O Núcleo de Ação Educativa do Arquivo Público tem se organizado a partir da consolidação na instituição de ações no âmbito da difusão em arquivos e dos usos educativos de seu patrimônio documental e arquitetônico. Vinculado à Divisão de Preservação, Acesso e Difusão (DIPAD), no último período tem contato com uma servidora formada em História e três estagiários também da História.
Em 2018 as principais atividades desenvolvidas pelo Núcleo organizaram-se em torno do Programa de Educação Patrimonial UFRGS-APERS, que realiza oficinas para turmas escolares e formações para professores em parceria entre o Arquivo e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e da Jogoteca Educativa do APERS, projeto que visa a criação de jogos a partir do acervo e do patrimônio cultural em geral.
1. Construção da Jogoteca Educativa do APERS
Apostando no potencial dos jogos como ferramentas didáticas lúdicas, decidimos produzir jogos autorais que mobilizem documentos do APERS, o universo dos arquivos e do patrimônio cultural. O projeto envolve leituras, pesquisa, escrita, criatividade e produção “caseira” de tabuleiros, cartinhas e demais materiais de cada jogo.
As pesquisas para início da atividade iniciaram ainda em dezembro de 2017, envolvendo apropriação em relação ao uso de jogos em processos de ensino-aprendizagem, visita à Ludoteca da Faculdade de Educação da UFRGS, buscas pela internet a respeito de ações similares, etc. Em maio de 2018, o projeto foi lançado com o painel “Documentos e Jogos no Ensino de História”, realizado como parte da programação da 2ª Semana Nacional de Arquivos. A partir daí foram criados dois jogos: Caso X: investigando um crime da ditadura em Porto Alegre – inspirado no jogo “Detetive” da Estrela; ambienta-se no período da ditadura civil-militar e convida os jogadores a desvendar um crime ocorrido em um dos lugares de memória marcados pelo regime na cidade; trabalha a partir do acervo da Comissão Especial de Indenização, salvaguardado pelo Arquivo, e Enigmas do Patrimônio – mescla resolução de charadas com a dinâmica de jogo da memória; trabalha conceitos do campo do patrimônio cultural e das instituições de memória.
Ainda no âmbito desse novo projeto outras ações foram importantes: como pode ser acompanhado em notícias anteriores aqui no blog, nossa equipe participou de diferentes eventos divulgando a jogoteca e sua primeira criação. Também servimos como campo de estágio para dois estudantes da disciplina Estágio de Docência em História III – Educação Patrimonial, oferecida na Faculdade de Educação da UFRGS. Gustavo Ziehl e Carlos Casara, a quem agradecemos muito pela colaboração – estiveram 40 horas conosco participando de visita ao APERS e apresentação de suas atividades educativas, leitura e discussão de textos sobre educação patrimonial e jogos no ensino, realização de rodadas de teste do Caso X, contribuição na produção de seus materiais, contato com escolas para agendamento da atividades-piloto e, enfim, visita ao Instituto de Educação Flores da Cunha, à Escola Imperatriz Leopoldina e à Escola Oscar Pereira para aplicação do jogo, que teve excelente repercussão entre professores e estudantes.
A partir de maio de 2019 tanto o Caso X quanto o Enigmas do Patrimônio estarão disponíveis para locação por professores e professoras, que deverão cadastrar-se junto à Jogoteca, retirar e fazer a devolução dos materiais com a equipe de Ação Educativa. Informações pelo e-mail: acaoeducativa@planejamento.rs.gov.br.
2. Sequência às ações do Programa de Educação Patrimonial UFRGS-APERS (PEP)
Nossa parceria com o Departamento de História da UFRGS, especialmente na pessoa da prof.ª Carla Simone Rodeghero, segue firme apesar de não termos tido acesso a editais externos para captação de recursos no último período – a exemplo do PROEXT, com o qual fomos contemplados em anos anteriores, mas que desde 2016 deixou de ser aberto. Contando com nossa equipe interna e com bolsistas contratados com recursos da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS, cuja atuação concentramos no segundo semestre para dar conta da realização das oficinas sem alterações que desqualificariam a proposta.
Na 2ª metade do ano que passou reabrimos a agenda de oficinas para as escolas, ofertarmos nova capacitação de oficineiros, voltada aos estudantes da já referida disciplina de Estágio em Educação Patrimonial, e realizamos um evento especial de encerramento das atividades do ano.
Quanto à capacitação, organizada em 40 horas, envolveu encontros para apresentação das oficinas “Tesouros da Família Arquivo” e “Resistência em Arquivo”, encontros preparatórios para leitura, estudo e debate de seus materiais, observações das duas oficinas sendo realizadas por nossa equipe, e seis práticas de oficinas para cada um dos estudantes mencionados, de acordo com o agendamento das escolas. Agradecemos a Guilherme Pires Nunes, Ignacio Angues, Julien Mello, Mariana Silva, Paula Ribeiro e Pedro Henrique Bastistella por terem se somado ao grupo do PEP, contribuindo com o oferecimento e qualificação de nossas oficinas.
Sobre as oficinas, em junho iniciamos o agendamento para as turmas escolares, processo que seguiu ao longo de quase todo segundo semestre, já que a agenda é bastante dinâmica. As visitas ocorreram entre 21 de agosto e 06 de dezembro, em um total de 39:
- 01 oficina com aplicação dos jogos África No Arquivo e Caso X (para turma do curso de Museologia da UFRGS, disciplina Educação em Museus);
- 10 Tesouros da Família Arquivo, para 6º e 7º anos do Ens. Fundamental;
- 05 Desvendando o Arquivo: relações de gênero na história, para 8º e 9º anos do Ens. Fundamental;
- 23 Resistência em Arquivo: patrimônio, ditadura e direitos humanos, para 9º anos e Ensino Médio.
Entre as oficinas “Resistência em Arquivo” realizadas vale destacar a oferecida no dia 17 de julho, dentro da programação do X Encontro Nacional Perspectivas do Ensino de História, a convite da organização do evento.
Já a respeito do evento de final de ano, foi uma alegria fechar as atividades de 2018 recebendo no Arquivo, no Dia Internacional dos Direitos Humanos, pessoas a quem respeitamos muito: Cláudio Weyne Gutierrez, Ignez Maria Serpa e Nilce Azevedo Cardoso compuseram a mesa “Vozes que não se calam! Direitos Humanos, Democracia, Liberdade”, realizada na tarde de 10 de dezembro, momento em que compartilharam suas histórias de luta contra a ditadura com servidores do APERS, equipe do PEP, professores e estudantes que lotavam nosso auditório. Seus processos de indenização fazem parte do acervo e são utilizados durante a oficina Resistência em Arquivo.
3. Perspectivas para 2019
Nossa atuação em 2019 terá uma organização similar à dos anos anteriores, mesclando ações vinculadas ao PEP (com a UFRGS) e iniciativas educativas do APERS.
Nessa primeira metade do ano já estamos envolvidos com atividades internas, como a retomada da divulgação e distribuição da caixa pedagógica AfricaNoArquivo, e a realização de pesquisas para atualização da oficina Resistência em Arquivo, que foi criada em 2013 e desde então, além da renovação física de seus materiais, não teve inserção de novos documentos ou conceitos. Ainda no 1º semestre, pretendemos criar mais um jogo educativo, dessa vez trabalhando conceitos arquivísticos; organizar nova edição do curso de formação para professores, que será realizado ainda esse ano; e produzir o 2º volume da publicação “PEP em Revista” (clique aqui para acessar o Vol. 1).
A partir de junho retomaremos o agendamento de oficinas, em julho voltamos a rearticular a equipe recebendo bolsistas da UFRGS, em agosto iniciamos o processo de capacitação de oficineiros, e no final de agosto abrimos as portas para as turmas!
Agradecemos a todas e todos que participaram das ações educativas do APERS em 2018! Cada momento partilhado com professores e estudantes dão sentido à nossa existência enquanto instituição pública. Também agradecemos a toda a equipe que se dedicou nesse último período para manter o PEP UFRGS/APERS em funcionamento:
- Carla Simone Rodeghero (Professora Dep. e PPG em História, coordenadora do Programa de Extensão junto à UFRGS),
- Clarissa Sommer Alves (Téc. Assuntos Culturais/Historiadora APERS),
- Elincoln Lucas (Bolsista UFRGS),
- Gustavo Ziel (Estagiário APERS),
- Jéssica Gomes de Borba (Estagiária APERS),
- Laryssa Fontoura (Estagiária APERS),
- Marina Alburgeri (Bolsista UFRGS),
- Paulo Fasolo Klein (Estagiário APERS),
- Thiago Frazzon Arend (Bolsista UFRGS).
Que 2019 seja um ano de muita produção criativa e realizações que contribuam para valorizar a área de arquivos e a educação em nosso país. Venham conosco!
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