Joana Peregrina Hernandes é arquivista formada pela UFRGS em 2011/2. Trabalha no arquivo de um escritório de advocacia há três anos. Pesquisou sobre os “Sistemas de arquivos públicos: implantação dos instrumentos arquivísticos pelo Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul”, em seu Trabalho de Conclusão de Curso. Confira a entrevista de Joana:
Blog do APERS: Joana, você poderia comentar um pouco sobre como surgiu a ideia de pesquisar sobre a implementação dos instrumentos arquivísticas o elaborados pela equipe do APERS?
Joana: no começo do sétimo semestre, quando tive de elaborar o meu projeto, ainda tinha muitas dúvidas. Queria pesquisar sobre documentação açoriana, mas é muito limitada a pesquisa. Aqui no APERS não tinha muitas fontes, e no Arquivo Histórico também não. Então esta ideia foi se fechando e eu comecei a pensar sobre o que eu poderia fazer. E a professora Marlise, da Universidade, começou a me dar dicas, e disse para eu trabalhar com o Arquivo Público. Depois de muito pensar no que eu faria, pensei em trabalhar com os dois lados profissionais: do arquivista e do não arquivista. Então, desenvolvi todo o meu trabalho tendo por base os questionamentos que envolvem o papel do arquivista, e como o não arquivista vê este profissional. Achei importante, porque praticamente não achei bibliografia que falasse. Foi bem difícil para mim. Eu tive que ler até livros de Biblioteconomia, de marketing, porque na Arquivologia as publicações sobre esta temática são poucas. Além de referenciais sobre como podemos abordar para as pessoas que não são do meio da Arquivologia, como devemos pensar em elaborar perguntas, não pensando só na parte técnica, mas pensando nos usuários. Foi pensando nisto que comecei a elaborar este projeto. Entrevistei três pessoas que não são arquivistas, e foi ótimo, porque são pessoas abertas, que me deram todo o apoio para a entrevista. E ainda consegui identificar que tem pessoas que são interessadas e que não são da Arquivologia. Foi bem interessante e bem importante para mim, que vou trabalhar como profissional da Arquivologia.
Blog do APERS: como se deu a sua aproximação com este tema?
Joana: trabalhei com o Plano de Classificação e a Tabela de Temporalidade da UFRGS, então já tinha contato com os instrumentos. Só que, claro, cada instituição funciona diferente. Então na época pensei que era importante mostrar esta visão do Arquivo Público, porque é uma instituição sobre a qual sabia pouco. Depois que pesquisei sobre a parte do histórico, comecei a entender como tudo isto começou. E esta questão dos instrumentos arquivísticos, aprendemos de uma maneira muito superficial na Universidade. Quando comecei a conversar com as pessoas, inclusive os não arquivistas, eles disseram que para eles o processo foi demorado, até que pudessem entender.
Blog do APERS: qual a importância desta vivência para tua atuação enquanto profissional?
Joana: eu queria analisar o entendimento dos não arquivistas sobre o nosso trabalho. Queria aprender a melhor forma de trabalhar com as pessoas que não são da área, os nossos clientes. Fiquei impressionada com o interesse e comprometimento dos servidores não arquivistas que entrevistei. Mesmo não sendo da área, eles têm interesse em aprender e implementar as políticas de gestão documental. Este trabalho me ensinou que eles têm dificuldade, mas que existem pessoas que gostam, que entendem a importância de preservar a documentação, que não é apenas separar por cinco anos e descartar, que não é só rasgar os papéis. Esse trabalho foi além daquilo que eu esperava.
Blog do APERS: qual a sua dica para os pesquisadores que estão começando agora a lidar com fontes primárias?
Joana: A primeira coisa é “tenha persistência”, porque às vezes temos que ter uma dose de paciência. Tu não podes desistir! Porque acaba ficando um trabalho tão legal! E a outra dica é tentar interagir com os profissionais da tua área. Não querer competir com eles, ser amigo deles, agregar. Se eu quisesse ficar competindo com alguém talvez ninguém quisesse me dar a entrevista. Ser amistoso com as pessoas, porque no final o que sobra é a tua relação profissional com aquela pessoa. Eu tive dificuldade em achar literatura, mas as pessoas com quem falei sempre me davam uma dica. Até pessoas que não estavam fazendo parte do meu trabalho me ajudaram. Então é isto: tem que ser persistente, perseverante, e tem que ter paciência, ainda mais com as pessoas que já estão há muitos anos trabalhando. Para elas muitas vezes aquele trabalho já virou uma rotina, e queremos que elas se aprofundem mais, mas elas têm medo de fazer isso, porque não te conhecem, não sabem quanto do teu trabalho aquilo vai afetar, ou vai parecer que “estou falando mal da instituição em que eu trabalho”, e não é isso. Todos os lugares têm defeitos.
Blog do APERS: nas suas horas vagas, quando não estás pesquisando, quais são os teus hobbies ou tuas atividades preferidas de lazer?
Joana: Eu gosto muito de ler, de ir ao cinema, de escutar música, coisas variadas. Não gosto de ficar muito parada dentro de casa. Acho que temos que desopilar um pouco, porque ficar só em casa ou pensando no trabalho não dá! A leitura é algo que sempre foi bom pra mim, gosto de romance policial. Sou fã da Agatha Christie, leio todos que eu posso. Sempre tive dificuldade para escrever, mas a leitura me ajudou. Até na questão do vocabulário, que vamos aperfeiçoando com a leitura. Aprender a ler é importante, porque aprendemos a interpretar.
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