usuários (em número de solicitações): 985

Certidões: 392

Servidores do APERS: 49

Pesquisadores: 544

– Indexação Sistema AAP (número de documentos incluídos/descritos): 817

– Visitas guiadas: 05

– Visualizações blog institucional: 6.960

Clique aqui e saiba mais sobre os serviços que o APERS presta à comunidade.

Entrevista com Arlene Guimarães Foletto – parte III de III

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Na semana anterior, a historiadora Arlene Guimarães Foletto vinha explicando as relações entre as escalas macroscópica e microscópica em seu trabalho. Confira a parte final de sua entrevista!

Que pesquisas você tem feito mais recentemente aqui no Arquivo Público?

Então, a partir de 2011 quando eu estava no Instituto Federal, lá em Santa Catarina, comecei a desenvolver pesquisa com fontes primárias com os meus alunos de Ensino Médio, montamos um grupo de pesquisa, e digamos: “metemos as mãos nas fontes”. Inclusive, uma questão muito interessante, a ideia emergiu dos alunos, foram eles que me procuraram com objetivo de fazer pesquisa na área de História. Na época eu ainda estava enrolada com o final da tese, disse para eles que eu iria pensar e que dava retorno. Inicialmente começou com um grupo de três alunos, que logo virou sete. Comentei com eles que poderíamos trabalhar, mas como eu estava muito envolvida com as questões do doutorado, ir para outro espaço pesquisar seria difícil para mim. Então propus para eles que pesquisassem o espaço que eu já pesquisava. Na época tinha todo o tabelionato para Itaqui levantado e não estava utilizando tal fundo de uma forma quantitativa. Propus que começassem a trabalhar com as fontes notariais. A partir de 2011 os alunos foram se alternando, uns saíam, porque terminavam o curso, outros ingressavam… Entre 2011 e 2014 trabalhamos com o tabelionato: tabelamos a fonte e a partir daí fizemos uma série de estudos, desde a mercantilização da terra, arrendamento, sobre dívidas, hipotecas explorando o fundo notarial. Em alguns momentos eles vieram até o Arquivo para conhecer, para ver de onde havia saído aquele material que eles estavam trabalhando, em outros momentos a gente utilizava outras fontes daqui do Arquivo para complementar nossas análises, chegamos até a trabalhar com os processos-crime. Fazíamos todas as etapas de uma pesquisa de iniciação cientifica: transcreviam a fonte, tabelavam, liam textos pertinentes, discutíamos, analisavam os dados, escrevíamos… Apresentávamos os resultados, em diferentes eventos, sempre ganhando algum destaque. Isto enche o coração de qualquer professora de orgulho!!! Eram alunos do Ensino Médio sendo historiadores, sabe… Agora, eu não estou no IF, estou aqui no Colégio de Aplicação e neste ano eu consegui dar continuidade a este trabalho. Agora, no Aplicação, com autos de processos crimes, que é com o que estou trabalhando no pós-doutorado. A estudante que começou a trabalhar comigo, tem outra perspectiva, diferente da minha, quis trabalhar com a temática de gênero. E assim fizemos… Inclusive ganhamos destaque no Salão Jovem UFRGS. Bom, e eu, o que estou fazendo agora? Neste ano de 2019 foi a primeira vez que eu tive dedicação exclusiva para estudar. Então é a primeira vez que, digamos assim, eu consegui me dedicar ao ofício de historiar. Estou como pós-doutoranda da pós-graduação da UFRGS, trabalhando sob a supervisão do professor César Augusto Guazzelli, que foi meu orientador no doutorado e, mais uma vez dei outra guinada na temática que pesquiso. Sabe, eu teria uma quantidade significativa de possibilidades de pesquisa nas fontes que já tenho levantadas comigo. Mas não consegui ficar apenas com elas… Tive que retornar ao arquivo, fazer um novo levantamento, isto é mais forte que eu [risos]! Contudo, mantenho a ideia de rastrear trajetórias para chegar às redes de relações e à importância da qualidade, reciprocidade, dos vínculos para a construção de um capital relacional. Durante a própria tese me dei conta que seria muito efetivo perceber esta questão através dos autos criminais. Então, eu estou levantando todo o fundo criminal para a Paróquia de São Patrício de Itaqui, hoje já tenho 771 processos-crime levantados, no momento estou olhando todos e separando os que são considerados válidos de acordo com o critério que escolhi, ou seja, os que se passam no universo rural, ou envolvem indivíduos ligados a atividades rurais. O que eu quero com tal pesquisa? Quero ver se a elite cometia crimes, e quais eram eles. Eu continuo tentando estudar de uma forma mais efetiva como o grupo que monopolizou a terra, gado, cargos militares e agora, também nesta nova perspectiva, cargos políticos e judiciários, se envolvia com a prática de atos tidos como ilícitos a partir do Código Criminal do Império. Também almejo tentar perceber o comportamento da Justiça em relação da posição das partes dentro da hierarquia social, como essa se comportava de acordo com posição dos envolvidos, sempre mantendo o foco nos membros da elite local. É bastante coisa, os números estão se mostrando bem significativos. Escolhi este enfoque porque praticamente não temos estudos que mostrem a(s) elite(s) cometendo crimes e caindo consequentemente nas malhas da Justiça. A maior parte dos estudos dentro do crime e da criminalidade se dedicou a trabalhar com o com os grupos “de baixo”, da hierarquia social. São trabalhos sensacionais, que deram “voz” a uma gama variada de indivíduos, suas vontades, suas estratégias cotidianas….

2020.01.22 Arlene Guimaraes

Tendo contato com esta historiografia, e a partir de estudos clássicos dentro da área, que resolvi então pensar a elite local, utilizando o conceito de criminalidade, mas também tendo como perspectiva o conceito de impunidade. Qualquer semelhança desses autos com a nossa realidade, provavelmente, não é mera coincidência. A elite, sim, está presente na amostra, e é numa parcela bastante significativa. Neste segundo semestre, além do levantamento, comecei a tabular tais dados. Como exemplo: apenas uma das famílias que pretendo continuar rastreando está presente em 9,5% dessa amostra dos autos criminais. É muita coisa! Só uma família, sem ir para a parentela, amigos e subordinados. O que indica que a porcentagem aumentará na medida em que os nomes dos autos criminais forem cruzados com outras bases quantitativas que já tenho: batismos, casamentos, registros paroquiais de terras, listas da Guarda Nacional, listas de votantes e votados da câmara, com vereadores e juiz de paz, tabelionato. Assim, podemos ver compadres, alianças matrimoniais, vizinhos, subordinados, amigos e se os vínculos se tornavam efetivos no momento eu que a Justiça “entrava no meio”…

Muito abigeato?

Pois então, “quando eu fui para o crime”, partindo dos números encontrados pela Mariana Thompson Flores, eu esperava que o número de furto de gado fosse maior, tanto é que o projeto do pós-doc é sobre furto de gado. Claro que esta prática era também corriqueira, durante a segunda metade dos oitocentos, do outro lado do rio Ibicuí. Contudo, a maior parte dos processos é de homicídios, tentativas de homicídios, ferimentos. Apesar de estarmos em outro momento, melhor dizendo, de em tese estarmos em uma sociedade capitalista onde os delitos e as formas de punição, discutidas pelos ilustrados da época e previstas em leis já retratam outro modelo, ao que tudo indica, no microcosmos as coisas ainda eram resolvidas ainda no corpo, digamos assim… Sabemos que a construção do Estado carregava consigo uma série de ambiguidades. Apesar de o Código Criminal ser considerado avançado para o período, ter servido de exemplo inclusive para outros Estados, ele carregou consigo a escravidão. Isto deve ser levado em consideração, em conjunto com a manutenção do status quo, uma contradição e tanto para uma sociedade que se pretendia moderna e civilizada, e obviamente isto se refletia nas relações tanto entre os indivíduos como nas instituições. Bom, acho melhor parar, caso contrário não vamos concluir… Mas se ainda tiver um tempinho, gostaria de mencionar que no momento encontro-me com uma grande dúvida: penso que talvez tenha encontrado um “excepcional-normal”. Mais uma vez o Arquivo me deu um presente. É o caso do Lucidoro Camarú. Um [processo de] homicídio composto por cinco volumes. Só o inquérito policial deste processo conta com quarenta e sete testemunhas! Ele é do final do Império, de 1889. Quando eu comecei a olhar esse processo eu pensei: “não, vou ter que parar a pesquisa para pensar um pouquinho sobre isso”. Resolvi, então, ir até 1890 para fechar redondinho o período. Abri mais algumas caixas para terminar a amostra, e acabei localizando uma tentativa de homicídio, contra o mesmo indivíduo. Até brinquei com o pessoal lá da sala de pesquisa: “Como assim? Tentaram matar um morto?” Possivelmente, quando os processos chegaram até ao arquivo, foram catalogados fora da ordem, assim pela numeração, ele foi arquivado depois. Contudo, quatro meses antes no mesmo ano de 1889, tentaram matar o Camarú, e este auto, tem dois volumes. Assim, entre tentativa e êxito, temos sete volumes. Número considerável para os padrões da época. Óbvio que ambos os processos “conversam” entre si. A vítima, Camarú, era um jornalista republicano, provavelmente mestiço, que montou uma tipografia e começa a incomodar a elite local através das notas contidas em seu periódico, às vezes por mencionar nomes, às vezes por fazer crônicas, às vezes por aparentemente apenas noticiar as decisões da Câmara Municipal. Na tentativa de homicídio, o promotor e o delegado estão envolvidos como mandatários. Os que praticaram o ato, em algum momento foram subordinados a eles ou a outros membros da elite, então os vínculos de clientelagem aparecem. No homicídio em si, são praças de polícia e da marinha que cometem o assassinato a mando de membros da elite local, que além de ter terras e rebanhos, tinham patente militar e atuavam na política, justiça e polícia. E ainda mais, sabe aquela família que mencionei na outra pergunta? Então, ela esta envolvida também neste caso! É interessante perceber como o judiciário foi se organizando enquanto instituição ramificada aos quatro cantos ao longo do século XIX e como a elite local foi construir suas estratégias para não ficar de fora do arranjo institucional, deste outro tentáculo não tão invisível do Estado. E isto que acabei de mencionar aparece tanto na amostra feita através da totalidade dos processos crime, quanto nesse caso “excepcional” que comentei. Tanto em uma quanto em outra perspectiva metodológica que a pesquisa me permitir consolidar, ao que tudo indica vai ser possível reconstruir as redes de relações das melhores famílias da terra no momento em que elas cometiam atos ilícitos e como os membros da Justiça tomavam suas decisões quando os interesses da elite local estava em jogo.

Então tá, Arlene, agradeço pela entrevista.

Eu que agradeço a vocês. Que 2020 seja mais leve para todes nós!!!

Exposição virtual “Caminhos dos Arquivos – Nossas Histórias, Nossas Heranças” | 7ª edição

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O que passou, passou, mas o que passou luzindo, resplandecerá para sempre.” GOETHE

Aqui estamos, em nossa 7ª edição do “Caminhos dos Arquivos” para o blog e demais mídias sociais do APERS. Hoje, postaremos os conteúdos dos parceiros Museu da Brigada Militar, Núcleo de Pesquisa em História do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciência Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo.

Museu Brigada 1Museu da Brigada Militar – Seu prédio é tombado pelo IPHAE e teve como data de fundação o ano de 1910, quando sua função era servir como local de treinamento para a Brigada manusear armas de fogo e realizar técnicas de combate. Em outubro de 1985 o então Governador Jair Soares assinou o Decreto Estadual 32.030, institucionalizando assim o edifício como museu, sendo oficialmente inaugurado em março de 1987. O projeto foi idealizado pelo Tenente Hélio Moro Mariante, objetivando preservar a memória da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. O acervo é composto de importantes coleções de revistas e livros que retratam a história da instituição, além de uma variedade de objetos, mobiliários, peças de fardamento, medalhas e armas que dão suporte à memória da corporação e, por extensão, do próprio Estado do Rio Grande do Sul nos últimos 182 anos. Sua biblioteca possui, entre outras raridades, a coleção completa da Revista do Globo (1.100 edições do período entre 1929 e 1967), documentos dos séculos XIX e XX e Boletins Gerais. Serviços Prestados: Fototeca; acervo para pesquisa; mostra itinerante.

Endereço: Rua dos Andradas, nº 498, Centro Histórico, Porto Alegre/RS

Horário de funcionamento: segundas a sextas-feiras, das 9hs às 18hs; sábados das 13hs às 18hs

Contatos: (51) 3288-2940 – mbm@brigadamilitar.rs.gov.br ou mbm@bm.rs.gov.br

Foto - Vista Aére Vila IAPI - 24-07-1951 -NúcleoFoto - Edmundo Gardolinski agauchado -NúcleoNúcleo de Pesquisa em História (NPH/UFRGS) – Vinculado ao Departamento de História e ao Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Criado em 1982 através da reunião de acervos do Gabinete de Pesquisa em História do Rio Grande do Sul (fundado em 1973), recebeu posteriormente os acervos resultantes de projetos desenvolvidos pelo Departamento de História, bem como doações de acervos pessoais. O NPH desenvolve pesquisas e coloca à disposição do público os seus acervos documentais, formados por documentos provenientes de pessoas, famílias, organizações e instituições representativas da história sul-rio-grandense, brasileira, latino-americana e europeia, registrados em papel, fita magnética, microfilme, entre outros suportes. São pesquisadores permanentes do NPH os docentes do Departamento de História da UFRGS e os membros de sua equipe técnica. O NPH também mantém vínculo com pesquisadores associados, que desenvolvem projetos com potencial de produção de novas fontes para disponibilização ao público.

Endereço: Av. Bento Gonçalves, 9500, Campus do Vale, IFCH, Prédio 4331, sala 106, Porto Alegre/RS

Contatos: (51) 3308-6625 – deptosifch@ufrgs.brInstagram

joel vargas MJJF - 2Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo – Criado em 1979, tem como missão promover a interação da sociedade com o patrimônio cultural da cidade, com ênfase na sua história e memória, por meio da preservação, pesquisa e comunicação dos bens culturais sob sua guarda. O prédio é a antiga chácara do comerciante Lopo Gonçalves Bastos, construída entre 1845 e 1853, na antiga Rua da Margem, atual João Alfredo. O terreno, na época localizado fora dos limites da cidade, com o passar do tempo foi integrado ao bairro Cidade Baixa. O Solar Lopo Gonçalves, construído em estilo luso-brasileiro, foi habitado por diferentes moradores e passou a sediar o Museu em 1982. Acervo tridimensional: constituído de mais de 1.300 objetos dos séculos XIX e XX, como acessórios de uso pessoal, objetos de decoração, instrumentos musicais, mobiliário e indumentária, entre outros, formado a partir de doações de alguns setores ligados à Prefeitura Municipal e, principalmente, por meio de doações particulares. Acervo arqueológico: com 200.000 itens relacionados a diferentes grupos que ocuparam o território desde o período pré-colonial. Possui coleções de material cerâmico, lítico, ósseo, entre outras, provenientes de áreas de ocupação indígena anteriores à chegada dos colonizadores, e coleções oriundas de sítios ocupados entre os séculos XVIII e XX, como peças produzidas em louça, vidro, metal, couro, pedra, ossos, cerâmica, restos ósseos humanos e alimentares. Acervo fotográfico: formado por cerca de 9.000 imagens de Porto Alegre dos séculos XIX e XX. Possui registros dos mais diferentes aspectos da cidade ao longo do tempo e conta com fotografias de profissionais renomados com Virgílio Calegari, Lunara, Barbeiros & Irmãos, Sioma Breitman e Irmãos Ferrari. Também guarda uma coleção formada por mais de 400 cartões-postais das primeiras décadas do século XX. Serviços prestados: pesquisa no acervo fotográfico | agendamento pelo telefone 3289-8276 e pelo e-mail karina.santos@gp.prefpoa.com.br; pesquisa no acervo tridimensional | contato no telefone 3289-8275; pesquisa no acervo arqueológico | contato pelo telefone 3289-8269 e e-mail tocchetto@smc.prefpoa.com.br. Acessibilidade: visitas especializada para público com deficiência visual e audioguia com leitura de texto e descrição de imagens, catálogo em braile e maquetes táteis. Agendamento: 3289-8274 e pelo e-mail marciabamberg@portoalegre.rs.gov.br. Ação Educativa: 3289-8270 e e-mail educativomuseu@portoalegre.rs.gov.br. O setor educativo oferece mediações a visitantes individuais e em grupos.

Endereço: Rua João Alfredo, 582, Cidade Baixa, Porto Alegre/RS

Horário de visitação: segunda-feira, das 13h30 às 17h30; de terça a sexta: das 9h às 12h e da 13h30 às 17h30.

Contatos: (51) 3289-8275 – museu@smc.prefppoa.com.brSiteFacebook – Twitter

Entrevista com Arlene Guimarães Foletto – parte II de III

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No trecho da entrevista publicado na semana anterior, Arlene Guimarães Foletto vinha nos falando sobre as temáticas de sua dissertação e de sua tese de doutorado. Confira a continuação!

Eu queria perguntar se você vê uma reorientação metodológica entre os dois trabalhos, das estruturas agrárias para as trajetórias, da análise serial para o método onomástico e análise estrutural de redes sociais, da riqueza material à riqueza imaterial. O que você vê de continuidade e descontinuidade entre essas duas metodologias e temáticas?

Para mim foi um pouco difícil. Eu tenho “um pé” muito forte no quantitativo, admiro o pessoal que trabalha com um processo, uma fonte e dali escreve histórias maravilhosas. A minha referência é quantitativa. Sofri muito durante o doutorado por eu não conseguir fazer essa base quantitativa, ela ficava me faltando, digamos assim. A intenção era ter feito uma base quantitativa, para daí então poder perceber, selecionar as trajetórias e as relações de uma forma mais ampla. São métodos, sim, diferentes, mas, para mim, sempre se complementam. De certa forma, quando fui rastrear as trajetórias a partir de uma gama variada de fontes que foram sendo levantas ao longo da pesquisa, por inúmeras vezes, voltava para minha base quantitativa do mestrado para dar um maior significado as mesmas. Sabemos que para estudos de ciclos de vida familiares e para perceber as relações, os Registros Paroquiais de Batismos são de extrema importância, e com eles pode se fazer uma boa base quantitativa. Contudo, tive muita dificuldade em acessar tais fontes na Mitra Diocesana de Uruguaiana… Fazendo um parêntese: quando montei o projeto de doutorado, eu tinha consultado a Mitra sobre a possibilidade de pesquisar os registros de batismo da região e eles tinham me dado autorização. Quando ingressei no doutorado, retomei o contato a fim de ir até Uruguaiana pesquisar. Só que nesse ínterim havia mudado o bispo, e o novo me negou o acesso. Chegou a fase da qualificação e os professores pontuaram que seria importante eu acessar os registros de Batismo. Mais uma vez entramos em contato com a Mitra, fizemos documentos, enfim, mas a negativa se mantinha. Diante de tal situação, as fontes do Arquivo Público tiveram um papel ainda maior na pesquisa. Fiquei pensando como resolver esse problema. Neste momento, tive uma ajuda muito grande do pessoal do Arquivo. Comecei a mapear essas pessoas nas diferentes fontes documentais disponíveis aqui do Arquivo, não só com aquilo que é usual para nós, inventários, processos-crime, tabelionato… e passei a consultar todos os registros cíveis, digamos assim. Foi a partir do potencial do Arquivo que consegui mapear parte das trajetórias e das relações das famílias que analisava na época. Mas retomando a sua pergunta: a ideia de ir para as relações tinha como objetivo poder perceber um pouco mais da dinâmica da própria sociedade, os indivíduos, das famílias e de suas estratégias dentro das possibilidades da estrutura, digamos assim. Quando você faz uma amostragem, nem sempre você consegue perceber tal dinâmica. Como eu não consegui fazer a prosopografia, pensei na época: “bom, vou ter que ampliar a leitura, vou ter que ir para outras paragens”. Comecei a buscar outros autores, isso no primeiro semestre do doutorado, e foi nesse ínterim que descobri o José María Imízcoz Beunza. Ele trabalha com a ideia de capital relacional dentro de uma perspectiva denominada análise estrutural de rede social. Assim, a ideia era meio que perceber o movimento desses indivíduos, das suas famílias e como eles se relacionavam com o todo, através dos vínculos, das relações. De certa forma, a própria micro-história trabalha de maneira semelhante. Para conseguir colocar em prática a empreitada, como não tinha sido possível fazer a prosopografia, acabei utilizando o método onomástico. Inclusive, foi “O nome e o como”1 que me ajudou a selecionar as três famílias. Para trabalhar com família de uma forma geral, eram extremamente importantes os registros de batismo para aquilo que eu pretendia perceber. Na ausência destes, busquei as três famílias em todo tipo de documentação, com objetivo de tentar conseguir montar as trajetórias e perceber as relações de tais famílias, onde elas circulavam, com quem se relacionavam, se os vínculos que estabeleciam carregam consigo a reciprocidade necessária para enfrentar questões da vida cotidiana. O capital material que eles possuíam e cada família acumulava, ou não, ao longo das gerações, eu já tinha efetivamente mapeado. Então eu estava atrás do tal capital imaterial, ou melhor, do capital relacional dessas famílias e nesse sentido, o conjunto de fontes levantado foi de extrema importância para perceber os vínculos de parentesco, os vínculos de amizades, de vizinhança, clientelares. E tal rede foi emergindo a partir de diferentes fontes documentais, preservadas aqui. Aos 47 minutos do segundo tempo, como costumo dizer, quando já estava na prorrogação da tese, mudou novamente o bispo de Uruguaiana e nós, mais uma vez, tentamos acessar os registros de batismos e dessa vez conseguimos. Eu lembro que fui entre o Natal e o Ano Novo lá para Uruguaiana, um calor, e levantei todos os registros, em cinco dias, com medo que mudassem de ideia. Com isto sentido que demorei um pouquinho mais, que o usual, para concluir a tese. O que aconteceu? Eu continuei utilizando a base quantitativa que eu tinha do mestrado, a que vinha dos Registros Paroquiais de Terras, outra que vinha da amostra de inventários post-mortem, outra vinha da relação dos estancieiros, mais a que vinha de listas da Guarda Nacional, tanto da reserva quanto do alto comando da guarda nacional e incorporei os Registros Notariais como uma base quantitativa também e, por último, os Registros de Batismos. Nesse conjunto muito variado de fontes, digamos assim, foi possível então perceber tanto a trajetória dos indivíduos, quanto da suas famílias e de sua família mais extensa, da sua própria da parentela. A família do XIX também tem essa organização. A forma com que cada uma dessas famílias construiu seu capital relacional fez diferença para se manter enquanto elite, mantendo o capital material dentro da própria família. Sabemos que se tornar elite, conseguir uma ascensão econômica é uma coisa; a família se manter como elite ao longo das gerações vai perpassar por diferentes estratégias que podem ser vistas no momento de sucessão, mas que fica mais perceptível nas teias das relações onde se pode perceber o capital relacional que a família acumulou ao longo do tempo, e a manteve no topo da hierarquia social. Dito isto, para concluir melhor o que tu me perguntaste, penso que os métodos se completam, nem sempre temos tempo hábil para conseguir utilizar os dois, mas é uma boa estratégia de pesquisa.

2020.01.15 - Arlene

Isso é uma coisa interessante que você estava falando, é que de certa forma você chega aos documentos a partir dos nomes das famílias. Pega os nomes dos indivíduos e das pessoas que compunham aquela família e chega nos diferentes tipos documentais do Arquivo Público. É um caminho um pouco diferente do que muitos historiadores fazem, pegam uma amostra de inventários e chegam em alguns indivíduos, você pega alguns indivíduos e chega a uma diversidade de documentos. Como é que você vê a riqueza de fontes do Arquivo Público que muitas vezes não são exploradas pelos historiadores?

É interessante você levantar isso, porque é uma coisa que fico me perguntando também. A forma como fiz os meus recortes nem sempre foram das maneiras mais convencionais. Mesmo considerando o tripé: status, poder e riqueza, definido por Peter Burke, que sustenta a(s) elite(s), eu parti de um recorte econômico, e não político como a maioria. Claro que não desconsidero a importância da capacidade política e, lógico que ela vai estar ligada também à questão da hierarquia social. Assim, acabei fazendo um recorte um pouco diferente. Como eu tinha aquelas amostras de inventários e os Registros de Terras, conhecia de certa forma a estrutura, conhecia os números, digamos assim. Tinha como saber quem ocupava o topo, quem eram os famosos estancieiros-militares da localidade. Então eu utilizei o critério: rebanho, terra e patente para selecionar os indivíduos e suas famílias, e através do método onomástico comecei a rastreá-los. Como eu não tinha os batismos que eram necessários, tentei buscar uma estratégia que suprisse tal ausência, para então chegar às relações. Então, foi para tentar perceber as relações que davam suporte à elite agrária local que me “joguei” para os diferentes corpos documentais dentro do arquivo. Há infinitas possibilidades, né? Eu lembro, na época, o Jorge [Miranda da Silva, funcionário do Arquivo Público] me ajudar a achar inclusive as atas dos juízes de paz, que era algo que ainda não tinha sido explorado e até agora também, e que estava aqui, guardadinho em uma estante. O Jorge, e outros funcionários, me ajudaram muito! Baixávamos maços e mais maços, e às vezes não encontrávamos nenhum auto que fosse útil, diretamente, para a pesquisa. Então, como eu disse lá no início, o Arquivo me fez pesquisadora, e acho que continuo pesquisadora em relação à capacidade desse Arquivo.

Na sua dissertação você fez o mapeamento do macro e depois partiu para uma escala mais micro. Eu queria perguntar é se você vê uma coisa como pré requisito da outra?

Eu devo, também, um pouco da minha trajetória ao Giovanni Levi. Eu tive o contato a Herança Imaterial antes da Herança Imaterial2 ser “A” Herança Imaterial para nós, digamos assim, isto foi… no início da minha trajetória como pesquisadora também, então algumas coisas caminharam juntas. Escolhi Itaqui, Freud explica [Arlene é natural de Itaqui], mas parte desta culpa está relacionada com a leitura de Levi. Ele me mostrou que você pode fazer História em um espaço qualquer, onde aparentemente nada de excepcional aconteceu. Através de um recorte pode haver diversas maneiras em potencial para descobrir questões macro. Penso que hoje em dia a maioria dos profissionais de nossa área busca perceber as relações entre macro e micro. Você faz um recorte, o recorte micro ajuda na quantidade de fontes que podem ser levantadas, para assim ter um maior subsídio para observar as trajetórias e relações, por exemplo, que seria inviável num espaço macro, para um pesquisador solitário. Só que, em contrapartida, é do conhecimento sobre o macro que tiramos nossas perguntas, e que podem então ser respondidas a partir do micro. Então, para mim, eles caminham juntos, é o chamado “jogo das escalas” que melhoram nossas análises. Existem as exceções? Existem, mas pelo que se tem demonstrado, esses micros estão em sintonia com esse todo. Por sua vez, o todo é um mosaico de diferentes micros, não necessariamente diferentes, contraditórios, e assim por diante…

Confira na próxima semana a terceira e última parte da entrevista!

1 Referência ao texto de Carlo Ginzburg e Carlo Poni. GINZBURG, Carlo e PONI, Carlo. “O nome e o como”. In: ________. A micro-história e outros ensaios. Rio de Janeiro/Lisboa: Bertrand Brasil/DIFEL, 1991 p. 169-178.

2 LEVI, Giovanni. A Herança Imaterial. Trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

APERS agora possui “Vitrine de Memória”

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A Vitrine de Memória do Arquivo Público RS surgiu com o objetivo de reunir móveis e objetos antigos do APERS, dispersos pelo conjunto arquitetônico, e conciliá-los em um melhor aproveitamento de espaço (salas de passagem do Prédio III ao Prédio II).  Com a ajuda voluntária do museólogo Pedro Girardi, as arquivistas Iara Gomide e Marta Araujo deram ao espaço uma nova utilidade, proporcionando ao público visitante o entendimento das atividades realizadas ao longo do tempo no Arquivo, assim como preservando a história administrativa e funcional da Instituição. A proposta baseia-se na exposição dos móveis, utensílios e equipamentos de trabalho, banners e fotos, utilizados no passado. A vitrine serve também de apoio para os guias que acompanham os visitantes ao contarem a história do APERS. A Vitrine de Memória foi concluída em 18 de dezembro de 2019, como exposição permanente da instituição. Confira registros do espaço:

Exposição virtual “Caminhos dos Arquivos – Nossas Histórias, Nossas Heranças”: Novo Hamburgo, Rio Grande e Santa Maria

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A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu: e ela não perde o que merecer ser salvo.” Eduardo Galeano.

Chegamos à sexta edição da série de postagens mensais sobre o Programa Caminhos dos Arquivos, do qual faz parte o projeto de exposição, em módulo virtual, denominada “Caminhos dos Arquivos: Nossas Histórias, Nossas Heranças”. Hoje destacamos as instituições Arquivo Público Municipal de Novo Hamburgo, Arquivo Público e Histórico Municipal do Rio Grande e Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria compartilhando seus serviços e trajetórias:

AMPNH _ FOTO INSTITUICAOArquivo Público Municipal de Novo Hamburgo – Criado por Lei Municipal em agosto de 2000, com a finalidade de proteger o acervo municipal, garantir e possibilitar acesso às informações contidas nos documentos sob sua guarda, além de custodiar documentos de valor acumulados pelos órgãos públicos, como também promover exposições, cursos, seminários e palestras e ser um espaço de pesquisa sobre a história da cidade. Divulgar o patrimônio documental e conscientizar a comunidade sobre a importância da preservação dos documentos e da memória cultural de Novo Hamburgo é um dos principais objetivos do Arquivo Municipal. Em maio de 2017 a instituição recebeu o reconhecimento do Conselho Nacional de Arquivos. Desde então, o Arquivo de Novo Hamburgo faz parte do Cadastro Nacional de Entidades Custodiadas de Acervos Arquivísticos (CODEARQ). O reconhecimento nacional coloca Novo Hamburgo no mapa das cidades que preservam as suas histórias. O acervo do Arquivo Público Municipal constitui-se de coleções de jornais: 5 de Abril (1927-1962); Jornal NH (1960-1994), recortes de Jornais – Folha da Tarde (1955-1981); Última Hora (1961-1962), Gazeta de NH (1949-1952), Jornal Hamburguês (1964-1967), fotos de Novo Hamburgo de várias épocas e Livros públicos dos primórdios do município (enterros, registro de funcionários, livro de queixas, exposições). Faz parte do uma Biblioteca que possui livros históricos (didáticos, enciclopédias, bíblias e outros).

Endereço: Rua Eng. Ignácio Plangg, 66, 3° andar, Novo Hamburgo/RS.

Horário de atendimento: de terça à sexta-feira, das 8h30 às 17h30.

Contato: (51) 3594-2013 Ramal 208 – arquivo@novohamburgo.rs.gov.br

Pref. Munc. R. GrandeArquivo Público e Histórico Municipal do Rio Grande – É o órgão central do Sistema Municipal de Arquivos – SISMARG. Reúne documentos da Administração Municipal do século XIX, de 1850 a 2011 aproximadamente. São manuscritos, datilografados, impressos, fotografias, plantas arquitetônicas, microfilmes, fitas VHS e Cassete, CDs, clichês e coletâneas de leis do período do império, dentre outros, que compõe o acervo. A primeira legislação a citar o Arquivo no âmbito do Poder Executivo Municipal, foi o Decreto-Lei nº 40 de 1941, que destinou créditos especiais para ampliação da Unidade. Embora não disponha de um ato de criação, supõe-se que o Arquivo tenha sido criado junto aos primórdios e o estabelecimento da Administração Pública Municipal. Em 1948, através da Lei n° 24 de 1948, passa a compor o setor de Pessoal e Arquivo da Diretoria de Administração. Com a necessidade de preservar a história da cidade, em 1985, o Decreto nº 4729, que instituiu o Regimento Interno do Centro Municipal de Cultura Inah Martensen, insere o Arquivo Histórico como parte do Patrimônio Histórico-Cultural da cidade do Rio Grande. No ano de 1998, com a Reforma Administrativa estabelecida através da Lei nº 525, o Arquivo volta a fazer parte da Divisão de Protocolo e Arquivo da Secretaria de Administração do Município. É citado também na nova estrutura de 2012 (Lei nº 7265). Finalidades do arquivo: salvaguardar o patrimônio documental do Poder Público Municipal primando pela preservação e acesso aos fundos documentais e formular a política municipal de arquivos e exercer orientação normativa, visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo, qualquer que seja o suporte da informação ou a sua natureza. Oferece aos seus usuários serviços como pesquisas, visitas guiadas, capacitação e exposição temática.

Endereço: Largo Engenheiro João Fernandes Moreira, s/n (Prédio do Gabinete do Prefeito), Centro, Rio Grande/RS

Horário de Funcionamento: 09:00 às 15:00

Contatos: (53) 3233-8471 – arquivo.riogrande@gmail.com

 

Higienização_AcervoArquivo Histórico Municipal de Santa Maria – AHMSM: Foi criado pelo Prefeito Vidal Castilho Dania, através da Lei Municipal nº 784 de 22 de dezembro de 1958, dentro do contexto das comemorações do centenário da cidade, funcionando junto à Biblioteca Pública Municipal Henrique Bastide, destinado a conservar todos os objetos e documentos relativos à história do município de Santa Maria. A partir do ano de 1992, através de um ato do Prefeito Evandro Behr (Lei Municipal nº 3.568 de 16 de dezembro), o Arquivo Histórico passou a fazer parte da estrutura organizacional da Secretaria de Município da Cultura, funcionando de forma desvinculada da Biblioteca, assumindo a guarda dos documentos, jornais, revistas, folhetos, fotografias e fitas que faziam parte do acervo da biblioteca. Assumiu as competências de proteção do patrimônio documental histórico; levantamento e coleta dos documentos históricos arquivísticos; guarda e conservação permanente dos documentos sendo vedada a sua distribuição parcial ou total; organização dos documentos de acordo com as diretrizes oficiais que disciplinam a matéria; disciplinação do acesso aos documentos; descrição e divulgação de seu acervo, através de instrumentos próprios. O Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria constitui-se num importante local de memória do município, construída a partir dos documentos que compõem seu acervo. A partir do 2º semestre de 1997 a instituição “fixa residência” na Casa de Cultura de Santa Maria, permanecendo neste local até maio de 2008, momento em que passa a ocupar a antiga sede da Secretária de Município da Cultura no Centro Integrado de Cultura Evandro Behr. Foi também durante o ano de 2008 que a unidade de informação passou a contar com profissionais Arquivistas do quadro de carreira da Prefeitura Municipal e muitas outras benfeitorias foram realizadas, como a fundação da Associação dos Amigos do Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria, no dia 10 de agosto de 2010. Outro marco fundamental da trajetória do AHMSM foi a criação do Sistema Municipal de Arquivos de Santa Maria (SIARQ-SM). O Decreto Executivo nº 120 de 18 de outubro de 2011, devidamente assinado pelo Prefeito Cezar Augusto Schirmer, institui o SIARQ-SM, responsável pela organização sistêmica das atividades de administração e proteção do patrimônio arquivístico de Santa Maria, na esfera da documentação pública. Os serviços oferecidos são: pesquisas no acervo, visitas guiadas, capacitação, exposições permanente e itinerante, bem como realiza encontro anual de seus pesquisadores, oficinas e palestras de educação para o patrimônio.

Endereço: Rua Appel, 900, bairro Nossa Senhora de Fátima, Santa Maria/RS

Horário de Funcionamento: 07:30 às 12:00 e das 13:00 às 16:30

Contatos: (55) 3222-8300 – arquivohistoricosm@gmail.comFacebook  – Site

Atividades SIARQ/RS – Dezembro 2019

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O Arquivo Público do RS, enquanto Órgão Gestor do Sistema de Arquivos do Estado do Rio Grande do Sul – SIARQ/RS, atua para efetivar a gestão documental nos órgãos do Poder Executivo. Durante o mês de dezembro os servidores participaram de reuniões de assessoria técnica, reuniões de comitês e grupos de trabalho, que listamos abaixo:

Dia 03: Na Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (CORAG), o arquivista do APERS Cléo Belicio participou de assessoria técnica, para orientações e verificação das atividades de gestão documental para transferência e recolhimento de documentos.

Dia 03: Na Fundação de Ciência e Tecnologia (CIENTEC), os arquivistas do APERS Juliano Balbon e Maria Cristina Fernandes realizaram visita de assessoria técnica, para orientações e verificação das atividades de gestão documental para transferência e recolhimento de documentos.

Em dezembro, o Arquivo Público analisou nove (09) Listagens de Eliminação de Documentos visando a aprovação, recebidos por processos administrativos, conforme estabelecido pelo Decreto 52.808/2015, em seu Art. 6º, parágrafo V.

E, neste mês, foram recebidos na caixa do e-mail assuntos-proa@planejamento.rs.gov.br, quatorze (14) e-mails de diversos órgãos, referentes a solicitações, esclarecimentos de dúvidas com relação à atribuição de assuntos no Sistema PROA. Além desses, na caixa de correio do SIARQ/RS foram recebidos doze (12) e-mails com questões sobre gestão documental.

Para solicitar assessoria ao SIARQ/RS, visando implementar as normativas e os instrumentos de gestão documental, pode entrar em contato pelo e-mail siarq-apers@planejamento.rs.gov.br ou telefone (51) 3288-9114.

Visitas guiadas ao APERS – Dezembro 2019

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Visitas Guiadas APERS

No mês de dezembro foram realizadas 05 visitas guiadas ao conjunto arquitetônico do Arquivo Público RS. Visitaram nossa instituição:

Dia 03: nesta terça-feira visitaram o Arquivo os estagiários Bernardo S. Pereira e Guilherme P. de Moura, da Secretaria de Trabalho e Assistência Social.

Dia 06: 06 alunos do Programa Jovem Aprendiz do Instituto Leonardo Murialdo, acompanhados pelo professor Marcelo da Silva.

Dia 17: Profª Valéria Monaretto, da Faculdade de Letras da UFRGS, acompanhada por Joseanne S. Morais, Greice N. Nascimento, Gênova Maria Pulz, Luciana E. Fernandes, Maria C.S. Machado e Maria Angélica Jacques.

Dia 19: pela manhã 18 alunos do Programa SENAC-RS Comunidade, acompanhados pelo professor Marcio Oliveira, Orientador de Educação Profissional.

Dia 27: à tarde 19 alunos do Programa SENAC-RS Comunidade, acompanhados pela professora Cintia Castro Verardi, Orientadora de Educação Profissional.

Guia: Iara Gomide.

Lembramos que oferecemos, semanalmente, visitas guiadas ao conjunto arquitetônico, com duração de 1h30min, nas segundas-feiras às 14h30min e nas sextas-feiras às 10h. Agende sua visita pelo e-mail visitas@planejamento.rs.gov.br ou ligue para (51) 3288 9134.

Atividades SIARQ/RS – Novembro 2019

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O Arquivo Público do RS, enquanto Órgão Gestor do Sistema de Arquivos do Estado do Rio Grande do Sul – SIARQ/RS, atua para efetivar a gestão documental nos órgãos do Poder Executivo. Durante o mês de novembro os servidores participaram de reuniões de assessoria técnica, reuniões de comitês e grupos de trabalho, que listamos abaixo:

Dias 01 a 30: Na Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (CORAG), os arquivistas do APERS Juliano Balbon e Maria Cristina Fernandes participaram de duas (02) assessorias técnicas, para orientações e verificação das atividades de gestão documental para transferência e recolhimento de documentos.

Dias 08 e 21: Na Fundação de Ciência e Tecnologia (CIENTEC), os arquivistas do APERS Juliano Balbon, Cléo Belicio e Maria Cristina Fernandes e a historiadora Nôva Brando realizaram assessorias técnicas, para orientações e verificação das atividades de gestão documental para transferência e recolhimento de documentos. Foram 43 participantes capacitados com noções de memória e patrimônio, patrimônio documental e arquivo, além de normas e práticas em gestão documental.

Dias 19 a 22: os arquivistas Jonas Ferrigolo e Maria Cristina Fernandes e a historiadora Clarissa Sommer ministraram curso de capacitação em Gestão Documental, com carga horária de 12 horas, destinada a servidores da Secretaria da Segurança Pública (SSP), Instituto Geral de Perícias (IGP), Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), Secretaria de Administração Penitenciária (SEAPEN) e Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE), a convite da Comissão Setorial de Arquivo da SSP. Para ver fotos, clique aqui.

Dias 28 e 29: o arquivista Cléo Belicio esteve na Sede Complementar do Centro Administrativo Fernando Ferrari (SECOM/CAFF), para a realização das atividades de organização dos acervos da Caixa Econômica Estadual – CEE e da Divisão de Pessoal e Desenvolvimento de Recursos Humanos do Departamento Administrativo da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão – DIPES/DEADM/SEPLAG.

Em novembro, o Arquivo Público analisou cinco (05) Listagens de Eliminação de Documentos visando a aprovação, recebidos por processos administrativos, conforme estabelecido pelo Decreto 52.808/2015, em seu Art. 6º, parágrafo V.

E, neste mês, foram recebidos na caixa do e-mail assuntos-proa@planejamento.rs.gov.br, vinte e nove (29) e-mails de diversos órgãos, referentes a solicitações, esclarecimentos de dúvidas com relação à atribuição de assuntos no Sistema PROA. Além desses, na caixa de correio do SIARQ/RS foram recebidos dez (10) e-mails com questões sobre gestão documental.

Para solicitar assessoria ao SIARQ/RS, visando implementar as normativas e os instrumentos de gestão documental, pode entrar em contato pelo e-mail siarq-apers@planejamento.rs.gov.br ou telefone (51) 3288-9114.

Oficinas de Educação Patrimonial – Outubro e Novembro 2019

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Fechando as postagens relativas às oficinas realizadas no ano de 2019 a partir do Programa de Educação Patrimonial UFRGS-APERS, confira as turmas recebidas nos meses de outubro e novembro:

Outubro

  • 02/10: nessa tarde 24 professores, pesquisadores e ativistas sociais participaram da oficina “Os Tesouros da Família Arquivo” ofertada dentro da programação do evento Questões para a História Negra do RS / 8º Curso de Formação para Professores PEP UFRGS-APERS. Confira fotos o evento aqui.

  • 04/10: Acompanhados pela professora Daniela Scheffers, as e os estudantes da turma 203, 2° ano do Colégio Estadual Inácio Montanha, estiveram no Arquivo Público em uma manhã de sexta-feira para participar da oficina “Resistência em Arquivo: Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos” Para ver as fotos, clique aqui.

  • 08/10: Em uma manhã de terça-feira, as e os alunos do 2º ano do Colégio Estadual Inácio Montanha, vieram ao APERS para participar da oficina “Resistência em Arquivo: Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos”, acompanhados pela professora Denise Marques. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 09/10: Durante uma manhã de quarta-feira, os estudantes de 9° ano da EEEM Oscar Pereira estiveram no APERS para participar da oficina “Desvendando o Arquivo Público: Relações de Gênero na História”, acompanhados pela professora Adriana Costa. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 10/10: Acompanhados pelo professor Rodrigo Souza dos Santos, estudantes do 8° ano da EMEF Pepita Leão foram recebidos no Arquivo Público em uma manhã de quinta-feira para participar da oficina “Desvendando o Arquivo Público: Relações de Gênero na História”. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 10/10: Durante uma tarde de quinta-feira, os alunos da EEEM Ceará vieram ao APERS para participar da oficina “Desvendando o Arquivo Público: Relações de Gênero na História”, acompanhados pela professora Adriana Costa. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 11/10: Em uma tarde de sexta-feira as e os estudantes do 6° ano da EEEM Oscar Pereira estiveram no Arquivo Público para participar da oficina “Os Tesouros da Família Arquivo”, acompanhados pela professora Jaqueline Fraga. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 15/10: Em uma manhã chuvosa de terça-feira, as alunas e alunos do 6° ano do Colégio Romano Senhor Bom Jesus vieram ao APERS para participar da oficina “Os Tesouros da Família Arquivo”, acompanhados pela professora Maria Eduarda Carvalho. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 16/10: Durante a manhã de quarta-feira, os estudantes do 3° ano do Ensino Médio da Fundação Bradesco de Gravataí, vieram visitar o Arquivo Público para participar da oficina “Resistência em Arquivo: Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos”, acompanhados pelo professor Diego Scherer. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 17/10: Nem o temporal daquela sexta-feira de manhã foi suficiente para impedir que as e os alunos do 2° ano do Colégio Estadual Inácio Montanha viessem ao APERS. Acompanhados pela professora Raquel Braun, elas e eles vieram participar da oficina “Resistência em Arquivo: Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos”. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 22/10: Durante a manhã a equipe do Programa de Educação Patrimonial UFRGS-APERS deslocou-se até a Unisinos para ofertar a oficina “Desvendando o Arquivo Público: relações de gênero na história” dentro da programação do VII Ofícios de Clio, evento promovido pelo GT Acervos, da ANPUH-RS. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 23/10: Durante a manhã de quarta-feira, estudantes do 3° ano do Ensino Médio da Fundação Bradesco de Gravataí, vieram ao APERS para participar da oficina “Resistência em Arquivo: Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos”, acompanhados pelo professor Diego Scherer. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 24/10: Na tarde de quinta-feira, o APERS recebeu a visita de mais uma turma do 3° ano do Ensino Médio da Fundação Bradesco de Gravataí que, acompanhados pelo professor Diego Scherer, vieram participar da oficina “Resistência em Arquivo: Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos”. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 25/10: Pela manhã de sexta-feira, as e os estudantes do 6° ano do Colégio Romano São Mateus, vieram ao Arquivo Público para participar da oficina “Os Tesouros da Família Arquivo”, acompanhados pela professora Karen Cerutti. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 29/10: Durante a manhã de terça-feira as e os estudantes de 6° ano do Colégio Romano Santa Marta vieram ao APERS para participar da oficina “Os Tesouros da Família Arquivo”, acompanhados pelo professor Alessandro Maldonado. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 31/10: Na manhã de quinta-feira, estudantes da turma 163 do 6° ano do Colégio Romano Senhor Bom Jesus vieram ao Arquivo Público para participar da oficina “Os Tesouros da Família Arquivo”, acompanhados pela professora Eduarda Carvalho. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 31/10: Na noite de 31/10, quinta-feira, estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da EEEF Cândido Portinari estiveram no APERS para vivenciar a oficina Resistência em Arquivo: patrimônio, ditadura e direitos humanos, acompanhados pela professora Adriana Quadros. Para ver as fotos, clique aqui.

Novembro

  • 01/11: em meio às atividades da Semana do Servidor, colegas do estado foram convidados a visitar o APERS e ter contato com seu acervo por meio do brincar! Foi uma excelente experiência com os jogos “Caso X: investigando um crime da ditadura em Porto Alegre” e “AfricaNoArquivo”. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 05/11: Na manhã de terça-feira alunos(as) do 3° ano do Colégio Fundação Bradesco, de Gravataí, vieram ao APERS para participar da oficina “Resistência em Arquivo: Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos”, acompanhados pelo professor Diego Scherer. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 06/11: Na manhã de quarta-feira, estudantes do Ensino Médio do Colégio Estadual Augusto Meyer vieram ao APERS para participar da oficina “Resistência em Arquivo: Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos”, acompanhados pelo professor Alfredo Ranzan. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 07/11: nessa tarde 26 estudantes do 9º ano do Colégio de Aplicação da UFRGS estiveram no APERS acompanhados pelo professor Vanderlei Machado para vivenciar a oficina “Resistência em Arquivo: patrimônio, ditaduras e direitos humanos”. Para ver fotos, clique aqui.

  • 12/11: Na tarde de terça-feira, o Arquivo Público recebeu as turmas de 6°, 7° e 8° ano do professor Bruno Xavier Silveira. Os estudantes da EMEF Nossa Senhora de Fátima vieram participar da oficina “Os Tesouros da Família Arquivo”. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 13/11: Na manhã de quarta-feira estudantes de 8° ano da EMEF Herbert José de Souza vieram ao APERS participar da oficina “Desvendando o Arquivo Público: Relações de Gênero na História”, acompanhados pelo professor Marcelo Roberto Rios. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 14/11: Durante a manhã de quinta-feira estudantes do 9° ano da EMEF Pepita Leão estiveram no APERS para participar da oficina “Resistência em Arquivo: Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos”, acompanhados pelo professor Rodrigo Souza dos Santos. Para ver as fotos, clique aqui.

  • 19/11: na manhã de terça-feira 33 estudantes do 9º ano da EMEF Herbert José de Souza visitaram o APERS para participar da oficina “Desvendando o Arquivo Público: relações de gênero na história”, acompanhados do prof. Marcelo Roberto Rios. Para ver fotos, clique aqui.

  • 20/11: Na manhã de quarta-feira 30 alunos e alunas do 6º ano da EMEF Gonçalves Dias (Portão/RS) estiveram no Arquivo Público vivenciando a oficina “Os Tesouros da Família Arquivo”, acompanhados pela professora Caren Kangberg. Para ver fotos, clique aqui.

  • 22/11: 28 estudantes do 7º ano da EMEF Theodoro Bogen estiveram no APERS acompanhados pelo professor Guilherme Fraga. Naquela tarde de sexta participaram da oficina “Os Tesouros da Família Arquivo”.

  • 28/11: a última oficina do ano foi realizada com estudantes do 9º ano do Colégio de Aplicação da UFRGS. Acompanhados pelo professor Vanderlei Machado, participaram da oficina “Resistência em Arquivo: patrimônio, ditadura e direitos humanos”. Para ver as fotos, clique aqui.

Para saber mais a respeito das oficinas e demais ações desenvolvidas no âmbito do Programa de Educação Patrimonial UFRGS-APERS, clique aqui.

Ação Educativa e Consciência Negra no APERS #NovembroNegro

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Damos sequência às nossas postagens que ficaram pendentes em relação ao ano de 2019, iniciando pelo último texto da série em celebração ao #NovembroNegro.

Desde 2009 o Programa de Educação Patrimonial UFRGS-APERS oferece, entre outras, a oficina Os Tesouros da Família Arquivo, construída a partir de diferentes tipos documentais produzidos no contexto da escravidão no Brasil e salvaguardados por nossa instituição. A oficina busca nomear e reconhecer a ação de mulheres e homens a quem o cativeiro foi imposto, mas que resistiram de formas diversas e lutaram por liberdade. A partir de um testamento e um processo-crime, alguns inventários, registros de compra e venda e cartas de liberdade, entramos em contato a história de Maria, senhora de “mais ou menos 90 anos” que foi capturada na região do Congo no final do século XVIII; com o Pancho, menino uruguaio de 12 anos que nasceu livre mas foi sequestrado na banda oriental e vendido ilegalmente como escravo em uma colônia de imigrantes; com a Jacinta e o Vicente, pais do Fortunato, uma família sendo tratada como bens. Falamos de possibilidades de trabalho e sociabilidade em grandes plantéis rurais ou em pequenas manufaturas urbanas, da formação de famílias, de formas diversas de resistência.

A seguir compartilhamos pequenos vídeos gravados por estudantes da EMEF Nossa Senhora de Fátima (bairro Bom Jesus/Porto Alegre) comentando sua participação na referida oficina. Eles estiveram conosco no dia 12 de novembro, trazidos pelo professor Bruno Xavier Silveira:

 

 

 

Essa ação, pensada em 2008 com inspiração no trabalho de descrição arquivística que deu origem aos Catálogos de Documentos da Escravidão, transformou-se em uma importante atividade de difusão do acervo e de ação educativa que, por sua vez, inspirou o desenvolvimento do projeto “AfricaNoArquivo: fontes de pesquisa & debates para a igualdade étnico-racial no Brasil”. A partir desse último, com recursos captados em edital do IBRAM, distribuímos caixas pedagógicas como doação para escolas levando um pouco de nosso acervo para dentro das salas de aula, promovendo discussões a respeito das conexões entre África e Brasil a partir da diáspora e sobre as marcas da escravização em nossa sociedade. Aqui, compartilhamos alguns registros de estudantes utilizando a caixa AfricaNoArquivo na EMEF Osório Ramos Correa, de Gravataí, sob orientação da professora Jane Rocha de Mattos, e na EEEF Imperatriz Leopoldina, de Porto Alegre, com a professora Isadora Librenza:

Oficina e caixa pedagógica, entre outras diversas atividades como cursos e eventos promovidos pelo Arquivo Público com essa temática, são afirmações de nosso potencial enquanto lugar de memória negra, enquanto lugar que se presta à produção de conhecimento engajado no combate às desigualdades e ao racismo.

Para informações sobre as ações educativas desenvolvidas pelo APERS, entrar em contato pelo e-mail acaoeducativa@planejamento.rs.gov.br.

Oficina de Leitura de Documentos Judiciários – Edição de Verão!

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2020.01.08 oficina - edição de verão

Interessados(as) deverão baixar o formulário de inscrição e o termo de compromisso e enviá-los preenchidos para o e-mail rodrigo-weimer@planejamento.rs.gov.br até a data-limite de 20/01/2020.

Serão escolhidas três inscrições – considerando a data de recepção da ficha preenchida – que atenderem os pré-requisitos (pesquisar fontes do Arquivo Público e ter disponibilidade para frequentar o APERS com regularidade). Serão priorizados/as pesquisadores/as mais inexperientes no estudo de fontes judiciais. As inscrições poderão ser deferidas ou não, conforme o preenchimento das vagas. O resultado será divulgado na última semana de janeiro, e será realizada uma primeira reunião logo após.

Para baixar o Formulário de Inscrição, clique aqui.

Para baixar o Termo de Compromisso, clique aqui.

Entrevista com Arlene Guimarães Foletto – parte I de III

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Arlene Guimarães Foletto é graduada em história pelo centro Universitário Franciscano (1999), mestre (2003) e doutora (2012) em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É professora no Colégio de Aplicação da UFRGS e pós-doutoranda em História na mesma Universidade.

Arlene, você poderia falar um pouco sobre a temática de sua dissertação?

Primeiro gostaria de agradecer a lembrança, a oportunidade de estar aqui falando com vocês… Me senti lisonjeada com o convite, não consigo pensar em outra palavra para definir… Bom, posso começar como eu cheguei na dissertação?

Claro.

Eu me formei lá em Santa Maria, onde cursei a licenciatura em história, a pesquisa estava dando seus primeiros passos, digamos assim. Há pouco tempo tinha começado um trabalho de resgate da Quarta Colônia, através da metodologia de história oral, esse laboratório começou a ganhar corpo, mas era uma questão que eu não me envolvia tanto. Participei de dois projetos de pesquisa ao longo da graduação, com minha primeira orientadora, Elizabeth Weber Medeiros, que trabalhava com América. Quando terminei a graduação, fiz um projeto de especialização para a UFSM com a temática do integralismo e acabou que… eu cheguei um dia depois para fazer a seleção na especialização, perdi a prova e acabei não fazendo. De certa forma isto foi positivo, pois a temática não me envolvia a ponto de me manter nela, hoje tenho certeza disto! Aí, nos anos 2000, passei por um grande período de dúvida com o que eu iria trabalhar. Um certo dia estava em num evento, escutei dois professores palestrando: que era a Susana [Bleil de Souza] da UFRGS, uma sobre fronteira e o Farinatti [Luís Augusto Eibling] sobre sua pesquisa em História Agrária. Nesse momento, eu pensei: “ah, história agrária em Itaqui seria legal!”. Fui conversar com o Farinatti, que tinha sido meu professor na graduação, depois da palestra, ele me indicou o trabalho do professor Paulo Afonso Zarth para dar uma olhada. Zarth já tinha mapeado alguns espaços do Rio Grande do Sul, mas não tinha entrado em Itaqui. Naquela ocasião tive a certeza: “é isso que vou fazer”. Comecei a me apropriar sobre o assunto, vim aqui no Arquivo, inclusive foi a primeira vez que estive no Arquivo Público, conferir se tinha material para efetuar tal pesquisa para o espaço que pretendia. Montei o projeto de mestrado, fiz seleção na PUC e na UFRGS, passei nos dois e acabei ficando na UFRGS para trabalhar com a professora Helen Osório, que era quem trabalhava com a temática. Foi neste período que começou a minha relação com o Arquivo, que dura até hoje. Parando para pensar, eu me fiz pesquisadora aqui no Arquivo Público. Eu consultei outros acervos, estive em Itaqui, pesquisei no Arquivo Histórico [do Rio Grande do Sul] também, mas a maior parte dos dados que trabalhei ao longo desses anos saiu daqui… Não tenho dúvida que o que me fez pesquisadora foi o Arquivo Público, foram as fontes daqui que possibilitaram pensar e repensar meus recortes, minhas opções… Então, eu tenho um carinho muito grande pelo acervo, pelo Arquivo e pelas pessoas que aqui trabalham. Na época da dissertação eu tive contato com os Registros Paroquiais de Terra para a Paróquia de São Patrício de Itaqui. Itaqui não era o que eu pensava, as fontes também ressignificaram o espaço para mim! A localidade que compreendia a Paróquia de Itaqui era muito maior do que o município que eu conheci. Através de tais registros, que são um pouco diferentes dos demais, bem completos, o recorte espacial ganhou outra dimensão. Os declarantes, o próprio pároco, enfim, da forma que eles produziram a fonte, os registros que para nós hoje são fonte, permitiram com que eu conseguisse explorar tal fonte, a ponto de ser uma das bases quantitativas que até hoje utilizo para diversas análises. Como eu já disse, o espaço da paróquia se transformou, não era o que eu imaginava… Itaqui chegava quase ao centro do estado, encostado na Serra Geral, na região que hoje seria Jaguari, mais ou menos. Então perpassava Itaqui, Santiago, São Francisco, pegando um pedacinho de São Vicente e Jaguari. E foi este espaço que eu concentro meus estudos desde a época do mestrado. Num primeiro momento, a partir da metodologia de História Agrária, foi possível perceber uma diferença de paisagem agrária bem significativa, que ia tanto da presença de terras de campo, quanto de terras de mato. E as diferentes formas e os ritmos de apropriação desse espaço, como os indivíduos foram ocupando e transformando a paisagem geográfica em uma paisagem agrária. Tais estratégias estavam ligadas tanto aos seus interesses quanto a sua capacidade em transformar o meio, ligado também a própria diferença morfológica do espaço que compôs a paróquia.

2020.01.08 - Arlene

Você pode falar, também, um pouco sobre a temática da tese?

Entre a dissertação e a tese tive intervalo de tempo considerável, isso de certa forma contribuiu para refletir como gostaria de continuar os estudos. Durante a própria dissertação, além dos registros paroquiais, também trabalhei com os inventários post-mortem, apesar de ter feito o levantamento por amostragem de cinco em cinco anos, acabei por olhar todos os outros que não entraram na amostra. Isto permitiu ter uma noção melhor tanto da estrutura quanto dos indivíduos que viveram naquele espaço, na segunda metade do XIX, período onde sempre concentrei o meu trabalho. O que eu percebi, digamos assim, durante a dissertação, foi que a diferença da paisagem, os ritmos de apropriação, a própria configuração produtiva era muito mais complexa do que se havia descrito para o Rio Grande do Sul. Não só o meu trabalho, mas tantos outros estudos em História Agrária ajudaram neste processo, transformando a visão dual que imperava na historiografia. Hoje, sabemos um pouco mais sobre a antiga Província de São Pedro. Nela não haviam apenas grandes unidades produtivas nas mãos de poucos estancieiros com seus trabalhadores livres. Acabamos por demostrar uma diversidade social e produtiva muito maior, mais complexa: composta de médios, pequenos produtores, um grupo de trabalhadores livres, às vezes pequenos possuidores de terras, outras vezes agregados, outros sendo arrendatários, em alguns momentos eram trabalhadores sazonais, eram livres e na base desta hierarquia constatou-se a presença significativa dos trabalhadores cativos, inclusive na própria pecuária. E no que tange aos estudos da escravidão, para além do campo da História Agrária, temos uma gama ainda maior de excelentes trabalhos, que, sabemos, tiveram seu suporte nas fontes aqui do Arquivo. Em contrapartida, também não se pode negar que esses trabalhos, não só o meu, mas os dos colegas também, demonstram que existe uma concentração de terra e de rebanho significativa. E que esta concentração acompanha todo o processo de apropriação pelos luso-brasileiros no caso específico da terra. Tal fenômeno se intensifica na segunda metade do XIX, ligada tanto ao processo de cercamento dos campos, que transforma a terra em principal mercadoria quanto a própria mercantilização que emerge do processo sucessório, por exemplo. Então era uma realidade muito mais complexa do que se pensava, como mencionei anteriormente, que já vem sendo estudada, mas que ainda tem um potencial enorme que comporta diversos recortes: temáticos, metodológicos… Nesse sentido o potencial das fontes do Arquivo Público não tem limites! Podemos cruzar diversas fontes. Um exemplo: os Registros Paroquiais de Terras já tinham me mostrado um pouco da questão. Ao acessar os Registros Notariais, acabaram por confirmar a hipótese, nós tínhamos um processo de mercantilização da terra, que ao longo do XIX e na medida em que nessa segunda metade do XIX a terra foi tomando um valor ainda maior. Essa mercantilização foi crescendo e é possível perceber que, inclusive, aqueles que possuíam um rebanho significativo foram diminuindo o número de cabeças e passaram a investir em ampliar suas terras. Então o processo de concentração de terras se mantinha ao longo do tempo, ao longo das gerações. Para perceber tal processo, vários corpus do Arquivo podem serem usados: registro paroquial de terras, inventários, processos de medição, registros notariais (de compra e venda, hipotecas e arrendamentos). Isto tudo está aqui, preservado para vários espaços, e estão esperando para serem explorados! A partir do conhecimento de tal estrutura, optei por continuar meus estudos trabalhando com os indivíduos que concentravam terras e rebanhos. Contudo, entre o mestrado e doutorado eu dei um tempo significativo, foram quatro anos, para então fazer seleção do doutorado. Neste ínterim eu tive contato com pesquisas do grupo do Antigo Regime, a partir deles percebi que para eu entender melhor tal processo teria que passar a levar em consideração a perspectiva da família, a questão sucessória, os ciclos de vida, tanto o ciclo de vida do indivíduo, quanto o ciclo de vida familiar. Assim, quando eu montei o projeto do doutorado, a ideia inicial era fazer um trabalho prosopográfico em cima das famílias que concentravam terras e gado e também patentes militares na região. Porque não podemos negar que o Rio Grande do Sul também foi marcado por uma distribuição da terra a partir da ocupação militar. Lógico, cabe ressaltar mais uma vez que não foi só esta forma de acesso a terra. Outras formas de apropriação contribuíram para a construção de uma paisagem agrária diversificada, mas a relação patente militar/terra esteve presente neste processo. Então o critério que utilizei para recortar eram indivíduos e as famílias que concentravam terras, gado e patente militar. Quando eu fiz a seleção na UFRGS e UFRJ, passei nas duas, mas não tive bolsa mais uma vez. Assim como no mestrado, fiz o doutorado trabalhando, e permaneci aqui no sul. Então fazer um estudo prosopográfico trabalhando se tornou algo inviável. Eu teria, mais ou menos, umas dez famílias para pesquisar, na época, então, optei por trabalhar com três delas. E mais uma vez as fontes do Arquivo Público estiveram presente em minhas escolhas. Como selecionei elas? Por sua representatividade nas mais diferentes fontes. Este foi o critério para escolher essas famílias que trabalhei no doutorado.

Leia na próxima semana a continuidade da entrevista com a historiadora Arlene Guimarães Foletto.

Visitas guiadas ao APERS – Novembro 2019

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Visitas Guiadas APERS

No mês de novembro foram realizadas 14 visitas guiadas ao conjunto arquitetônico do Arquivo Público RS. Visitaram nossa instituição:

Dia 05: nesta terça-feira visitou o Arquivo o músico Andre Neto.

Dia 06: a Vereadora Lourdes Sprenger, acompanhada de sua assessora Larissa Garcia e sua mãe Minervina Garcia.

Dia 08: Prof. Fabio Ramos Barbosa Filho, da Faculdade de Letras da UFRGS, com suas alunas Daniela da Rosa Novo, Raíssa Gabriela Mores e Marina Carvalho Dummer.

Dia 09: na manhã de sábado recebemos turma de 15 estudantes do curso de História da UNISC, da disciplina de História e Educação Patrimonial, acompanhados pelo Prof. Eder Silva Silveira. A visita teve como enfoque as ações educativas desenvolvidas pelo Arquivo.

Dia 11: Sr. Fábio Gonçalves Gomes de Campinas – SP, da empresa Data-Center.

Dia 12: pela manhã 24 alunos do Programa SENAC-RS Comunidade, acompanhados pela professora Patrícia do Couto Borges.

Dia 18: pela manhã 11 alunos do Programa SENAC-RS Comunidade, acompanhados pela professora Angelita Franco Cardoso, Orientadora de Educação Profissional.

Dia 19: 46 alunos acompanhados pelo professor de História Cristiano, da Escola Estadual Antônio F. Lisboa.

Dia 19: na noite de terça-feira 19 estudantes do curso de História da Unilasalle, da disciplina de História do Brasil IV, estiveram o APERS acompanhados pela Professora Danielle Herbele Viegas. Além de apropriarem-se da instituição globalmente, o objetivo do grupo era conhecer os processos de indenização a ex-presos políticos.

Dia 21: 18 alunos acompanhados pelo professor Marcelo da Silva do Programa Jovem Aprendiz do Instituto Leonardo Murialdo.

Dia 22: Evano Lara de Lima, aluno do Curso de Arquivologia da UFRGS.

Dia 28: 34 alunos acompanhados pela professora Janice Maria Minks, da E.M.E.F. João Muck, Parobé-RS.

Dia 28: Lucas Muller, estagiário do Curso de Arquivologia da UFRGS.

Dia 30: cerca de 50 pessoas participaram do projeto Caminhos da Matriz, com visita ao conjunto arquitetônico do APERS, Memorial da Assembleia Legislativa do RS e Solar dos Câmara.

Guias: Clarissa Sommer e Iara Gomide.

Lembre-se: semanalmente oferecemos, nas segundas-feiras às 14h30min e nas sextas-feiras às 10h, visitas guiadas ao conjunto arquitetônico do APERS com duração de 1h30min. Para visita de grupos em horários específicos, agende pelo e-mail visitas@planejamento.rs.gov.br ou ligue para (51) 3288-9134.

APERS em Números – Novembro e Dezembro 2019

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Confira alguns dados referentes aos serviços realizados no APERS durante os meses de novembro e dezembro:

– Assessorias SIARQ/RS: 10

Novembro: 08  |  Dezembro: 02

– Usuários atendidos: 379

Cidadãos

Novembro: 142  |  Dezembro: 84

Usuários internos

Novembro: 07  |  Dezembro: 04

Pesquisadores

Novembro: 85  |  Dezembro: 57

Novos pesquisadores

Novembro: 24  |  Dezembro: 18

– Atendimentos aos usuários: 1322

Cidadãos

Novembro: 372  |  Dezembro: 288

Usuários internos

Novembro: 35  |  Dezembro: 12

Pesquisadores

Novembro: 389  |  Dezembro: 226

– Indexação Sistema AAP: 2917

Novembro: 1288  |  Dezembro: 1629

– Visitas guiadas: 19

Novembro: 14  |  Dezembro: 05

– Oficinas de Educação Patrimonial: 10 (novembro)

– Visualizações blog institucional: 13.376

Novembro: 9.381  |  Dezembro: 3.995

Veja abaixo gráfico com os quantitativos diários de atendimento aos usuários referente ao mês de Novembro e Dezembro de 2019:

2020.01.08 gráfico apers em numeros Novembro 2019

Gráfico Novembro

2020.01.08 gráfico apers em numeros Dezembro 2019

Gráfico Dezembro

Clique aqui e saiba mais sobre os serviços que o APERS presta a comunidade.

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